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420 I SÉRIE-NÚMERO 13

los. O Sr. Deputado leu-os e verificou que eram um contributo positivo.

Neste caso, gostaria de dizer que o exercício que devia ser feito nesta matéria, mas não é possível, era o de ver como é que estaria a indústria portuguesa se não houvesse PEDIP. O. Sr. Deputado sabe que, no domínio das ciências sociais, essa análise diferencial não é possível ser feita. Em ciências exactas é possível, neste caso não, pelo que não vale a pena estarmos a perder tempo.
O que posso dizer-lhe - é minha convicção profunda -, não como ministro, mas como cidadão que sempre esteve interessado nos problemas industriais, é que se não houvesse PEDIP naturalmente a indústria portuguesa estava em maiores dificuldades.
E essas dificuldades são devidas a quê, Sr. Deputado? Passo a elencar três conjuntos de razões.
A primeira, deve-se ao ajustamento que tinha de dar-se a nível micro-económico e com a nossa entrada na Comunidade, e que está a dar-se graças a uma maior abertura dos mercados. É uma situação que se está a verificar em todos os países europeus, e também em Portugal. Quando uma economia se abre, se expõe mais à concorrência externa, naturalmente tem de haver um ajustamento. A indústria portuguesa está a sofrer todo o impacto desse ajustamento.
Como segunda razão, todos conhecemos as condições financeiras adversas do passado. Aliás, o Sr. Deputado sabe o esforço que o Governo tem feito para, na sequência da liberalização dos movimentos de capitais, abrir à concorrência o nosso sector financeiro, para, daí, dar condições mais equitativas as empresas portuguesas em relação à Europa. É um esforço que não está ganho, o Governo, designadamente o Ministério das Finanças - e o Ministério da Indústria e Energia também tem colaborado -, está extremamente interessado nesta matéria.
A terceira razão, que o Sr. Deputado conhece, deve-se à crise económica internacional, que é muito uma crise económica europeia. Como sabe, na Ásia há crescimentos espectaculares, na América latina há também países com resultados animadores em crise económica europeia termos económicos, mas é uma crise económica europeia que, como tenho dito várias vezes, quando a economia europeia está com gripe, a economia portuguesa não pode deixar de se constipar ou de ter uns espirros porque estamos inseridos na economia europeia.
Por outro lado, o Sr. Deputado utiliza um termo que importa desmistificar. É incorrecto falar, em Portugal, de desindustrialização. E isto por uma razão muito simples: é que nós, infelizmente, nunca tivemos uma indústria forte. Se falarem em desindustrialização no Reino Unido, um país que foi líder do desenvolvimento industrial à escala mundial, eu aceito, mas falar de desindustrialização em Portugal quando sempre tivemos uma indústria fraca, com extremas fragilidades e vulnerabilidades, acho que o termo não é correcto. Há todo um processo, que já somariei e assumo totalmente, não o ignoro, pelo que penso que o termo desindustrialização é incorrecto.
Posso dizer, com todo o gosto, que a selectividade no PEDIP, como o Sr. Deputado teve o fair play de reconhecer, existiu, e cerca de 50% das empresas que se submeteram ao sistema de incentivos - e, aliás, aconteceu o mesmo no SIBR - foram reprovadas.

O Sr. Presidente: - Sr. Ministro, queira concluir.

O Orador: - Vou concluir, Sr. Presidente.
Lembro-lhe, Sr. Deputado Ferro Rodrigues, que há dois anos Deputados da sua bancada vieram criticar dizendo que o PEDIP não apoiava o sector têxtil - o que eles queriam é que eu fosse menos selectivo -, que era a selectividade do PEDIP que fazia com que muitas empresas não fossem apoiadas.
Por último, quero dizer-lhe que, eu próprio, fui talvez o primeiro a escrever em Portugal chamando a atenção para as omissões e para os perigos de uma leitura superficial do tal famoso pré-relatório Porter. Não subscrevo minimamente a ideia de ficarmos restringidos a sectores tradicionais. O exemplo do automóvel, que foi possível montar em Portugal na década de 80 mostra que podemos fazer um exercício semelhante para o ano 2000: prespectivar novos sectores industriais.
Portanto, Sr. Deputado, nesse aspecto, pode ficar descansado com o pensamento do responsável governamental pelo desenvolvimento industrial.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Ferraz Abreu): - Utilizando apenas um minuto, cedido pela Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins para formular o seu pedido de esclarecimento.

O Sr. André Martins (Os Verdes): - Sr. Presidente, Sr. Ministro, gostaria de colocar-lhe uma questão em relação à qual sempre tive curiosidade em saber a sua resposta, mas nunca tendo tido oportunidade de a fazer, e confrontá-lo com uma afirmação que fez há cerca de dois anos.
O Sr. Ministro introduziu, em Portugal, uma frase, uma expressão extremamente importante quando há cerca de três ou quatro anos se vivia aquilo a que se pode chamar a «fobia da eucaliptalização indiscriminada do território». Os resultados são conhecidos: a substituição indiscriminada de culturas tradicionais portuguesas, da floresta tradicional de uso múltiplo, sem ter em atenção as características do nosso território, a vivência, a qualidade e as condições de vida da nossa população do mundo rural. Essa situação levou a que, em 1991, as indústrias de celulose tivessem prejuízos na ordem dos 18 milhões de contos - e o Sr. Ministro conhece melhor do que eu esta situação, pois estes dados foram publicados pelo Governo - e, em 1992, dos 22 milhões de contos.
Em regiões importantes do nosso território, onde houve essa substituição do eucalipto pela floresta de uso múltiplo, verificamos que os eucaliptais foram abandonados, isto é, as empresas que investem na eucaliptalização deixaram de ter qualquer interesse.
A questão que coloco é esta, Sr. Ministro: aquilo a que, na altura, V. Ex.ª chamou «petróleo verde para Portugal», resultado da estratégia política do Governo, não se poderá designar hoje por «laranjas pobres» do actual Governo do PSD?

O Sr. Presidente (Ferraz de Abreu): - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Ministro da Indústria e Energia.

O Sr. Ministro da Indústria e Energia: - Sr. Presidente, Sr. Deputado André Martins, vou tentar fazer um esforço de síntese para responder à sua pergunta.
Gostava de dizer-lhe o seguinte: quando disse isso estava a visitar uma empresa portuguesa de papel em Setúbal e tinha acabado de fazer um importante investimento no domínio ambiental. Foi-me perguntado o que é que eu pensava do sector, tendo eu, então, dito que a floresta era