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1226 I SÉRIE - NÚMERO 31

a televisão cujos administradores nomeia. Porque é que diz que não está cá mas lá fora? Porque é que deixa as culpas para os serviçais? Porque é que sobrevoa os problemas? Porque não assume o que é doloroso? Nós estaremos dispostos a assumir a nossa quota-parte quando for a nossa hora. É cada vez mais doloroso, mas talvez a nossa hora chegue nessa altura. Há uma coisa de que podem ter a certeza e que é a de que, nessa altura, assumiremos as nossas responsabilidades. É por isto Sr. Primeiro-Ministro que não acreditamos, quando nos diz que não há nada a fazer, que o Governo faz o que pode. E aqui conto uma história para amenizar: na minha Faculdade de Direito havia um cábula enorme, ao qual, um dia ao fazer um exame, o professor perguntou: o que faz o devedor insolvente? O aluno coçou a cabeça e depois de reflectir disse: faz o que pode!

Risos.

Realmente, é alguma coisa. Mas o que o País precisa é de uma ideia, é essa ideia que não existe, é esse projecto que não há.
E de que é que nos acusaram aqui? o PSD, sobretudo, por várias vezes, em vários tons, disse-nos: "a moção não é oportuna". Bem, traduzindo para a linguagem de Odorico quer dizer que o CDS não é oportunista. No fundo, quem nos acusa de falta de oportunidade, são aqueles que na semana passada diziam a um semanário que votariam contra o Orçamento se este não trouxesse o que eles queriam. São aqueles que mudam de estratégia semanalmente, mostrando, hoje aqui, de facto, um acordo de sensibilidades que afinal nos torna a todos felizes, pois mostra que a concorrência entre sensibilidades no PSD é apenas para demonstrar quem é mais no bloco central.
Depois o Governo diz que o CDS já esteve no Governo. É verdade, o CDS já esteve no Governo, já foi censurado aqui pelo Dr. Mário Soares, pelo PS, já foi censurado numas eleições, já perdeu essas eleições.

O Orador: - A crise do CDS é uma crise do crescimento.

Risos do PS e do PSD.

O Orador: - O Governo vem ainda invocar a estabilidade e o espírito de Estado que ele próprio não tem. mas que estabilidade é esta? E a estabilidade da pobreza, da dependência externa, dos conflitos internos, da resignação, que vários poderes autoritários andaram a ensinar ao País durante vários anos. Mas não é a resignação que queremos, queremos a estabilidade da esperança e não a da resignação. O Sr. Vice-Primeiro-Ministro até nos quis recusar o que considerava o privilégio de causar a instabilidade. Recusam-nos tudo. Esta é uma estabilidade que até fala de evolução na continuidade, que faz conversas em família - como há dias a do Sr. Primeiro-Ministro na televisão -, que diz que não há alternativa, como se dizia há 10 anos, que quer fazer uma lei eleitoral, se calhar para fazer uma nova união nacional...

Protestos do PS e do PSD.

O Orador: - Que quer uma nova união nacional e democrática, naturalmente. Que quer pôr em curso no País uma espécie de mexicanização. Isto é mais grave do que parece, porque o socialismo em Portugal começou com o MFA e talvez pudesse acabar com este partido mexicano que conserva as conquistas irreversíveis e que de facto não acrescentou nenhuma reforma liberal profunda nem nenhuma convicção profunda em Portugal. Isto levou, aqui, o Sr. Deputado António Capucho a mostrar como o PSD era apenas hoje a ala direita do soarismo e mostrou aqui que as críticas da esquerda do PS ou, talvez, até da UEDS e do MDP/CDE eram, afinal, apenas a liberdade da esquerda soarista, tal como as críticas do PSD eram apenas as liberdades da direita soarista.

Risos.

Uma voz do PSD: - E já perderam as próximas! O Sr. Amónio Meira (PS): - O homem é grande!

O Orador: - Quem estamos aqui a censurar é este Governo, não façamos manobras de diversão. Aliás, quando estivemos no Governo foi sob a égide dos parceiros de Coligação do PS do Dr. Mário Soares. Ele, sim, esse partido, pode encarnar as culpas, ao mesmo tempo, da AD e do bloco central. Esta é uma moção de censura ao Governo, não é uma moção de censura ao CDS e não a queiram inutilmente transformar nisso.

O Governo diz que o CDS tem problemas internos. É verdade!

Vozes do PSD: - E externos!

O Orador: - Mas ainda não é como o PSD...

Vozes do PSD: - Ainda?! Lá isso é verdade!

O Orador: - ... uma confederação de 3 partidos. E ainda não é como o PS uma CNARPE presidencial do Dr. Mário Soares.

Risos.

Uma voz do PS: - É incrível!

O Orador: - Ë este o bloco central do socialismo mole, tardio, alargado, compreensivo, mas que não deixa de ser socialismo - e talvez o pior socialismo -, o socialismo que já não serve para nada nem sequer para os socialistas.
É claro que o Governo invoca o perigo comunista e quer pôr-nos do lado dos comunistas. Mas, Sr. Primeiro-Primeiro, isso é tarefa inútil.

Vozes do CDS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro além de ter sido comunista - na sua juventude, é certo - esteve com os comunistas nas descolonizações, nas nacionalizações, no aborto, e continua a estar com eles em tudo o que é fundamental.

Aplausos do CDS.

O Orador: - Nós, por muito que façamos, nunca estaremos tanto com os comunistas como está o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. José Leio (PS): - Pouco falta!