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30 DE OUTUBRO DE 1992 185

O Orador: - Igual à anterior, que era óptima!

Risos do PS.

Oh meu Deus! Se quiserem, trago-lhes um outro testemunho: Silva Lopes, que afirma «o comportamento da economia portuguesa surpreendeu-me: Enganei-me nalguns prognósticos e, neste momento, não preconizo qualquer realinhamento precoce do escudo».
Sr. Deputado, posso referir-lhe ainda outro testemunho: João Salgueiro, que refere «as saudáveis contas externas e uma taxa de desemprego muito baixa permitem encarar o futuro com optimismo».
Portanto, Srs. Deputados, quem está cego ou quem quer ver o País? Foi esta a pergunta que há pouco dirigi ao Sr. Secretário-Geral do PS e à qual ele disse ir responder com seriedade, mas, infelizmente, não o fez.
Posto isto, insisto em dizer que esta interpelação só terá alguma utilidade - e aqui discordo do Sr. Deputado Nogueira de Brito - se, por acaso, vier a contribuir para definir bem as teses do Governo e da oposição. Mas se os senhores quiserem acabar esta interpelação sem definirem a vossa tese, o mal é vosso e não da interpelação!
Portanto, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, em desespero de causa, tomo a insistir nestas questões: como é que os senhores caracterizam a crise e com que fundamentos, se as próprias respostas dos empresários negam a vossa tese?
Em segundo lugar, em que ficamos: o Partido Socialista pensa que já devia ter havido desvalorização? Em quanto e quando? O Partido Socialista pensa que os aumentos salariais devem ser moderados, e em quanto? Considerou excessiva a proposta do Governo ou considerou-a pequena? Qual é, então, a do PS? Respondam Srs. Deputados, pois apesar da a interpelação ser vossa nem por isso ficam dispensados de responder.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Ferro Rodrigues.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Silva Marques, devo dizer-lhe que, pelos vistos, para além de ouvir mal também lê mal. De facto, ninguém falou em desvalorização deslizante. Talvez seja o Sr. Deputado que está a deslizar!

Risos do PS.

Realmente, o Sr. Deputado Silva Marques não é um técnico. Sabe-se que tem técnica parlamentar, embora hoje tenha demonstrado ter alguma táctica mas nenhuma estratégia.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Quanto às ilustres figuras de que falou, aproveito para dizer ao Sr. Deputado Rui Carp - que estava a ouvir muito atentamente - para, na próxima quarta-feira, na reunião da Comissão de Economia, Finanças e Plano, aprovar a proposta que o PS fez - e que os senhores manifestaram a intenção de boicotar - no sentido de permitir que os Srs. Drs. Silva Lopes e João Salgueiro, entre outros, venham à Comissão falar sobre a situação económica e sobre o Orçamento do Estado.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - O Sr. Deputado Rui Carp pede a palavra para que efeito?

O Sr. Rui Carp (PSD): - Para defesa da honra, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: -- Fica para depois, Sr. Deputado. Para já tem a palavra o Sr. Deputado Rui Rio, para pedir esclarecimentos.

O Sr. Rui Rio (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, quem desconhecer a realidade do País e vier à Assembleia da República ouvir o discurso de V. Ex.ª, e do Partido Socialista em geral, é capaz de acreditar que só há desgraças neste pais e que está eminente uma catástrofe. Ora, só pode dizer isso, porque V. Ex.ª se esquece de indicar alguns aspectos importantes, e fá-lo por que não lhe convém.
O Sr. Deputado não referiu aqui que a inflação em Portugal tem estado a descer e que se vai situar nos parâmetros em que apostámos no inicio do ano.

Vozes do PS: - À custa de quê?!

O Orador: - V. Ex.ª não referiu que a economia portuguesa está à beira de conseguir a convergência nominal; também não referiu que o produto interno bruto português tem crescido acima da média comunitária e que, nessa medida, a convergência real também não está esquecida.
De novo, V. Ex.ª não referiu que os salários reais dos portugueses vão crescer 4,5 % este ano. E ficava bem ao Partido Socialista vir aqui dizer - uma vez que andou todo o ano a discutir se a carga fiscal descia ou subia, tentando convencer os portugueses de que a carga fiscal subia...

Vozes do PS: - E subiu!

O Orador: - ... -, que os salários reais subiam! De facto, o que interessa ao povo português não é se a carga fiscal sobe ou desce, é se vivem melhor, se realmente os seus salários sobem ou descem. É isto que interessa, e é esta a mensagem que deixamos ao povo português.
Alias, trago comigo um «quadrozinho» muito engraçado, cuja fonte é a Comissão das Comunidades Europeias, que demonstra a evolução dos salários reais ao longo dos tempos - e V. Ex.ª, tem este «livrinho». Nele, pode constatar que sempre que o PS liderou um governo os salários reais baixaram em Portugal; e sempre que o PSD liderou um governo os salários real subiram em Portugal. V. Ex.ª também tem este quadro, com certeza.

Aplausos do PSD.

Mas a maior critica que o Partido Socializa faz, no âmbito da política económica, refere-se à política cambial. VV. Ex.as- dizem que o escudo está alto e defendem um realinhamento, para baixo. Também para esta matéria trouxe «livrinhos» - hoje vim cheio de «livrinhos» para não me enganar! Assim, tenho aqui um «livrinho» que é o Programa de Convergência - o Q2- que aponta para uma previsão de crescimento das exportações portuguesas de 2 % tenho um outro «livrinho», cuja fonte é o Instituto Nacional de Estatística, que aponta que as exportações portuguesas este ano vão crescer.