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106 I SÉRIE-NÚMERO 3

O Sr. Presidente. - Srs. Deputados continuo a fazer um apelo para que ao votar III
Para responder tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Santos.

O Sr. Almeida Santos (PS): - Sr. Deputado Carlos Encarnação diz-me o meu líder parlamentar que disponho de apenas três minutos pois gastei vinte e oito quando devia ter gasto vinte.

O Sr. Silva Marques (PSD): - E o rigor é o rigor.

O Orador: - Lamento assim não poder responder com o pormenor que as vossas questões justificariam mas terei mesmo de ser sucinto.
O Sr. Deputado levantou a velha questão da literatura e do seu conteúdo escrevo muito bem mas não digo nada. Contudo peço-vos que revejam o vosso conceito de coisa nenhuma que anda profundamente errado.
Po outro lado por que é que não sou o indicado para falar na pobreza? Censura-me porquê? Porque sou rico (corre a fama de que sou)? Porque pertenci a governos que por razões de austeridade não puderam fazer pela pobreza o que poderia fazer este Governo e não o faz?

Aplausos do PS.

Parece que eu também não seria indicado para falar de Timor - pelo que parece se não tivéssemos abolido a censura no 25 de Abril estaria agora proibido de o fazer «Não me pesa nada absolutamente nada na consciência».
Aliás devo dizer-lhe que se ainda não tornei isso bem claro quando o fizer será que tal se deveu a razões em grande parte patrióticas.
Afirmou também que o PS não tem metas. No entanto o PS tem um passado cheio de programas de governo, programas eleitorais. De qualquer modo quando discutirmos aqui o nosso próprio programa de governo - já não tarda - verão então quais são as nossas metas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Pergunta também se não me sinto mal a falar destes assuntos.
Sinto-me excelentemente bem porque sinceramente ao fim de metade da minha vida na oposição gosto ainda de dizer mal dos governos, para lhe ser franco ainda tiro prazer disso. Contudo gostaria de não ter necessidade de dizer tão mal por não ser tão mau o Governo que neste momento temos.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Eu não disse que o Governo governa por acto de fé. O que disse foi que o último acto eleitoral se traduz num acto de fé por parte dos eleitores contadinhos e não da parte do Governo. Aliás este Governo só tem fé em si próprio mas infelizmente não Tem nenhuma esperança porque começa a acabar nem nenhuma caridade - a tal trilogia celebre que este governo não possui.
Quanto aos 100 anos de solidão, meu Deus, penso que dentro de alguns meses estaremos mais acompanhados do que os senhores se é que neste momento já o não estamos - algumas sondagens já dizem que sim.

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - Dá-me licença que o interrompa, Sr. Deputado?

O Orador: - Faça favor!

O Sr. Carlos Encarnação (PSD): - Sr Deputado peço-lhe muita desculpa pois cometi uma gafe. Na verdade VV. Ex.ªs não podem ter 100 anos de solidão pois estão com o PCP e estão muito bem.

O Orador: - Já vamos a isso, Sr. Deputado.
Sr. Deputado Silva Marques é muito suspeita esta sua inclinação pelo Rocard e pelos socialistas franceses. É a quarta vez que o vejo fazer apelo àquilo a que assistiu em França, os Franceses deslumbraram-no Sr. Deputado. Acho que se deveria aportuguesar um bocadinho mais.
Sr. Ministro das Finanças eu é que me sinto honrado. Não é normal um ministro descer nestes debates até aos deputados por quem a ajuizar pelas afirmações do Sr. Primeiro-Ministro tem tão pouco apreço.
Por outro lado o Sr. Ministro diz que acha graça e eu fico satisfeito, diz que acha agradável ouvir-me e eu fico honrado. Porém e também que o País não vive de graças. Pois não ele tem é sido de graça Sr. Ministro e em grande parte por culpa sua.
Na verdade muitos comem de graça, vivem de graça e vestem de graça porque infelizmente não tem dinheiro, não podem comprar aquilo que precisam para comer Portanto vivem pela graça de Deus e não por outra graça qualquer.
Disse o Sr. Ministro que o Governo Cavaco Silva a ma durar muitos anos.
Bem se isso acontecesse dir-lhe-ia já que não era verdade por esse mesmo facto. Na verdade eu morreria mais cedo e portanto já vê que eu nunca poderia assistir a esse fenómeno de longevidade.
Quanto aos erros, à literatura, à tecnocracia apesar de tudo que cada um seja coerente. Se eu sou um literato parece que o Sr. Ministro me retirava a minha qualidade de jurista, de advogado que fui durante 20 anos (parece que não muito mau) - aliás é essa a minha profissão. Com efeito a literatura é um acidente e não tenho culpa se como advogado escrevo menos mal.
No entanto o que eu queria era que ao menos o Sr. Ministro do Plano se ficasse ou pela literatura ou pela tecnocracia. Mas ele deu um salto enorme entre um Plano que era ridiculamente literário e um Plano - que já fez e já anunciou - que é só tecnocracia, a tal tecnocracia sem alma (alma versus cifrão)
O Sr. Ministro afirmou também que eu era um homem de letras.
Bem nunca ninguém me disse isso. Homem de letras é ali o Manuel Alegre como há aqui outros, mas eu n3o o sou com certeza.
Por outro lado diz igualmente o Sr Ministro que o País acha que eu sou um homem de tretas.
Mas é o Sr. Ministro das Finanças que me diz isso?!

Aplausos do PS

Tenho mesmo de ouvir isso da boca do Sr. Ministro das Finanças?! Bem em nome da liberdade de opinião, em nome da liberdade de palavra, que seja assim. É para além de outras uma das minhas cruzes.
V. Ex.ª diz que me enganei em 20 pontos