O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

5 DE DEZEMBRO DE 1984 791

prudentes, consultando sistematicamente as autarquias locais tanto as câmaras como as juntas de freguesia -, de modo a evitar prejuízos às populações, mantendo os postos lá onde são imprescindíveis, sem por esse facto deixar de incentivar os pais e as crianças a frequentar as novas escolas preparatórias, o que nem sempre é fácil. Outra preocupação tem consistido em privilegiar, no combate ao analfabetismo, o ensino preparatório para adultos, por entendermos que há que evitar acções dispersas e fugazes, que são pouco fecundas.
A hibernação do CNAEBA deixa-nos, entretanto, impossibilitados de levar por diante uma educação de adultos que pensamos, de futuro, dever voltar a orientar-se para a educação permanente, no quadro de um instituto cuja criação a prazo é imprescindível.
No ensino secundário, cuja unificação, no 1.º ciclo, alimentou as ilusões de um ensino igual para todos, tendo-se descurado uma orientação escolar e profissional em que a componente vocacional prevalecesse, a questão maior tem sido a do progressivo alargamento da escolarização, nos 7.º e 8.º anos, num crescendo que está geralmente na base das situações de ruptura nos grandes centros populacionais e até em algumas cidades e vilas do interior, testemunhando uma procura cada vez maior deste grau de ensino, antes mesmo de ser obrigatório. Uma política realista deverá apontar para estabelecimentos do tipo C+S, que conjuguem, sempre que possível, os ciclos preparatórios e unificado, permitindo um melhor aproveitamento de instalações, professores e pessoal administrativo e auxiliar.
Mas onde tem incidido de modo particularmente empenhado a política do Governo, em termos de mudança estrutural, e diríamos mais exactamente de autêntica viragem educativa, tem sido sem dúvida nenhuma no relançamento do ensino técnico, continuando a levar por diante, com um significativo alargamento, o plano de emergência encetado no ano transacto, que agora abrange cerca de duas centenas de cursos profissionais e técnico-profissionais, com novas áreas e em novas zonas do País. Estão já entretanto a funcionar - como acaba de me comunicar o Sr. Director-Geral do Ensino Secundário -, ...

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Ah! Não sabia!

O Orador: - ... com pleno êxito, os primeiros estágios dos cursos profissionais, abrindo-se assim perspectivas reais de emprego para os jovens. E não é esse o principal problema das gerações emergentes? A colaboração com o Ministério do Trabalho e Segurança Social, através da Secretaria de Estado do Emprego e da Formação Profissional, tem permitido articular coerentemente o ensino técnico com a aprendizagem, em regime alternativo, destinando-se esta como se destina aos jovens que abandonaram a escolaridade, enquanto aquele se abre aos jovens que a prosseguem no ciclo complementar.
A perspectiva descentralizada que se adoptou parte de um planeamento da formação de mão-de-obra especializada e de quadros intermédios segundo as necessidades de cada região, tendo aí desempenhado um papel importante as várias comissões de coordenação. Os planos integrados de desenvolvimento regional não podem ignorar esta dimensão decisiva. E o êxito da integração económica na CEE depende em muito da política de formação profissional e de ensino técnico que se seguir. Não é por acaso que o nosso projecto mereceu a atenção dos vários organismos internacionais competentes, desde a UNESCO à OCDE, passando pela OIT e com relevo para os organismos da CEE, ...

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - É por isso que ainda não entrámos para a CEE!

O Orador: - ... nomeadamente o competente para a concessão de apoios do Fundo Social Europeu. Foi com grande satisfação que vi inscrita, por minha proposta, no comunicado final da recente e já citada reunião dos Ministros da Educação, uma referência à nossa concepção do ensino técnico-profissional, tendo também sido reconfortante verificar que o Governo francês acaba de adoptar medidas semelhantes às nossas,

A Sr.ª Ilda Figueiredo (PCP): - Eu não acreditava!

O Orador: - ... tendo mostrado interesse em conhecer a nossa experiência neste campo, para o que dentro de dias receberemos um enviado do Ministro Chevènement, que visitará vários estabelecimentos do ensino profissional e técnico-profissional no nosso país, em reciprocidade da visita que nós próprios fizemos a estabelecimentos franceses desse tipo.

A Sr.ª Zita Seabra (PCP): - Vêm aprender tudo connosco!

O Orador: - É que os desafios postos pela era tecnológica ao ensino não podem por mais tempo ser adiados, como aconteceu entre nós. A fim de recuperarmos desse atraso, temos de trabalhar com afinco, voltando-nos, nós também, para domínios ainda por explorar devidamente, como o da informática na escola, em que estamos a dar os primeiros passos.
Não se trata só de uma inovação e de uma modernização inevitáveis. Trata-se também de dar um futuro à nossa juventude, que terá de confrontar-se com dificuldades de encontrar um emprego para o qual tenha uma profissão adequada. Saber-se-á que na próxima década, e por cada ano, o número de jovens que vão entrar na vida activa será de cerca de 120 000, segundo um estudo feito pela Comissão de Coordenação da Região Norte para todo o País. O que dá só para o Norte, aliás, cerca de 500 000 novos empregos necessários nos próximos 10 anos.

A Sr.ª Zita reabra (PCP): - Com este Governo estão cheios de sorte!...

O Orador: - Este número dá para reflectir.

A Sr.ª Zita reabra (PCP): - Dá, dá!

O Orador: - Ele é um índice da grande interrogação e da profunda angústia dos jovens, sobretudo daqueles que não poderão ascender a um curso superior e que são a grande maioria. É para essa maioria que há que encontrar antes de mais uma saída, ao mesmo tempo que importa redefinir o sistema de ingresso nas universidades e no ensino superior politéc