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5 DE FEVEREIRO DE 1987 1625

O Sr. José Magalhães (PCP): - É o máximo!

O Orador: - Os números da inflação ai estão perante os olhos de todos. Seria um acto de isenção das forças políticas da oposição reconhecer que o Governo conseguiu exceder o objectivo fixado e que a oposição julgava como não realizável. E seria também inteligente e revelador de conhecimentos na matéria reconhecer o contributo decisivo da política económica do Governo para o desaceleramento do crescimento dos preços.

Vozes do PSD: - Muito bem!

Vozes do PCP: - Olhe que ainda dispara!

O Orador: - Também não restam hoje dúvidas que l986 foi um ano de recuperação da actividade económica e que alcançámos os objectivos propostos quer para o crescimento da produção quer para o crescimento do investimento.
Estes resultados foram conseguidos sem pôr em causa o equilíbrio externo, o que exigiu no entanto um esforço grande para contrariar as acções ou intervenções demagógicas e pouco responsáveis de alguns partidos, visando uma expansão excessiva do consumo e as suas tentativas para impedir o crescimento sustentável da economia portuguesa.
Para os resultados altamente positivos conseguidos em 1986, hoje amplamente reconhecidos e sublinhados nas instâncias internacionais - infelizmente ainda há quem, entre nós, se vá desacreditando insistindo em fechar os olhos; deixemo-los viver no eseuro - para esses resultados, dizia, muito contribuiu o clima de confiança que o Governo conseguiu restabelecer.
Compreendo o embaraço de algumas oposições, compreendo o Partido Comunista - ainda por cima confuso com os ventos do Leste.

Risos do PSD.

O Sr. João Amaral (PCP): - 6 doutor, está cada vez pior!

O Orador: - Mas penso que é um erro procurarem esconder esse embaraço com afirmações que, de tão infundadas, incorrectas, demagógicas e desprovidas de senso, só podem dar lugar a sorrisos.

O Sr. João Amaral (PCP): - Olhe que o sorriso sai-lhe para cima!

O Orador: - Então ainda há Srs. Deputados que se atrevem a dizer que em 1986 o crescimento económico, a queda da inflação, a expansão do investimento, o aumento dos salários reais e a melhoria das condições de vida da população foram baixos?
Meus senhores, há um mínimo de bom senso abaixo do qual as forças políticas não podem descer, sem risco de grave descrédito.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O que têm a dizer os Srs. Deputados quando uma organização insuspeita como a OCDE afirma que em 1986 o crescimento do produto foi 0 % na Grécia, 1,5 % na Irlanda, 3 % em Espanha, enquanto Portugal atingiu 4,25 %, um valor só igualado pela Noruega!

E como explicam os Srs. Deputados que a mesma organização afirma que, em percentagem do produto interno bruto, o nosso superavit nas contas externas representou 5,7 % do produto, quando países como a Grécia, a Irlanda, a Dinamarca e a Noruega registaram défices que vão de 1,8 % a 6,8 %.

Vozes do PS: - Estão de rastos esses países.

O Orador: - Será que estes países não disfrutaram da mesma conjuntura internacional como Portugal?

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Ou será que esses países se situam noutro planeta, onde não há petróleo, em que não circula o dólar e onde não se praticam taxas de juro?

Aplausos do PSD.

Compreende-se que custe a aceitar a alguns Srs. Deputados que o poder de compra dos salários tenha subido 5 % em 1986 e o poder de compra dos reformados e idosos tenha subido mais de 10%.

O Sr. José Magalhães (PCP): - E o trabalho precário?

O Orador: - Mas o facto é que isso aconteceu e a população sente-o e sente-o bem, por muito que isso incomode a esses Srs. Deputados, a quem dirijo uma última pergunta.

O Sr. José Magalhães (PCP): - E a fome?

O Orador: - Qual é o ano, depois do 25 de Abril, que apresenta melhores resultados do que 1986?

O Sr. José Magalhães (PCP): - E os salários em atraso?

O Orador: - Srs. Deputados, o comportamento da avestruz não compensa. Nunca compensou.

O Sr. José Magalhães: - E o desemprego?

O Orador: - Atente-se numa sondagem recente da GALUP feita nos cinco continentes, a qual revela que só 18 % dos Portugueses consideram que a sua situação piorou em 1986, o que é notável face aos 28 % verificados para a média da CEE, sendo aquela percentagem apenas ultrapassada pela da Alemanha e pela do Luxemburgo.
E mais, é assim quando a mesma sondagem revela que 44 % dos Portugueses estão convencidos que 1987 será melhor do que l986, contra apenas 36 % para a média da CEE, sendo aquela percentagem apenas ultrapassada pela dos Italianos.

O Sr. José Magalhães (PCP): - É um paraíso e a gente não sabia.

O Orador: - O paraíso é na Sibéria.

O Sr. João Amaral (PCP): - Hoje está cheio de imaginação.