O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

644 I SÉRIE - NÚMERO 19

Se o PS, tal como teve mais eleitoral e mais presidentes de câmara, tivesse tido igualmente mais mandatos nas vereações - não teve e, sim, o PSD -, mais mandatos nas assembleias municipais - não teve e, sim, o PSD -, mais mandatos nas juntas de freguesia- não teve e, sim, o PSD -, então, dar-lhe-ia parabéns reforçados. Como compreende, não posse fazê-lo porque, desse ponto de vista, esse objectivo não foi cumprido.
Também não é correcto invocar a verdade das palavras para dizer que o PSD não teve nas eleições autárquicas um milhão de votos, ou seja, praticamente um terço dos que se registaram nas eleições legislativas de 1991 e pode dizer-se da mesma forma que esse milhão de votos não foi transferido para o PS, porque trata-se de eleições de natureza diferente. Se o Sr. Deputado António Guterres quer falar em nome da verdade d is palavras só tem de aguardar pelas próximas eleições legislativas para verificar como se distribui esse milhão de votos e estaremos cá para confrontá-lo com os resultados. O seu argumento não é sério nem é igualmente sério fazer idêntico raciocínio quanto às eleições europeias, porque deve comparar esses resultados com os das eleições europeias anteriores.
O Sr. Deputado António Guterres e o seu partido cumpriram o objectivo explícito. Não cumprimos o nosso, porque não tivemos a maioria «Ias câmaras, apesar de termos obtido mais presidências de Câmaras - 116 em vez de 114 - e mais mandatos nas vereações, nas assembleias municipais e nas juntas de freguesia do que tínhamos e de registarmos, desde sempre, o maior resultado nas autárquicas em termos de votos. Não são apenas os senhores que podem gabar-se desse facto, porque também tivemos o maior resultado de sempre em eleições autárquicas com mais 300000 votos.
O PS cumpriu claramente o seu objectivo expresso - honra ao PS -, mas não cumpriu o explícito, o tal objectivo político a que se referiu o Deputado Octávio Teixeira.
E não vale a pena esconder que havia um objectivo político. O Sr. Deputado pretendia atingir dois objectivos: um táctico e outro estratégico. Cumpriu o objectivo táctico, que enunciou, sendo o objectivo estratégico relativo à obtenção de uma vitória histórica do PS e o consequente desaire eleitoral do PSD. Isto foi dito à saciedade pelo Engenheiro António Guterres bem como pelos dirigentes do Partido Socialista dois meses antes do início da campanha. Todos disseram: «estamos à beira de um resultado histórico e o PSD, que vai afundasse, está à beira de um desaire eleitoral». E certamente que histórico se escreve com h (agá minúsculo e não maiúsculo), por ter o sentido cronológico de, historicamente, ter ocorrido no dia 12 de Novembro de 1993. Mas a verdade é que os senhores não atingiram o objectivo estratégico: o de colocar o PSD numa situação clara de recuo político, porque o PSD não perdeu votos, mandatos ou câmaras.
Nunca o disse publicamente por não ser essa a minha função como dirigente de PSD, mas não estranharão que lhes confesse aqui, hoje, que qualquer um de nós pensava que, em função da conjuntura difícil que se vive, com um ano económico mau, um aumento do desemprego relativo e da tensão social, o objectivo do principal partido da oposição - qual challenger a Primeiro-Ministro - era ficar a uma distância de 8 a 10 pontos percentuais do PSD. Ora, tal não sucedeu e o Sr. Eng.º António Guterres fez uma campanha eleitoral - no Fundo, em Loulé, em todos os concelhos do país - sem se referir aos programas dos seus candidatos e apresentando-se sempre como alternativa ao Primeiro-Ministro num discurso de crítica ao Governo como se estivéssemos a travar uma batalha legislativa.

O Orador: - Termino imediatamente, Sr. Presidente.
Ora, a confusão advém do facto de o objectivo estratégico de colocar o Partido Socialista na rampa de lançamento para constituir uma alternativa ao PSD não ter sido conseguida, de resto, da mesma forma como uma sondagem do Público revela que o PS continua a registar 37,5 % das intenções de voto contra 43 % no PSD...

O Sr. António José Seguro (PS): - Estamos a falar de votos e não de sondagens.

O Orador: - Quando as sondagens são favoráveis, todas as semanas os senhores falam nelas, quando o não são, metem-nas na gaveta como, em tempos, fizeram ao socialismo!
O Sr. Deputado António Guterres tem de explicar aos portugueses que só pode tentar ser alternativa ao PSD juntamente com o Partido Comunista Português. Muitos dos vossos dirigentes disseram na campanha eleitoral que iam fazer baixar os votos no PCP, mas como este partido manteve os resultados anteriormente obtidos, lançou o apelo - que já não é novo, pois com o Doutor Vítor Constando já houve a tentativa de realizar a convenção de esquerda - para a formação dos «Estados-gerais da esquerda».
Tiro a conclusão de que o Sr. Deputado António Guterres está, por essa via, a abrir caminho para procurar fazer, de uma forma ou de outra, um acordo com o Partido Comunista Português. Não faz sentido aquilo que aqui disse, porque é claro que, com estes resultados eleitorais, o Partido Socialista, sozinho, não é alternativa, ideia que gostava de ver melhor clarificada.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado António Guterres.

O Sr. António Guterres (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Duarte Lima, quero dizer-lhe que começou muito bem, mas acabou muito mal.
Porém, tenho de fazer-lhe justiça: começou bem porque teve a hombridade de desmentir, claramente, o que disseram o Primeiro-Ministro e o Secretário-Geral do seu partido e de, pela primeira vez, reconhecer que o PS ganhou as eleições e felicitá-lo. E devo dizer-lhe que, no seu partido, esse é um acto de coragem que me apraz registar.

Aplausos do PS.

Tentou argumentar com a não verdade dos números, mas demonstrei-lhe, matematicamente, os resultados a que chego; pode questionar o método de cálculo utilizado, mas reconhecerá a sua solidez.
O seu Primeiro-Ministro, na noite das eleições, também usou números e disse que o PS tinha ficado um ponto percentual à frente do PSD mas não há sondagem alguma, jornal algum, método algum que possa confirmá-lo. Essa é, rigorosamente, uma deturpação da verdade.
Em matéria de objectivos eleitorais, devo dizer que estou verdadeiramente espantado: definimos alguns muito limitados e dissemos sempre que pretendíamos ter mais votos do que o PSD. Nem sequer tínhamos a garantia de obter mais câmaras do que o PSD mas, quando me foi pedido que quantificasse esse objectivo, referi um resultado entre três e cinco pontos percentuais acima do PSD.
Nunca fiz qualquer referência ao PCP, não era essa a questão central para o Partido Socialista, nem nunca anun-