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21 DE JUNHO DE 1989 4609

O Sr. Deputado Montalvão Machado pede a palavra para interpelar a Mesa?

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sim, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr.ª Presidente, suponho que o Sr. Deputado Narana Coissoró fez, simultaneamente, uma interpelação à Mesa e um protesto.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Não, não! ...

O Orador: - Então o protesto ainda vem a seguir! ...

Se é só uma interpelação à Mesa queria dizer a V. Ex.ª e a todos os Srs. Deputados presentes no Hemiciclo que há graças a desoras e que há horas de graças.
Não tive, efectivamente, qualquer propósito que não fosse o de dizer apenas ao Sr. Deputado Narana Coissoró aquilo que, aliás, lhe poderia dizer todos os dias! O Sr. Deputado Narana Coissoró faz permanentemente apartes muito bem cabidos, muito graciosos!
Disse hoje - e fiquei muito feliz por o ter dito que me congratulava com o facto de a minha intervenção lhe provocar esse tipo de apartes. Quando referi «depois do almoço» quis dizer da parte da tarde. Não quis dizer mais nada! Não quis dizer absolutamente mais nada!...
Se esta explicação lhe serve, Sr. Deputado, tome-a. Se não lhe serve, o problema é seu.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente: - Srs. Deputados, a Mesa não quis interromper as intervenções dos Srs. Deputados Narana Coissoró e Montalvão Machado, feitas a titulo de interpelação à Mesa, na expectativa de que, com elas, o incidente aqui criado se resolvesse. Na realidade, nem num caso nem noutro se tratou de uma real interpelação à Mesa.

Pergunto, portanto, ao Sr. Deputado Narana Coissoró se ainda insiste no seu pedido de palavra para protestar uma vez que...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sim, Sr.ª Presidente.

A Sr.ª Presidente: - Então tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Sr.ª Presidente, tenho grande respeito por este Parlamento e tenho um grande respeito pelos líderes parlamentares.
No entanto, independentemente da má graça, que compreendo, em virtude do nervosismo que se apossou do orador, tenho de apresentar o meu protesto pois considero que tem de haver um respeito mútuo por todos quantos estão nesta Assembleia.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Que conclusão tão tardia!

O Orador: - Não se compreende, Sr. Deputado Montalvão Machado, que V. Ex.ª, como líder parlamentar da maioria, não saiba ouvir com serenidade os apartes que outras bancadas queiram fazer à sua alocução.
Naturalmente que todos estávamos à espera que o PSD dissesse aquilo que dele não se deveria esperar e V. Ex.ª, ao referir-me «está alegre depois do almoço», usou uma figura rudimentar do calão português, que não é digna de um líder parlamentar, para desculpar-se do seu desastroso discurso.
O meu protesto é um protesto institucional, e se nós desculpamos constantemente isso ao Sr. Deputado Silva Marques, que nos habituou a esse tipo de intervenção, rasteira, já não o podemos desculpar a V. Ex.ª como presidente do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Deputado tem de ter a paciência de ouvir as alegrias de todos e reconhecer que a sua tristeza é muito grande.

A Sr.ª Presidente: - Para contraprotestar, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Montalvão Machado.

O Sr. Montalvão Machado (PSD): - Sr. Deputado Narana Coissoró sou, por sistema, uma pessoa alegre. De manhã, à tarde e à noite.
V. Ex.ª disse que fazia o seu protesto pelo grande respeito que tinha para com o Parlamento. Não tem por ele mais respeito do que eu! Não tem mais respeito pelas instituições parlamentares e pela democracia do que aquele que eu tenho. Infelizmente, para mim, tenho-o há muitos mais anos do que o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - Há mais anos não tem!

O Orador: - Tenho, tenho! Tenho, porque sou mais velho, infelizmente para mim.. Eu não acordei para a democracia com o 25 de Abril! Já tinha acordado muito antes!...

Aplausos do PSD.

Ainda não havia Parlamento democrático em Portugal e já eu gostava do Parlamento! ...

O Sr. Narana Coissoró (CDS): - O quê? Da Assembleia Nacional?

O Orador:- A Assembleia Nacional não era Parlamento, Sr. Deputado! E eu nunca lá estive!
O Sr. Deputado acusou-me de não ser capaz de ouvir com serenidade os apartes. É claro que podia devolver-lhe a mesma acusação! V. Ex.ª, como presidente do Grupo Parlamentar do CDS, também não teve a serenidade bastante para ouvir a minha intervenção! Interrompeu-a diversas vezes com apartes, o que tem o legitimo direito de fazei! O aparte que fiz foi, aliás, em resposta aos seus apartes! Não teve nada de injurioso, não teve nada de atacante, não teve nada de humilhante, não teve nada de maldizer! Limitei-me, pura e simplesmente, a constatar um facto pois, na realidade, a minha intervenção tinha provocado no Sr. Deputado Narana Coissoró um entusiasmo gracioso nessa hora, depois do almoço.