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16 DE DEZEMBRO DE 1993 645

ciei objectivos de derrota histórica fosse de quem fosse. Risos do PSD.
Mas quando o PS tem nestas eleições locais a mais alta

percentagem eleitoral de sempre, superior à registada nas
eleições para a Assembleia Constituinte, tem de reconhecer-se esta vitória histórica do Partido Socialista.

Aplausos do PS.

0 PSD teve um resultado nestas eleições que só não é
hoje reconhecido como uma hecatombe porque se iguala
ao que há quatro anos foi interpretado como tal. É a única
razão. Se há quatro anos os senhores não tivessem tido
uma hecatombe, hoje, todos diriam que a tiveram; registaram duas hecatombes e ficam muito satisfeitos por esse facto. Mas é óptimo para o PS que o PSD fique satisfeito
quando repete derrotas destas; o PS nunca fica satisfeito
com as suas derrotas e lutará sempre por transformá-las em
vitórias. Gostam de ser derrotados? Excelente! Continuem
assim que dão um óptimo contributo às nossas vitórias!
De seguida, o Sr. Deputado fez a comparação com o número de mandatos. Como as câmaras ganhas não serviram o seu
objectivo, focou o número de mandatos, o que é natural porque
o eleitorado do PS e do PSD têm hoje uma natureza. diferente
e, aliás, o resultado final ainda não está apurado, mas dou de
barato que possam ter obtido mais mandatos. 0 vosso é, hoje,
sobretudo, um eleitorado rural em zonas envelhecidas do País,

Protestos do PSD.

É verdade! Pode custar-vos muito reconhecê-lo, mas é
a pura verdade!
0 eleitorado do PS é hoje, sobretudo, urbano e pujante
com todas as suas vantagens e inconvenientes. Também é
verdade - e, por essa razão, a vossa hecatombe não foi
maior - que um eleitorado predominantemente rural também
tem as suas vantagens porque, apesar de mais envelheci
do, é potencialmente mais conservador e fiel. Reconheço
que o eleitorado do PS, de predomínio urbano, é mais
susceptível de reflectir cada situação concreta e de votar
mais de acordo com a análise política feita em cada momento.
Nesse ponto reside a vossa vantagem. Só que, se este aspecto chega para evitar que a hecatombe seja ainda pior,
não resolve o vosso problema, porque esse eleitorado tenderá naturalmente a diminuir no futuro.
Finalmente, a propósito da sondagem de que o Sr. Deputado Duarte Lima falou, vou fornecer-lhe um elemento
que talvez não conheça: sabe quais são os seus resultados
directos? 15to é, tem ideia dos números exactos no momento
em que as pessoas responderam? Os resultados directos
foram 44 % para o PS e 35 % para o PSD!

Protestos do PSD.

Só que a empresa responsável pelas sondagens publicadas
no Público usa um método de correcção dos resultados
0 Sr. Duarte Lima (PSD): - Como todas as sondagens!
0 Orador: - Não, nem todas. Sr. Deputado, deixe-me concluir porque estas coisas têm de ser vistas em profundidade.
Estava a dizer que essa empresa utiliza um método de
correcção segundo o qual é feita uma ponderação tendo
em conta as respostas dadas pelos inquiridos sobre a for
ma como votaram quatro anos antes.
Este método é hoje profundamente contestado na sociedade portuguesa porque, nos últimos seis meses, em to
das as sondagens publicadas no Público

Srs. Deputados, quando estamos a discutir a sério, aprendem se não conversarem uns com os outros...

Dizia eu que este método é hoje profundamente contestado na sociedade portuguesa porque, nos últimos seis meses, em todas as sondagens publicadas no Público, o PS aparece sempre à frente nas respostas directas e a correcção faz com que o PSD surja em primeiro lugar, o que só pode querer dizer uma de duas coisas: ou que o método é errado ou que a empresa selecciona sistematicamente uma amostra errada. Ora, uma empresa que selecciona sistematicamente uma amostra errada não merece qualquer credibilidade pelo que o número que consideramos válido não é o que foi citado pelo Sr. Deputado mas o que referi.
No entanto, tem toda a razão quando diz que, daqui a dois anos, estará em causa saber quem merece a confiança dos portugueses para governar o País. Destas eleições, partimos com uma vantagem relativa importante e mais perto de uma maioria absoluta do que o PSD, o que nos dá inequivocamente, em termos do diálogo sobre a estabilidade, uma óbvia vantagem política.

Vozes do PS: - Muito bem!

0 Orador: - Mas o veredicto dos portugueses dependerá muito do que o vosso Governo e a oposição fizerem nos próximos dois anos. 0 resultado das eleições, que terão lugar daqui por dois anos, não pode ser antecipado por ninguém, mas é ele que vai medir o mérito de cada uma das nossas forças.

Aplausos do PS.

0 Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Nunes Liberato.

0 Sr. Nunes Liberato (PSD): - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Nesta fase final do ano de 1993, a actividade política do nosso País foi particularmente marcada pela realização, no último domingo, das eleições autárquicas.
As eleições autárquicas destinaram-se a eleger os responsáveis autárquicos. Centenas de milhares de cidadãos candidataram-se às câmaras e assembleias municipais e às assembleias de freguesia, por todo o País.
A descentralização política e administrativa, que tem ocorrido em Portugal, deu oportunidade a essas centenas de milhares de pessoas de colocar ao dispor das populações o seu trabalho, a sua doação à causa pública e a sua vontade de servir.
Cedo, os adversários políticos do PSD procuraram atribuir um significado nacional a estas eleições. Alguns analistas e agentes políticos previram a hecatombe e a humilhação para o PSD. Houve jornais que apresentaram sondagens fabricadas, atribuindo votações de 52 % para o Partido Socialista e de pouco mais de 20 % para o PSD. Outros levantavam a questão da dissolução da Assembleia da República, na sequência das eleições autárquicas.
Desenvolveu-se uma das maiores campanhas de intoxicação da opinião pública a que assistimos em Portugal. 0 principal partido da oposição, durante todo o período da pré-campanha e campanha eleitorais mostrou a sua verdadeira face e comportou-se com arrogância e euforia tão triunfalistas quanto descabidas. Alguns dirigentes proclamaram que as eleições «estavam no papo» - quase que já não era preciso realizá-las!...