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5 DE ABRIL DE 1991 1973

segunda vez, a defesa do Governo, e não apenas do Ministério da Agricultura, porque V. Ex.ª acabou por cair na tentação, que me parece pouco séria em lermos políticos, de vir, pela segunda vez, fazer determinadas acusações nesta Câmara. Repito que também e pela segunda vez que utilizo esta figura da defesa da honra, porque não consigo imaginar que um Sr. Deputado, eleito pelo povo português, com a dignidade que assume na Assembleia da República, não tenha a coragem de pedir a suspensão do seu mandato e, como cidadão, solicitar que os tribunais julguem aquilo que, por mais de uma vez, aqui referiu, ou seja, que «o Governo vive na promiscuidade com as celuloses, vive em clientelas, vive em compadrios».

O Sr. João Silva Maçãs (PSD): - É uma vergonha!

O Orador: - Isto não é admissível nem é sério politicamente. E como cidadão seno, conta em que tenho o Sr. Deputado António Campos, julgo que devia suspender o seu mandato e fazer esse julgamento através das devidas instâncias, para vermos, afinal, quem é que vive em promiscuidade, quem é que vive em clientelas.
Não aceito nem admito, Sr. Presidente, embora politicamente a entenda, a posição do Sr. Deputado António Campos, que, não tendo outras vias para atacar u política do Governo, vem opor-se -e, Sr. Deputado, porque e oposição, oponha-se! - ao «desbaratar de 250 milhões de contos».

O Sr. Armando Vara (PS): - Publiquem a lista!

O Orador: - Então o Sr. Deputado acha que os agricultores são suicidas? O senhor já se esqueceu de que, quando ocupava este mesmo lugar, praticava a política de «chapéu na mão»? Mas agora isso não sucede, Sr. Deputado António Campos! Agora o empresário candidata-se e paga 30 % ou 40 % do seu bolso.

O Sr. Armando Vara (PS): Publiquem a lista dos apoios!

O Orador: - Ora, o empresário agrícola, quando se propõe pagar 30 % ou 40 % do seu bolso para ir buscar o resto do dinheiro ao Governo português e à Comunidade, é burro?

Aplausos do PSD

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado António Campos deseja responder agora ou no final?

O Sr. António Campos (PS): - Preferia responder já ao Sr. Secretário de Estado da Agricultura, Sr. Presidente

O Sr. Presidente: - Tem a palavra, Sr. Deputado.

O Sr. António Campos (PS): - Sr. Secretário de Estado, cada vez que falo e discuto com o senhor, a minha primeira preocupação é a de que não lenha um ataque cardíaco.

O Sr. Secretário de Estado da Agricultura: - Eu sou muito novo!...

O Orador: - É que o senhor fica sempre extremamente nervoso e eu faço-lhe justiça...

Risos do PS.

O Sr. Secretário de Estado da Agricultura: - Porque sou sério!

O Orador: - porque deve ser dos membros do Governo que, quando sair, vai para as celuloses.

O Sr. Secretário de Estado da Agricultura - É essa a oposição?

O Orador: - De resto, em relação ao seu Ministério, isso já sucedeu com o Eng. Álvaro Barreto e com o seu companheiro Secretário de Estado das Pescas, que é presidente da Portucel.

O Sr. Secretário de Estado da Agricultura: -Sr. Deputado, este debate é sobre política agrícola!

O Orador. - V. Ex.ª, porque a outra é estrangeira e o domínio do Estado português e difícil, vai ter dificuldades em ir directamente para a presidência dessa terceira, até porque não há mais nenhuma. Porque se assim não fosse, dir-lhe-ia. «Não fale disso porque desta água ninguém está livre.»

O Sr. Secretário de Estado da Agricultura: - Se dissesse isso, eu não defendia a honra!

O Orador: - Mas, Sr. Secretário de Estado, é, de facto, um grande escândalo o que se passa em Portugal! E é de tal maneira escandaloso que da última vez que aqui vim o senhor foi para o seu Ministério e começou a fazer telefonemas, e quando estavam para entregar ao grupo STORA, que era outro escândalo de promiscuidade, os senhores voltaram atrás e proibiram o negócio depois de o terem deixado avançar.
Pergunto, como é que se sente quando são as celuloses que, por caridade, lhe vão dar dinheiro para um plano de prevenção, e ai mal, o Sr. Secretário de Estado, tendo tantos milhões para desbaratar, recebe apenas 300 000 contos e Ia/cerimónias públicas, quando, como bem sabe, o programa de prevenção dos incêndios envolve milhões de contos'' De facto, os senhores comportam-se com as celuloses de torna escandalosa! E só e possível o que se está a verificar em Portugal porque os senhores são todos coniventes.

O Sr. João Silva Maçãs (PSD): - Isso é grave!

O Orador- - Já uma vez aqui o disse e repito-o.
Na administração da CELBI está o Dr. Pinto Balsemão, na administração da Portucel está o seu ex-colega Secretário de Estado Eng.º Godinho; na SOPORCEL está o Eng.º Barreto; e para a Caima, porque está muito distante e ainda não tem sede em Lisboa, espero que não vá ninguém para lá.

O Sr João Silva Maçãs (PSD): - Porquê? Também está na bicha!?

O Orador: - Sr. Secretário de Estado, em relação aos 250 milhões, o que disse na intervenção que acabei de fazer é muito simples: e que o senhor teve meios como ninguém, teve a solidariedade da Comunidade e teve uma oportunidade histórica. Ora, eu pergunto qual é o programa específico que o senhor criou com as potencialidades que nós temos e com as vantagens comparativas que podemos harmonizar entre as potencial idades e essas vantagens?