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88 I SÉRIE-NÚMERO 3

Não o desespero por causa das eleições para a Câmara de Lisboa, pois o senhor sabe que elas estão perdidas para o PSD mas aqui entre nós isso não lhe causa grande mal, visto ter provavelmente mais dificuldades se as ganhasse.

Risos.

Não! O seu desespero verdadeiramente tem a ver com o facto de embora dizendo continuamente aos Portugueses que tudo está bem, verificar que os Portugueses estão cada vez mais zangados com o seu Governo e de que a sua própria quota de popularidade nas sondagens já navega abaixo da linha de água. E esse desespero Sr. Primeiro-Mimstro que nada pode iludir. É por isso que o Sr. Primeiro- Ministro não nos vem aqui falar dos problemas do País porque sabe que os Portugueses já não o acreditam.
Sr. Primeiro-Ministro perca menos tempo a zangar-se com tudo e com todos e procure meditar um pouco para saber por que é que os Portugueses se zangam consigo.

O Aplausos do PS.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Defendeu pouco a moção de censura!

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Brito.

O Sr. Carlos Brito (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, gostaria dc colocar cinco questões.
A primeira questão serve para dizer que estávamos convencidos de que o fundamentalismo laranja que é uma espécie de autoritarismo de sectarismo

Vo7es do PSD: - E as paredes de vidro?

O Orador: - e de anticomunismo fosse penas um fenómeno da bancada parlamentar do PSD. Está visto que não é assim, está visto que está no poder e que domina o pensamento do Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro permitiu-se ingerir na vida interna do meu partido. Então permita-me que faça uma pequena ingerência no seu discurso "abandone" este estilo, Sr Primeiro Ministro. Não serve o País, não serve a sua imagem interna e externa.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Segunda questão, o Sr. Primeiro-Ministro foi buscar aos sótãos do anticomunismo uma peça sobre a Checoslováquia que foi um documento do meu partido de 1968.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: - Isso já está no sótão?

O Orador: - Nessa altura, Sr. Primeiro-Ministro eu e muitos dos meus camaradas de bancada éramos ferozmente perseguidos pela ditadura fascista, pela PIDE porque lutávamos pela liberdade em Portugal.

Vozes do PSD: - Era contra a invasão da Checoslováquia?

O Orador: - O que fazia então o democrata Cavaco Silva? O que fazia o democrata Cavaco Silva contra a opressão fascista e contra o terror colonial?

O Sr Primeiro Ministro (Cavaco Silva) - Andava na escola!

Risos do PSD.

O Sr. Octávio Teixeira (PCP): - Na escola nunca mexeu uma palha contra o fascismo.

O Sr. José Magalhães (PCP): - Na escola primária, secundária, ou na faculdade?

Protestos do PSD.

O Orador: - Terceira questão, o Sr. Primeiro-Ministro afirmou há dias que é o único líder que não é candidato nas eleições autárquicas. O que é que isto significa? Significa que em face do quadro muito desfavorável que se apresenta ao seu partido nas eleições autárquicas

Vozes do PSD: - Não! Isso era o que vocês queriam!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro prepara uma desresponsabilização da derrota? Significa que o Sr Primeiro-Ministro em face dessa derrota vai dizer que a culpa é do candidato que o PSD apoia em Lisboa no Porto e nos 10 principais municípios do País onde o PSD está em dificuldade? Era importante que a Assembleia da República obtivesse a este respeito, uma resposta do Sr. Primeiro-Ministro.
Quarta questão, há quem diga, dizem os jornais que o Sr. Primeiro-Ministro está a perder influência no Governo. É claro que podem ser intrigas de jornais mas a verdade é que há questões que se colocam e que são pertinentes.
O Sr. Primeiro-Ministro afirmou aqui e não há muito tempo que era contra a mobilização dos títulos de indemnização para aquisição de acções das empresas a privatizar. A lei que o Sr. Primeiro-Ministro agora anunciou não comporta esta disposição mas a contrária aquela que o CDS sempre reivindicou. Como se explica?
Numa outra entrevista dada há dias, o Sr. Primeiro-Ministro disse que o capital nacional não estava em condições de adquirir privatizações a 100 %. Entretanto as privatizações a 100 % são consagradas e de maneira a facilitar a aquisição por parte do capital estrangeiro. Como se explica isto?
O Sr. Primeiro-Ministro foi daqueles que afirmaram que era necessário privatizar porque as empresas públicas constituíam um pesado fardo para o Estado. Portanto como é que se explica que sejam privatizadas precisamente aquelas que não são um pesado fardo, aquelas que são um excelente negócio? Como é que isto acontece? Que forças influenciam as decisões do Governo? Será o Sr. Ministro das Finanças que é o ministro da pasta e que nestas três questões sempre disse em público coisas um pouco diferentes das que o Sr. Primeiro-Ministro dizia?
Finalmente a quinta questão, o Sr. Primeiro-Ministro no seu discurso disse quarenta vezes PCP.

Vozes do PSD: - Isso é que é propaganda.

O Orador: - e não pronunciou uma vez a palavra Lisboa. Isto não significará que o senhor e o seu partido agitam o espantalho do anticomunismo.

Vozes do PSD: - Espantalho! Diz muito bem!