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2922 I SÉRIE -NÚMERO 89

frequência, quando falo com funcionários da RTP referências saudosas à prática pluralista aberta, tolerante e democrática que caracterizou a minha orientação enquanto presidente da RTP.
Por tudo isto, Sr. Presidente e Srs. Deputados, abandono a actividade política activa,, designadamente ao nível do Parlamento, com a consciência de ter comprido o meu dever, de me ter comportado, em todas as áreas onde intervim, acima de tudo como um democrata. Sem nada ter feito para aqui chegar sem que tal objectivo tivesse estado, mesmo remotamente, no meu horizonte pessoal, sinto-me recompensado de todos os sacrifícios livremente consentidos, tanto antes como a seguir ao 23 de Abril, por ter tido a honra de ser um dos representantes, nesta nobre Casa, do povo português despeço-me fazendo votos para que o pluralismo, a tolerância, o humanismo, os valores, enfim, que são a honra e a razão de ser do regime democrático, prevaleçam nesta Casa e no País.

O Sr. Laurentino Dias (PS):-Muito bem!

O Orador: - Orgulho-me de ter aqui representado o Partido Socialista. Sou e continuarei a ser socialista; orgulho-me de pertencer a um partido que se bateu, antes e depois do 25 de Abril, pela liberdade, pelo pluralismo, por uma sociedade aberta e democrática; orgulho-me de ter participado nesse combate, antes e após o 25 de Abril, de forma profundamente empenhada e militante e de ter contribuído activamente, ao lado de outros destacados socialistas e democratas, para a defesa e consolidação do regime que tem nesta nobre Casa a sua sede mais representativa.
Deixo o Parlamento com a consciência de ter cumprido os meus deveres de democrata e de socialista, e de ter honrado, com o meu comportamento, em todos os planos, o cargo para que fui eleito.
O meu passado de democrata e todos os sacrifícios livremente consentidos na defesa e consolidação do regime dão-me alguma autoridade, penso, para apelar ao pluralismo, à despartidarização do Estado, à criação de condições reais para a alternância democrática, que é no fundo, a mais alta e valida concessão do regime democrático e das suas virtualidades.
Vejo com preocupação, a progressiva partidarização do Estado por parte do PSD. O Estado não pode estar ao serviço de qualquer partido. Esta observação é válida para todos os partidos. E- o, certamente, para o PS. Trata-se, no fundo, de um problema de regime - de um problema do futuro do regime, que se deseja democrático, pluralista, tolerante, aberto à participação e intervenção de todos.
Estes são os votos que exprimo neste momento particularmente significativo da minha longa, empenhada e militante intervenção na vida política do meu país.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente: - Inscreveram-se para pedir esclarecimentos os Srs. Deputados António Guterres, Joaquim Fernandes Marques, Barbosa da Costa, João Amaral e João Corregedor da Fonseca.
Antes de dar a palavra aos Srs. Deputados inscritos, Sr. Deputado Edmundo Pedro, gostaria de, em nome da Mesa, apresentar a V. Ex.» vivas saudações pelo trabalho e convívio desenvolvidos e desejar-lhe também os mais sinceros votos de felicidades.

Aplausos gerais.

Tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS):-A vida política tem muitas contrariedades e muitas dificuldades, mas também tem alguns privilégios. E da minha actividade política faço ressaltar como um privilégio da maior importância o de ter podido conhecer, conviver, trabalhar em conjunto e sentir-me camarada de um homem como Edmundo Pedro. Penso que poucos portugueses terão sofrido mais na sua vida pelos valores a que sempre se dedicaram -os valores da liberdade, do pluralismo, dos direitos do homem - do que Edmundo Pedro.
Edmundo Pedro é, seguramente, para o meu partido, uma referência histórica fundamental e um militante activo no presente, empenhado nos seus valores. Mas, mais do que para o meu partido, suponho que Edmundo Pedro é um símbolo vivo da democracia portuguesa. E não faz sentido que o Partido Socialista procure capitalizar uma figura cuja dimensão de democrata e de homem extravasa as fronteiras partidárias e se inscreve naquilo que deve ser o orgulho comum que todos temos de nos batermos sempre pela liberdade e pela democracia.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente:-Tem a palavra o Sr. Deputado Joaquim Fernandes Marques.

O Sr. Joaquim Fernandes Marques (PSD): - Sr. Deputado Edmundo Pedro, queria, em nome pessoal e em nome da minha bancada, dizer-lhe que é com mágoa que o vemos (enfim, por razoes naturalmente de carácter pessoal) abandonar o Parlamento. Mas não o abandona porque, no fundo, continua presente em nós através do conhecimento que travamos consiga.
Alguns de nós conhecemo-lo também nos períodos difíceis pós 25 de Abril em que foi preciso que muitos de nós dessem as mãos para que a democracia se consolidasse e para que hoje, aqui, todos os partidos políticos pudessem, em liberdade, expressar as suas opiniões e representar os seus eleitores.
É por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, que, em meu nome pessoal, refiro, e em nome da minha bancada, saudamos o Sr. Deputado Edmundo Pedro como um símbolo da luta pela liberdade, dos direitos do homem e da democracia pluralista.

Aplausos gerais.

O Sr. Presidente:-Tem a palavra o Sr. Deputado Barbosa da Costa

O Sr. Barbosa da Costa (PRD): -Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Edmundo Pedro: Habituei--me a ver V. Ex.º neste Parlamento e na vida pública portuguesa a desenvolver um trabalho, a dar uma contribuição discreta, mas eficaz, para que a democracia portuguesa, nas suas diferentes vertentes e componentes, se desenvolvesse.
Considero V. Ex. como uma figura emblemática da democracia portuguesa, tão emblemática quanto foi forçada a viver e a sofrer as contradições que a vida tem: esteve detido no anterior regime, porque queria a democracia, e, devolvida esta ao povo português, foi preso, de novo. São estas as contradições da vida que caldeiam, ainda mais, as almas grandes, os espíritos nobres, como o de V. Ex.