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l DE MARÇO DE 1985 2127

dês, o Portugal do interior ou o Portugal do litoral, o Portugal do Norte, do Centro e do Sul, sejam um e o mesmo Portugal!

Vozes do PSD: - Muito bem! Aplausos do PSD.

O Orador: - Um e o mesmo Portugal, que nós temos de defender na sua independência, na sua identidade! Mesmo quando essa identidade é sinónimo de pluralidade, porque como Heidegger mostrou, o próprio princípio da identidade lógica (A é A) implica, desde logo, a pluralidade! Não só uma pluralidade matemática, mas uma pluralidade do ser, do estar no mundo!

Vozes do PCP: - A nossa é melhor!

O Orador: - Por isso é que penso que Portugal pode ser uno e ser potencialmente infinito.
Eis porque queria terminar, dizendo apenas e muito simplesmente: Viva Portugal!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para um pedido de esclarecimento, tem a palavra o Sr. Deputado Agostinho Domingues.

O Sr. Agostinho Domingues (PS): - Sr. Deputado José Augusto Seabra, procurei ouvi-lo com toda a atenção, sobretudo pelo respeito que me merece a sua qualidade de intelectual. Há muito que conheço o seu valor como professor universitário - sobretudo através dos seus escritos - e pude acompanhá-lo na sua acção enquanto Ministro da Educação. É exactamente pela consideração que me merece como intelectual, com as responsabilidades que daí lhe advêm, que quero aqui registar a impressão negativa que me fica deste seu discurso.
Sr. Deputado José Augusto Seabra, creio não exagerar ao tomar a sua intervenção no sentido de que ela visa, sobretudo, questões internas do seu próprio partido! Com essas, Sr. Deputado, não tenho nada a ver! Porém, parece-me que as suas responsabilidades de intelectual, e sobretudo de deputado do País inteiro, não podem deixar de me merecer algumas considerações.
O Sr. Deputado subiu à bancada falando da necessidade de defender a unidade do País, tendo procurado desenvolver este tema com o argumento da necessidade de salvaguardar a pluralidade. Parece-me, Sr. Deputado José Augusto Seabra, que, ao pretender invocar o pluralismo do País, V. Ex.ª corre o risco de pôr em causa a unidade do próprio País. A atitude que V. Ex.ª aqui traz, parece-me uma atitude eivada de preconceitos maniqueístas, dado o perigo que todos corremos, de se pretender sobrevalorizar determinadas componentes do País em detrimento de outras.
Nós, Portugueses - e eu também sou do Norte -, não podemos esquecer que somos, de facto, um todo nacional, com virtudes e defeitos, uns mais exagerados, outros mais sobrevalorizados em determinadas zonas. Agora, pretendermos por determinadas virtudes como características exclusivas de uma zona faz-nos correr o risco de pôr em causa a própria unidade nacional! Inclusivamente quando o Sr. Deputado invoca Almeida Garrett - que conheceu talvez melhor do que eu -, nas Viagens na Minha Terra, citando concretamente a frase «O Vouga triunfou do Tejo», o Sr. Deputado extravaza claramente do espírito de Almeida Garrett, que, mais do que ninguém, soube valorizar as componentes positivas de cada uma das parcelas do povo e do território português, para as lançar num verdadeiro sentido de unidade nacional!
Termino com uma pergunta que entendo dever formular-lhe: o Sr. Deputado entende que o sentido da sua intervenção confirma, de facto, a tese que pretendeu aqui trazer-nos da defesa de unidade da Pátria Portuguesa ou, pelo contrário, o sentido profundo da sua intervenção contribui antes para uma divisão dos Portugueses e do território nacional, comprometendo aquilo que todos queremos salvaguardar e que é a inteireza e a grandeza deste Povo .. .

Vozes do P§: - Muito bem!

Vozes do PCP: - Sem dúvida!

O Orador: - ... como um todo, uno, mas múltiplo pelos seus aspectos?

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Augusto Seabra.

O Sr. José Augusto Seabra (PSD): - Sr. Deputado, estou totalmente perplexo, pois o Sr. Deputado, que é como eu professor e suponho que aluno também, devia ter-me escutado melhor. O que eu disse não tem nada a ver com a interpretação que o Sr. Deputado fez!

O Sr. Jorge Lemos (PCP): - É da clareza da exposição...

O Orador: - Em primeiro lugar, se quer que lhe diga, em termos de educação, eu também me inspirei em Garrett, quando ele falava numa educação eminentemente nacional. E provei-o, ao defender que, por exemplo, a bandeira e o hino nacional sejam conhecidos nas escolas...

Vozes do PCP: - E que haja fominha na barriga das crianças!...

O Orador: - ... bem como ao defender a língua portuguesa, que é, aliás, uma língua universal, além de eminentemente nacional.

Vozes do PCP: - Aí a pregar um nacionalismo bacoco e as crianças cheias de fome!...

O Orador: - Citei ainda António Sérgio - que lhe deve ser caro, ideologicamente falando, assim como ao seu partido -, quando ele se opõe à ideia de que há uma separação das políticas nacionais em termos regionais, como era, aliás, defendido por alguns historiadores, como Oliveira Martins ou Basílio Teles.
Não falei em termos de maniqueísmo, antes pelo contrário, fiz o máximo esforço que se pode fazer para não ser maniqueu, ao admitir que os comunistas que estão nesta Câmara e que seguem uma posição, por to-