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19 DE NOVEMBRO DE 1986 303

Nas secções seguintes analisam-se as indicações apresentadas na proposta das GOPs para 1987 relativas:

Às estimativas e projecções macroeconómicas do produto interno bruto, da despesa global e da balança de transacções correntes;
À evolução prevista para a inflação;
Às políticas monetária, cambial, de emprego, de rendimentos e de redução da inflação.

3 - Produto interno bruto e componentes da procura global

O crescimento do volume do PIB em 1986, estimado em 3,9%, não é muito superior ao que se registou em 1985 (3,3 %). Para 1987, o Governo prevê a taxa de crescimento de 4 %, o que corresponde a manter o mesmo ritmo do ano corrente.
º A projecção do PIB é o resultado da agregação das várias componentes da procura global. Interessa, por isso, analisar cada uma dessas componentes separadamente.

Consumo privado

Segundo o Governo, o consumo privado terá aumentado, em volume, 4,5 % no ano corrente, mas o seu crescimento virá a desacelerar para 3,4 % em 1987.
O documento das GOPs não apresenta qualquer explicação nem para a estimativa de 1986 nem para a desaceleração prevista para 1987.
Em face de informações dispersas sobre a evolução dos salários e pensões e sobre a fiscalidade, tem-se estimado que o rendimento disponível aumentará, pelo menos, 7 % em 1986, em termos reais. Essa estimativa e alguns indicadores parciais sobre o consumo (vendas de veículos automóveis e de gasolina, vendas a retalho, etc.) apontam para um crescimento do consumo privado provavelmente superior a 5 %, em vez dos 4,5 % apontados pelo Governo. O Governo forneceu explicações verbais para justificar a sua projecção, indicando que conta com um grande acréscimo da poupança dos particulares. É, porém, duvidoso que a melhoria da poupança tenha atingido proporções compatíveis com a taxa de crescimento estimada para o consumo privado.
Considera-se provável que, no próximo ano, a expansão em volume do consumo privado venha também a aproximar-se mais da taxa de 5 % do que da de 3,4 % apontada na projecção do Governo. Não se descortinam razões válidas para a desaceleração que o Governo prevê. $ de esperar que em 1987 o rendimento disponível continuará a subir significativamente, em termos reais.
Além disso, os efeitos da melhoria do rendimento disponível no ano corrente prolongar-se-ão por certo no ano próximo, em virtude do desfasamento entre os aumentos do rendimento e os aumentos por eles induzidos no consumo.

Consumo público

O Governo prevê o aumento do consumo público, em termos reais, à taxa de 1 %, tanto em 1986 como em 1987. É normal que haja uma significativa margem de imprecisão nesta área, principalmente por causa de dificuldades na determinação rigorosa do deflacionador a utilizar. Em qualquer caso, há indicações de que
em 1986 houve uma mais efectiva disciplina do consumo público do que em anos anteriores. Na projecção para 1987 não se entra em conta, por razões de técnica de contabilidade nacional, com o efeito da compra das fragatas. Se esse efeito fosse tido em consideração, encontrar-se-ia uma taxa de acréscimo do consumo público provavelmente superior a 5 %, em termos reais.

Formação bruta do capital fixo

Há ainda uma margem apreciável de incerteza sobre a evolução do investimento bruto em 1986. Nas Grandes Opções do Plano para 1986 o Governo havia previsto um acréscimo em volume da formação bruta de capital fixo de 10%. O Governo prevê agora que aquele crescimento será de 9%. Outras estimativas apontam para 801o ou até 701'o.
Para a projecção inicial de 10 % de crescimento da FBCF em 1986, o Governo admitia uma evolução de 20% no sector público administrativo, de 2% no sector empresarial do Estado e de 10 % no sector privado. Não obstante a carência de informação sobre a evolução do investimento por sectores institucionais, o facto de a execução financeira do investimento do sector público administrativo se dever situar abaixo dos 80% sugere que a evolução do investimento do sector privado deverá ter tido peso essencial na dificuldade em atingir a meta dos 10 % inicialmente previstos. Para 1987 o Governo projecta um crescimento real de 9,5 %, mas parece mais razoável prever que se ficará próximo dos 8,5 %. Embora o Governo não tenha fornecido este ano uma previsão da evolução da FBCF por sectores institucionais, os elementos oficiais disponíveis mostram uma perspectiva de subida de 4 % mais no sector público administrativo. Por outro lado, a proposta orçamental de significativa redução das dotações de capital para o sector empresarial do Estado permite admitir uma previsão de evolução do investimento neste sector, na melhor das hipóteses, da ordem de grandeza da inicialmente prevista para 1986 (2 %, em termos reais). Daí resulta que a subida de 9,5 % da FBCF prevista pelo Governo para 1987 depende, ainda mais fortemente que em 1986, de uma elevada taxa de crescimento do investimento do sector privado (da ordem dos 12 % a 13 % em termos reais). Em qualquer caso, será razoável projectar uma taxa relativamente elevada de expansão do investimento bruto, em face da recuperação acentuada que começou a verificar-se no mercado de habitação, do comportamento recente e projectado do investimento público, da expansão da procura interna e da apreciável melhoria que tem estado a registar-se nas taxas de rentabilidade das empresas. Muito dependerá, contudo, da evolução que vier a verificar-se nas taxas de juro.

Exportações

Durante o 1.º trimestre de 1986 o comportamento das exportações foi pouco animador. Posteriormente, houve melhorias significativas nesse comportamento. É ainda extremamente difícil apresentar, na base das informações disponíveis, uma estimativa sobre a taxa de crescimento que, de facto, se conseguirá para a totalidade do ano de 1986.
A estimativa do Governo de um crescimento em volume de 4,5 % parece razoável. Esta taxa deverá ser confrontada com as estimativas de aumentos, durante