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21 DE OUTUBRO DE 1994 51

0 Sr Manuel dos Santos (PS): - Sr. Presidente, através de V. Ex.a, queria contribuir para o esclarecimento que o Sr. Primeiro-Ministro está a dar ao País e à Câmara, entregando a V. Ex.ª e à Mesa mais uma folha do relatório que o Sr. Primeiro-Ministro tem citado, onde, concretamente, se mede o consenso público relativamente às políticas do Governo e onde a nossa classificação desce de
5.º lugar para 19.º - portanto, 14 pontos abaixo daquilo que o Sr. Primeiro-Ministro refere!

Protestos do PSD.

0 Sr. Presidente: - Também para interpelar a Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Nogueira de Brito.

0 Sr. Nogueira de Brito (CDS-PP): - Sr. Presidente, a minha interpelação é também, tal como as que foram feitas até agora, para produzir um esclarecimento em relação à resposta do Sr. Primeiro-Ministro.
0 Sr. Primeiro Ministro pode estar sossegado quanto à minha linha de intenções e quanto à vontade com que estou a apresentar a moção de censura: é total, Sr. Primeiro-Ministro! Esteja descansado! Esteja descansado!

0 Sr Primeiro-Ministro: - Não acredito!

0 Sr. João Amaral (PCP): - Ele está descansadíssimo! Descansado e contente!

0 Sr Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Adriano Moreira.

0 Sr. Adriano Moreira (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr Primeiro-Ministro, se esta moção de censura não tivesse importância, certamente não se teria manifestado o empenhamento de tantos Deputados para discutirem o tema que o CDS-PP trouxe à Assembleia. E devo dizer-lhe que não considero que este acto tenha sido um daqueles que mais contribuem para consolidar o sistema e restabelecer, repor o prestígio, bastante abalado, desta Assembleia. Eu tinha intenção de ser um pouco mais largo na minha pergunta, mas algumas circunstâncias do debate levam-me a restringir a intervenção.
Queria dizer a V. Ex.ª o seguinte: o sujeito principal deste debate devia ser o povo português, deviam ser os problemas da comunidade portuguesa. Mas, durante estas horas que aqui já passámos, aquilo que principalmente ouvimos discutir, e com muita contribuição do Sr. Primeiro-Ministro, foi a confiabilidade das intenções dos responsáveis pelos partidos, as combinações, as jogadas, a mentalidade conspirativa que, porventura, lavra entre os responsáveis políticos. E até, reincidindo V. Ex.ª num defeito que já tive ocasião de lhe apontar nas suas intervenções, levando-nos a esta conclusão: que, tendo obtido uma maioria de 51 % do eleitorado português, esses 51 % representam a parcela confiável do povo português porque os outros 49 % só escolhem representantes incapazes, partidos não confiáveis, gente que não é capaz de formular alternativas! 15to dá uma imagem do País que me custa a aceitar porque, desde 1989, só ouvi aplicar uma imagem semelhante ao Ruanda! Penso que o País não pode estar dividido nestas duas tribos: uma, razoável, confiável, responsável, inteligente, produz líderes; e a outra, pobre gente, que se encontra representada por restos, por quantidades depreciáveis dos interventores na vida política portuguesa! Naturalmente que isto magoa as pessoa, excita os ânimos e não é adjuvante no sentido de fazerem justiça uns aos outros.
Queria dizer ainda, pessoalmente, que me sinto sempre incomodado quando é afectada a dignidade de uma pessoa porque sei que o toque na dignidade de uma pessoa é o toque na dignidade de todas as pessoas! É a concepção cristã que nós professamos!

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Por isso mesmo, vou restringir, pelo ambiente criado, a minha questão recorrente à sua referência, já costumeira, à Europa.
Devo dizer-lhe que também não apreciei a maneira como referiu o Partido Popular Europeu. Vejo que sabe dele mais do que eu. Eu não conheço o processo político interno que levou o Partido Popular Europeu à decisão que vejo que conhece bem - a mim não me foi participada. Sei, em todo o caso qual é o projecto europeu que está neste momento dominando esse sector, também sei de onde vêm os financiamentos das acções políticas e sei como são alimentados os orçamentos. 15so sei! Da intriga, não sei!

0 Sr Rui Carp (PSD): - Mas o Manuel Monteiro sabe!

0 Orador: - Mas queria fizer-lhe uma pergunta concreta: constantemente, o Sr. Primeiro-Ministro nos diz que se trata da Europa! V. Ex.ª não tem dúvidas de que eu sou partidário da integração europeia - declarei já neste Parlamento qual era a minha posição. Também não tenho dúvidas em informá-lo de que o meu mestre nestas matéria se chamou Coudenhove Kalergi - o pensamento dele está vigente em instituições que o sustentam! E isso põe-me completamente à-vontade para dizer o seguinte: de todos os líderes europeus que conheço, de todos recebi uma noção de Europa, e não são coincidentes! Desde Churchill a Havel, os conceitos são extremamente divergentes.
Gostaria que o Sr. Primeiro-Ministro dissesse ao Parlamento e ao País qual é o seu conceito de Europa. Indique-nos um texto seu para meditarmos sobre qual é o seu projecto de Europa! 15to pelo seguinte: é que nós não podemos ir para a Europa como o Cristóvão Colombo foi para a América, porque ele não sabia para onde ia e morreu sem saber aonde tinha chegado! Nós precisamos de um conceito orientador!

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

0 Orador: - Eu tenho-o. Estou em minoria, no meu partido. Peço-lhe que nos ajude dizendo-nos qual é o seu, sobretudo fornecendo-nos o texto em relação ao qual possamos concentrar as nossas atenções.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem!

0 Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr Primeiro-Ministro.

0 Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Prof. Adriano Moreira, volto a dizer aquilo que disse quando comecei a responder ao seu colega: aqui, essa bancada é hoje o rosto do CDS. As pessoas podem merecer, como merecem, todo o respeito e admiração, mas eu estou a responder ao partido que apresentou uma moção de censura para derrubar o Governo.
Terminou com a história do Cristóvão Colombo. Só faltou acrescentar a última parte: é que era socialista, alguém