O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

234 I SÉRIE-NÚMERO 8

Uma tal e estratégia deverá igualmente transformar a cultura, a ciência e a tecnologia num instrumento da acção de Portugal na cooperação com o mundo de língua portuguesa.
Mas um novo pensamento estratégico para Portugal não é compatível com uma visão meramente economicista e tecnocrática da nossa integração europeia, antes exige uma visão política e cultural e que permita afirmar a nossa singularidade e a nossa identidade nacional.

O Sr José Lello (PS): - Muito bem!

O Orador: - Não podemos continuar a olhar a Europa como a nova árvore das patacas, nem podemos cair no provincianismo mental, desconsiderar que tudo o que é europeu é bom e tudo o que é português é mau. Não estamos na Europa apenas para receber temos de estar na Europa de maneira activa e criativa, levando à Europa o que temos para dar, a nossa cultura, a nossa história, a nossa experiência multissecular de convivência com outros povos e outros continentes.

O Sr. Basílio Horta (CDS): - Muito bem!

O Orador: - Só assim podemos fazer na Europa um discurso português e contribuir de forma positiva para pôr fim ao espírito eurocentrista e construir um novo tipo de relacionamento entre a Comunidade Europeia e os países de África e da América Latina.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A política tem de retomar o seu lugar. A política, a pedagogia democrática e cívica, o combate contra o conformismo e a abdicação que são sempre a mais nefasta consequência moral de um poder arrogante e intolerante.
Não somos partidários de qualquer espécie de duopólio do Poder assente no partido cara e no partido coroa, em que o PSD seria o partido dominante e o PS o partido satélite. Somos pela alternância e pela alternativa.

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Não são capazes de alternar!

O Orador: - É essa a responsabilidade democrática nacional do Partido Socialista que é autónomo, responsável, livre e sem medo.
Por isso saberemos combater e vencer democraticamente o poder laranja.

Aplausos do PS e da deputada independente Helena Roseta.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados Pacheco Pereira, Silva Marques e Narana Coissoró.
Tem a palavra o Sr. Deputado Pacheco Pereira.

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Em primeiro lugar e antes de dar início ao meu pedido de esclarecimento, gostaria de me referir à morte de José Carvalho que tive ocasião de conhecer e que o PSD condena como já condenou todos os actos de violência política, quer venham da esquerda ou da direita. Aliás chamo a atenção da Câmara para o facto de já na anterior sessão legislativa termos condenado a actividade de grupos semelhantes àquele que provocou o incidente de que resultou a morte de José Carvalho.
Quanto à intervenção do Sr. Deputado Manuel Alegre lamento dizer que em minha opinião constituiu um dos mais puros exemplos de degradação da política. Ou seja, a substância da intervenção de V. Ex.ª é exactamente o exemplo daquilo que o Sr. Deputado acabou de condenar, a degradação da política. E posso referir vários exemplos de como na linguagem da sua intervenção, a política no seu melhor sentido é completamente degradada.
Primeiro exemplo, o Sr. Deputado falou do estalinismo e não fez uma única referência ao partido que em Portugal emana directamente dessa tradição, mantém essas referências históricas e mantém todo um posicionamento face à vida, face à moral, face à cultura, face à política e face à história que é semelhante à tradição estalinista. E quanto a ele nem uma palavra!

O Sr. Duarte Lima (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Se isto não é degradação da política, não sei o que é a degradação da política!

Aplausos do PSD

Depois o Sr. Deputado falou do estalinismo com a linguagem que muitas vezes a esquerda utiliza para falar do estalinismo, como se ele fosse um mero incidente da história do século XX. Uma das maiores fraudes da história do século XX é a permanente condenação do nazismo sem qualquer referência ao estalinismo como uma barbárie que teve um papel na história do século XX que implicou a morte de várias dezenas de milhões de pessoas e perante o qual a esquerda não utiliza um único dos adjectivos que utiliza para caracterizar o nazismo. Enquanto os adjectivos sobre o nazismo forem substancialmente diferentes àqueles que se usam para caracterizar, não o estalinismo mas a experiência comunista, estamos perante um caso de degradação da linguagem política.
E por último e pior, o Sr. Deputado na sua intervenção fez aquilo para que alguns dos críticos do estalinismo já chamaram a atenção ou seja revelou a duplicidade de linguagem e a incapacidade de ter o sentido da medida. Como é que é possível ser um político sério e usar uma linguagem de qualificação política e comparar o comportamento de um partido como o PSD com o comportamento estalinista? É perder convictamente o sentido da medida. É não abastardar o PSD mas a esquerda e o estalinismo. E no fundo minimizar o seu papel histórico é diminui-lo nas suas responsabilidades é fazer permanentemente comparações sem qualquer sentido de medida. Alguém nesta bancada matou alguém? Alguém nesta bancada prendeu alguém? Alguém nesta bancada manteve um país inteiro mudando populações destruindo etnias acabando com nações? É esta a comparação que o Sr. Deputado entende poder ser feita em termos de qualificação política?

Aplausos do PSD.

Eu posso pensar o pior do Partido Socialista mas a última coisa que eu diria era que o seu comportamento é semelhante ao estalinismo, ao nazismo, ou a qualquer
ismo deste género, porque isso degrada quem diz, quem diz, está a fazer uma comparação que não tem outro efeito que não seja a propaganda política.
Sr. Deputado Manuel Alegre não posso deixar de me manifestar com dureza perante a sua intervenção porque