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1238 I SÉRIE - NÚMERO 30

De duas obras necessárias, em breve se esquece a que se realizou, para ser lembrada tão só a que falta realizar.
Na memória dos homens só há lugar para o negativo. O positivo apaga-se com a mesma rapidez com que se apaga um quadro de escola. Só não se apagam as obras feitas porque seria necessário destruí-las. E isso não é possível.
Longe de mim querer criticar quem critica com razão, longe de mim querer calar as carências ainda existentes. Eu próprio aqui tenho levantado algumas, e outras, decerto, virei a levantar. Mas a crítica pela crítica não estimula ninguém. Cada um de nós o sabe e sente.
Quantas pessoas de bem se tem afastado da «coisa pública» quando muito ainda, seria de esperar da sua acção, porque se deixaram vencer pela crítica impiedosa e injusta? Quantos de nós, Srs. Deputados, aceitamos cordialmente a crítica, mesmo quando justa?
A justiça exige também o reconhecimento. E é esse reconhecimento que hoje aqui quero trazer.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nos passados dias 20 e 21 de Dezembro, o Sr. Primeiro-Ministro visitou o distrito de Aveiro. Esteve em catorze dos dezanove concelhos que o compõem. Foi uma visita breve, virada principalmente para o sector da segurança social, demonstrativa da preocupação que as vertentes «infância» e «velhice» lhe merecem.
Em todos os concelhos percorridos pudemos tomar contacto com muitas e várias obras em curso. Foram os lares da terceira idade e os infantários de Albergaria-a-Velha, Sangalhos, Anadia, Mealhada, Sever do Vouga, Arouca, Estarreja e São João da Madeira. Foi a Escola Secundária de Castelo de Paiva. Foi o porto fluvial no Douro, o porto de Aveiro, a Universidade de Aveiro, o lanço de auto-estrada de Albergaria-a-Velha à Mealhada, a via rápida Aveiro-Vilar Formoso. Foi, enfim, um rol extenso de realizações em curso, todas elas viradas para a concretização de sonhos antigos, para a resolução de carências múltiplas.
Dir-se-á: se alguma coisa se fez e faz, muito há ainda para fazer - é um facto. Mas facto é também que muita coisa se fez. Reconhecê-lo é, pelo menos, de bom senso. E mesmo que isso se negue neste hemiciclo, ò povo do distrito de Aveiro soube reconhecê-lo à sociedade nas manifestações que pessoalmente e com calor quis e soube tributar ao Governo, na pessoa do seu primeiro-ministro.
E porque como deputado sou representante deste povo que me elegeu - e é grande a honra que me concederam -, aqui quero deixar o meu testemunho pessoal, testemunho que mais não pretende senão dar voz pública à voz do povo anónimo do meu distrito, desse povo que sabe exigir, mas também sabe. reconhecer.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente:.- Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Lopes Cardoso.

O Sr. Lopes Cardoso (PS): - Sr. Deputado Valdemar Alves, permita-me que lhe diga que, quando iniciou a sua intervenção num tom crítico quanto ao modo como, com frequência, é utilizado o período de antes da ordem do dia pelos nossos colegas deputados, pensei, de mim para mim, que finalmente se iria levantar uma questão que há muito se coloca no meu espírito. Com efeito, julguei que o Sr. Deputado ia levantar uma questão fundamental quanto à utilização do período de antes da ordem do dia, não tanto com vista ao teor dessas intervenções, mas mais quanto à sua própria natureza.
- De facto, julgo que mais discutível do que saber se os Srs. Deputados usam o referido período para fazer o levantamento das carências locais ou o elogio
- como é o caso concreto - do comportamento do Governo, a dúvida que continua a perpassar no meu espírito - e gostaria de saber qual a sua opinião sobre isso - é se, de facto, o período de antes da ordem do dia deve ser utilizado (como, em regra, o é pelos deputados) para se levantarem questões que não direi que são de somenos importância, mas que têm o seu lugar próprio nas assembleias municipais, ou se se deve reservar esse período para discutir as grandes questões da política nacional e não as de ordem local.
De facto, estas questões têm, como disse, o seu lugar mais próprio nas assembleias municipais, sendo que aquilo que acontece com mais frequência dá um pouco a ideia, talvez ingénua, de que muitos deputados procuram, para usar uma expressão-brasileira, «fazer média» junto dos seus eleitores, esquecendo-se que são, acima de tudo, deputados de todo p País. Aliás, e como já referi, são as grandes questões nacionais que aqui se discutem e não as de índole local.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Valdemar Alves.

O Sr. Valdemar Alves (PSD): - Sr. Deputado Lopes Cardoso, tanto quanto me; apercebi, no espírito de V. Ex.ª terá perpassado talvez uma nuvem idêntica à que perpassa no meu, que tem a ver com a utilidade que este período de antes da ordem do dia tem nesta Assembleia.
De facto, comungo das suas ideias, pois parece-me que, embora as carências, as críticas e os problemas de interesse local também tenham a sua importância, a sua relevância, «perdemos» demasiado tempo a discutir coisas por vezes comezinhas, as quais teriam a sua sede própria noutras instituições.
Aliás, o preâmbulo da minha intervenção fez sobressair precisamente esta preocupação, a qual é, com certeza, também a do Sr. Deputado, e, repito, com a qual comungo em pleno. Simplesmente, com esta minha intervenção procurei tentar «dar uma volta», talvez de uma maneira muito humilde e despretensiosa, invertendo um pouco o sentido dessa ideia - talvez não o tenha conseguido totalmente.
De qualquer modo, e como já referi, comungo dessa preocupação de V. Ex.ª, porque me parece que seria tempo de este período de antes da ordem do dia ser aproveitado para outras questões bem mais importantes para o nosso país.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra p Sr. Deputado Jorge Patrício.

O Sr. Jorge Patrício (PCP): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Supomos que para todos nós é inegável que o desemprego juvenil, associado à crescente precarização do emprego, constitui um dos mais graves e preocupantes problemas com que os jovens portugueses estão confrontados.
De entre um vasto conjunto de obstáculos que todos os dias a maioria, dos jovens portugueses encontram pela sua frente, estes são, seguramente, os que mais