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1016 I SÉRIE - NÚMERO 30

Decidimos vir a apoiá-lo caso ele viesse a recandidatar-se, como era nosso desejo, porque ele, durante cinco anos, nos dera aquelas garantias que exigimos, nos termos constitucionais, de um Presidente da República: isenção, busca de consenso entre as forças partidárias, convergência com o Governo nas questões e opções essenciais para o interesse do País, defesa intransigente da liberdade e da democracia.
Não nos arrependemos da posição que tomámos. Pelo contrário, estamos confiados que foi uma boa decisão. Os resultados eleitorais vieram dar-nos inteira razão.
Pode dizer-se - e o meu companheiro Pacheco Pereira já o disse na noite das eleições - que nesta campanha presidencial se enfrentaram duas posições quanto ao papel intervencionista do Sr. Presidente da República: uma, a defendida pelo Dr. Mário Soares, a de que a sua intervenção nos negócios do Estado foi a bastante e a necessária. Interveio, conforme ao que lhe permite a Constituição, quando e onde entendeu. Não interveio quando não precisou de intervir ou não devia intervir. A outra posição, defendida pelos restantes candidatos, era a de uma presidência diferente, uma presidência mais interventiva, para não lhe chamar até conflituante ou antagónica com o Governo.
O eleitorado, ao escolher o Dr. Mário Soares, veio dar razão a quem já a tinha.

O Sr. Silva Marques (PSD):- Muito bem!

O Orador: - Veio demonstrar que o poder e a medida de intervenção que o Sr. Presidente da República utilizou durante cinco anos são, precisamente, aqueles que o povo português deseja.

Aplausos do PSD.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Partido Social-Democrata não procura tirar ganhos da reeleição do Dr. Mário Soares. Não os quis antes nem os quer agora. Para ser o que é - o maior partido político português - basta-se a si próprio, chegam-lhe os seus méritos e a sua capacidade há muito demonstrada, para resolver os problemas nacionais.

Aplausos do PSD.

O Sr. Caio Roque (PS): - Mas não tiveram capacidade para apresentar um candidato.

O Orador: - Saudamos a vitória do Dr. Mário Soares como uma vitória do País, com a qual nos irmanamos. Foi uma vitória de todos aqueles que o apoiaram e de todos aqueles que ele vai servir. E o Dr. Mário Soares sabe bem que é assim quando repete, vezes sem número, que tem sido e continuará a ser o presidente de todos os portugueses e não apenas de alguns.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A reeleição do Dr. Mário Soares terá tido - e para além de tudo o mais - a consequência de termos entre nós, hoje e ao que parece apenas durante alguns dias, quinze dias, o Sr. Deputado Jorge Sampaio, ilustre secretário-geral do Partido Socialista. Seja bem-vindo.
Aqui terá com facilidade, Sr. Deputado, lugar adequado e cadeira apropriada na sua bancada - a primeira que não a sexta - para se sentar em sítio próprio. Não terá a dificuldade que teve para se mostrar na noite das eleições.

Risos e aplausos do PSD.

... em que foi patente, para quem viu a televisão, a estratégia de «cunha», para não lhe chamar política de «cunha», que V. Ex.ª teve de empregar para se meter, quase à força, entre o Sr. Comandante Gomes Mota e o Sr. Dr. Mário Soares, por forma a ficar ao lado deste, na varanda do MASP.

Aplausos do PSD.

Não me leva a mal, Sr. Dr. Jorge Sampaio, que lhe diga que, em minha humilde opinião, não considero boa a hora que V. Ex.ª marcou para o seu regresso temporário às lides parlamentares.
Para quem tem a ambição de vir a ser Primeiro-Ministro deste país - e as ambições são gratuitas -, melhor teria feito V. Ex.ª se aqui tivesse vindo aquando da discussão das Grandes Opções do Plano e do Orçamento do Estado.

Aplausos do PSD.

Aí, Sr. Deputado, é que nós e o País podíamos ter aquilatado da capacidade de V. Ex.ª para os grandes problemas de Estado. Lamentámo-lo na altura. Criticámos até a ausência de V. Ex.ª Mas V. Ex.ª preferiu continuar à frente da Câmara Municipal de Lisboa. A escolha, Sr. Deputado, foi de V. Ex.ª
Chegar agora, no rescaldo das eleições presidenciais, tem o perfume de uma colagem ou de um aproveitamento ilegítimos de uma vitória que não é de V. Ex.ª

Aplausos do PSD.

Terá o cheiro de um aproveitamento de méritos alheios. Será como que uma confissão indirecta da falta de mérito próprio. Mas foi V. Ex.ª quem escolheu o momento da sua reentrada, vindo por isso a sofrer as consequências que daí lhe poderão advir. Os tempos perdidos, Sr. Deputado, raras vezes se recuperam. Certas ausências, em momentos cruciais, só por milagre se justificam.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: A reeleição do Sr. Presidente da República veio contribuir para a continuação do clima de estabilidade política em que vivemos. Foi, digamos assim, o primeiro passo, neste ano de 1991, para que essa estabilidade se vinque, cada vez mais, na nossa vida política.
A segunda etapa será aquela que nós, sociais-democratas, vamos ganhar. Essa, sim, seremos nós e só nós que a vamos ganhar. Será a das eleições legislativas que vamos ganhar, com maioria absoluta.

Aplausos do PSD.

Será o segundo passo deste ano para que continuemos a viver com estabilidade, em paz, com liberdade democrática, com o desenvolvimento e a modernização do País, com criação de riqueza para os Portugueses, com o tão especial, como necessário, enquadramento na Comunidade Económica Europeia.
Não nos enganámos no nosso apoio ao Sr. Presidente da República. Também não nos enganaremos na nossa vitória maioritária nas próximas eleições legislativas.

Aplausos do PSD, de pé.