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56 I SÉRIE - NÚMERO 2

Sobre este ponto de vista, esteja o CDS-PP sossegado com a "estabilidade". As únicas acções ilegais são aquelas que emanam de um pequeno grupo de dirigentes políticos que tentarão até ao limite usar a Ponte para objectivos da oposição. Ainda estamos à espera que o CDS-PP, que se apresenta como um partido de ordem, as condene unicamente e abandone a posição ambígua que desde o início assumiu.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - 0 CDS, a "fortaleza das convicções", seguiu aqui o princípio de que tudo o que vem à rede é peixe - excelente exemplo bem pouco ético de oportunismo político.

Aplausos do PSD.

Quanto à OPA que o BCP pretendia fazer sobre o BPA - e muito significativamente o CDS nunca fala do BCP! -, é legítimo exprimir dúvidas e inquietações sobre o sinal que o Estado dá à sociedade ao intervir tão claramente numa altura em que o processo de privatizações já deveria ter assegurado uma menor dependência do livre jogo dos agentes económicos face a um Estado que só residualmente deveria intervir. Mas já é de todo ilegítimo afirmar, como o fez o Dr. Monteiro, que o Governo actuou porque o PSD defende a "promiscuidade entre gestores e governo" e quer "proteger os amigos e Financiadores do PSD".
São graves acusações e um puro processo de intenções que desqualifica quem assim faz política. Como reagiria o CDS se disséssemos que as dependências profissionais de alguns dos seus dirigentes máximos - a começar pelo seu presidente a quem qualquer princípio de incompatibilidades impediria de falar sobre esta matéria - os tornava num "grupo de amigos do BCP"?

0 Sr. Silva Marques (PSD): - E empregados!

0 Orador: - Que diria o CDS se o acusássemos de ser um partido que usa a sua intervenção pública para defender interesses económicos, tendo uma posição "interessada" na OPA talvez porque aí tem "financiadores"?
Não o dissemos nem o diremos, mas a fácil reversibilidade deste tipo de acusações talvez ensine a direcção do CDS a não ter a insuportável arrogância e correlativa irresponsabilidade das suas palavras e a aceitar que as posições que toma são posições políticas e não as disfarçar com invectivas morais para lhes dar eficácia.

Aplausos do PSD.

Se vale tudo, mesmo transformar em acusações políticas meros processos de intenção, então não se queixe o CDS de provar da sua própria medicina...
E também, se quisermos usar o estilo hiperbólico do CDS-PP, teríamos que dizer que a maior das hipocrisias do partido é a que diz respeito à Europa. 0 CDS-PP também aí oculta e disfarça o que realmente quer por covardia política, também aí o CDS-PP ilude os portugueses, porque a "fortaleza de convicções" não tem coragem de dizer o que realmente quer porque sabe que isso revelaria a completa inconsistência da política do CDS-PP e os seus riscos para a própria sobrevivência de Portugal.
Preto no branco - a política que o CDS-PP cuidadosamente esconde tornaria Portugal no país mais dependente da Europa, condenado irremediavelmente a ficar ao lado, condenado a apenas poder ser, talvez, um candidato à união do magrebe árabe. 0 CDS-PP encontrou agora um novo monstro - a Europa. No dizer exaltado do Dr. Monteiro, há "subserviência do Estado português em relação à Europa", destruindo o País e criando um "Portugal menos português". Tudo grandes palavras, mas pequeníssimas ideias. Tudo do domínio da pura asneira e, mais grave ainda, da pura irresponsabilidade.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - 0 CDS-PP não se considera obrigado a dizer que alternativa existe e não tem a coragem de defender a saída de Portugal da União Europeia.

Aplausos do PSD.

Não! Ele acha que a "Europa" nos deve apoiar economicamente (isso ele não questiona) e nós devemos continuar como sempre sem contrapartidas, sem esforço e sem mudança: um pequeno país isolado, com fronteiras fechadas, uma economia ineficiente e ultraprotegida, uma sociedade paroquial e provinciana, então
sim - completamente mendicante. 0 Dr. Manuel Monteiro devia voltar a ler Eça de Queirós, um dos raros autores que afirma ter lido, para perceber que o Portugal dos filmes de António Lopes Ribeiro já acabou há muito, e ainda bem!

Aplausos do PSD.

Porque, por detrás da bela fachada de felicidade dos filmes, das ruas limpas e dos comboios que chegavam a horas, permanecia uma dura e brutal miséria, uma vida amarga e sem perspectivas, na "paz" da censura e na violência da repressão. E, no entanto, estávamos "orgulhosamente sós". E, no entanto, estávamos completamente dependentes.

Aplausos do PSD.

Para eles, não é a modernização e o desenvolvimento, o retirar Portugal da periferia e do atraso económico, social e cultural que garante a independência do País, mas as proclamações grandiloquentes dos líderes políticos. Eles pensam ridiculamente que um Portugal pobre e subdesenvolvido, ao lado da fronteira de uma Europa que começaria em Espanha, teria qualquer sombra de independência e funcionaria como um pólo de atracção para o Brasil e África. É exactamente o contrário - é um Portugal, país europeu de pleno direito, integrado sem complexos numa comunidade de nações democráticas e desenvolvidas em que dá e recebe (e não apenas recebe) que garante não só a sua independência como a sua capacidade de atracção para o mundo lusófono.

Aplausos do PSD.

Não há maneira mais eficaz de amesquinhar Portugal e os portugueses do que os transformar numa espécie de super-homens que, chegados à "mesa" - porque deve ser uma mesa -, a "mesa do orçamento da Europa", fariam tremer o mundo apenas pela sua presença, embaixadores de um país cujas abstractas canhoneiras o Dr. Monteiro pensa que garantiam a sua "diferença" e "invulgaridade", o que são formas envergonhadas de ele dizer que acha que é "melhor" do que os outros, coisa que não tem coragem de dizer, mas pensa, porque também se acha melhor que todos nós e porque tem uma noção muito hierárquica do mundo, em que há demasiados chefes, líderes e senhores e dependentes, subordinados e criados.