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304 I SÉRIE-NÚMERO 12

o ano em curso, de 7,5 % e 6,5 %o no volume das importações de mercadorias, respectivamente no conjunto dos países industrializados e nos países da CEE.
Segundo as projecções do Governo, o ritmo de crescimento das exportações subirá para 5 % no próximo ano. Na falta de quaisquer justificações, fica-se, todavia, com dúvidas de que essa projecção seja realista. Prevê-se actualmente que a taxa de expansão da procura mundial de importações cairá de 7,5 07o para 5 % e que o ritmo de crescimento das importações da CEE se manterá à volta de 6,5 %, como no ano corrente. Não é, assim, nos factores externos que se espera encontrar o impulso para um crescimento mais rápido das vendas portuguesas ao exterior. Não é de antever também uma grande inflexão nos factores de ordem interna. Por um lado, a pressão da procura interna continuará, por certo, a fazer-se sentir com razoável intensidade. Por outro lado, embora as intenções anunciadas pelo Governo em matéria de política cambial não sejam nada claras, parece muito improvável que essa política venha a proporcionar um substancial estímulo às exportações.

Importações

O Governo estima que em 1986 o aumento do volume das importações virá a atingir 10,5 %. Todavia, neste caso também não são apresentadas quaisquer explicações para a subida tão significativa que é estimada. Segundo outras estimativas, o crescimento das importações em 1986 terá sido ainda mais acelerado: terá atingido cerca de 12 %. É provável que os principais factores desta subida acelerada tenham sido o comportamento dos preços relativos (uma vez que os preços dos bens importados parecem ter aumentado muito menos do que os dos bens de produção nacional), a expansão da procura interna (que terá ultrapassado 7,5 %) e a entrada na CEE (eliminação da sobretaxa sobre as importações, supressão das restrições à emissão de boletins de registo prévio de importações, etc.).
Segundo o Governo, a taxa de crescimento das importações cairá drasticamente para 6,5 % no próximo ano. Como em tudo o resto, o documento das GOPs não apresenta qualquer justificação para essa projecção. O Governo apresentou posteriormente uma explicação, em que argumenta que a subida das importações em 1986 foi devida a uma retoma de atrasos acumulados em anos anteriores e que esse fenómeno não se repetirá em 1987. Ela afigura-se, porém, pouco credível. Prevê-se que a procura interna continuará a subir a ritmo acelerado (provavelmente a uma taxa próxima de 5 %). Além disso, é de admitir que a política cambial não contribuirá muito para inverter a tendência de evolução desfavorável dos preços relativos da produção interna em relação aos da importação. Em tais condições, não se descortinam razões para esperar uma queda de, pelo menos, quatro pontos de percentagem na taxa de crescimento das importações.

4 - Emprego

A única referência ao emprego no documento das GOPs para 1987 é a da frase onde se diz no crescimento do emprego estará sempre dependente do comportamento salarial».

O Governo forneceu, todavia, a pedido da Comissão de Economia, Finanças e Plano, informações suplementares sobre emprego. Nelas se indica que o crescimento da produção, tanto em 1986 como em 1987, se fará essencialmente à custa de ganhos de produtividade e que se considerou uma contribuição nula do sector público administrativo na criação de postos de trabalho. Indica-se também que o emprego terá crescido 0,5 % em 1986 e que aumentará de 0,6 % a 0,8 % no próximo ano. Com essa evolução estima-se que a taxa de desemprego passará de 10 % em 1986 para 9,7 % a 9,8 % em 1987.
Não foram, porém, fornecidas quaisquer indicações sobre as políticas especificas na área do emprego aplicadas em 1986 ou projectadas para 1987 (organização do mercado de trabalho, subsídios de desemprego, formação profissional, etc.).

5 - Inflação

A taxa de inflação, medida pelo índice de preços no consumidor sem habitação, desceu, em termos de médias anuais, de 19,3 % em 1985 para um valor estimado à volta de 12 % em 1986. Para 1987 o Governo prevê uma nova descida da taxa de inflação para cerca de 8,5 % (o que corresponde a um aumento dos preços de 7 % entre Dezembro de 1986 e Dezembro de 1987).
A substancial baixa da inflação registada no ano corrente foi devida essencialmente à influência dos preços de importação. De facto, segundo os elementos apresentados no documento das GOPs para 1987, o deflacionador da procura total (11,2%) resultou da combinação entre o deflacionador de - 4 % para os preços da importação e o de 18 % para o produto interno bruto.

Acresce ainda que o deflacionador do produto interno bruto teria, por certo, sido mais elevado se os preços internacionais não tivessem baixado, por causa da queda dos preços do petróleo e de outros produtos primários e da desvalorização do dólar. De facto, sem a baixa dos preços internacionais, o índice de preços no consumidor teria subido mais. Em consequência, terá sido necessário que os aumentos salariais fossem mais elevados e que o ritmo da desvalorização cambial fosse mais acentuado.
Não parece que os factores internos de controle da inflação tenham tido grande peso. A política de procura global e, nomeadamente, a política monetária não foram de molde a combater a inflação, antes pelo contrário. Basta referir que em Agosto último o stock de activos financeiros líquidos totais (L) apresentava um crescimento de 23,5 % relativamente ao período homólogo do ano anterior e que o stock de M1 evidenciava uma subida de 34 % sobre o nível de doze meses antes.
O Governo tem posto grande ênfase na influência das expectativas de redução da inflação sobre o comportamento dos agentes económicos. Todavia, aparentemente, essa influência ter-se-á feito sentir apenas na evolução dos salários e na programação do crawling peg. Mas, como acima se refere, é de crer que a subida dos salários e do ritmo da desvalorização cambial teria sido significativamente mais acentuada se da baixa dos preços internacionais dos produtos importados não tivesse resultado um forte impacte desacelerador da inflação interna.