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48 I SÉRIE - NÚMERO 2

mentira do que eu disse. É muito simples! Faço aqui, publicamente, o desafio aos órgãos de comunicação televisivos que existem em Portugal para dilucidarem esta questão.

Protestos do PSD.

Por que é evidente que o Sr. Professor Cavaco Silva, já então Primeiro-Ministro, durante todo o seu primeiro mandato, fez a sua ascensão à maioria absoluta na base de um ataque constante não só aos Srs. Deputados - o que era frequente- como à classe política.

O Sr. Vieira de Castro (PSD): - Não é essa a questão! É a questão de Águeda!

O Orador: - E esse episódio que referi - e que repito - foi o episódio mais marcante da total ausência de escrúpulos com que o então Primeiro-Ministro fazia esse constante ataque. E, portanto, fica feito o desafio e com certeza que se apurará a verdade.

Protestos do PSD, batendo com as mãos nas bancadas.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, quero dizer perante esta Câmara que, nessa altura, eu não fui a Águeda. Não me recordo qual foi o membro do Governo que se deslocou a esse incêndio, mas não fui eu.

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Olhe, que eu vi.

Vozes do PSD: - Esteja calado! Mentiroso!

O Orador: - E não posso deixar de manifestar aqui um vivo protesto por aquilo em que o Sr. Deputado volta a insistir. O ano de 1986 está já longe e para se inteirar do que se estava a passar nesse incêndio deve ter ido algum Membro do Governo, mas não eu. Mas, mesmo que eu tivesse lá estado, uma coisa afirmo nesta Câmara com toda a segurança: o meu comportamento nunca tenha sido nada - mas nada! - parecido com aquele que o Sr. Deputado acabou de insinuar nesta Câmara.

Aplausos do PSD.

Sr. Deputado, às vezes, sentimos uma certa revolta por estar na vida política e por assistir a que esta seja encaminhada para veredas que não tem nada a ver com a dignidade e a ética que imaginamos para essa vida política. O Sr. Deputado fez aquilo que poucas pessoas me conseguiram fazer nestes últimos nove anos! conseguiu ofender-me verdadeiramente!

Aplausos do PSD, de pé

O Sr. Presidente: - Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Manuel Alegre.

O Sr. Manuel Alegre (PS): - Sr. Presidente, peço a palavra porque penso que, em matéria de honorabilidade, é necessário o máximo rigor.
Não sei a que incêndio nem a que declarações se referiu o Sr. Deputado Manuel Queiró - por quem, aliás, tenho a máxima amizade e consideração-, mas, no que se refere ao enterro dos bombeiros mortos em Águeda, devo dizer que estive nesse enterro e que estiveram presentes o Dr. Mário Soares e o Dr. Eurico de Melo, mas que o Professor Cavaco Silva não estava presente.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Silva Marques.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Sr. Presidente, quero dizer que se o Sr. Deputado Manuel Queiró tem um mínimo de vergonha deve referir-se imediatamente aos Deputados do PSD que há pouco invocou, sob anomimato, para sustentar a sua gravíssima acusação. Se o Sr Deputado tem um mínimo de vergonha, deve nomeá-los imediatamente.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma interpelação à Mesa, tem a palavra o Sr. Deputado Narana Coissoró.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, em nome da minha bancada, devo dizer-lhe que, no debate político, V. Ex.ª não deve tomar como qualquer ofensa pessoal...

Protestos do PSD.

... qualquer referência, mesmo que desfocada do acontecimento. Com certeza que o Sr. Deputado Manuel Queiró não quis ofender o cidadão. Professor Cavaco Silva...

Protestos do PSD.

... e V. Ex.ª deve pôr as coisas como elas são, ou seja, no plano de puro debate, mesmo que a invocação de um acontecimento não tenha sido rigorosamente feita. Porque desta bancada, Sr. Primeiro-Ministro, nunca haverá a intenção nem nunca haverá a possibilidade de querer ofender V. Ex.ª, qualquer Ministro ou qualquer Deputado na sua honra e dignidade pessoais. Pode estar V. Ex.ª certo e com certeza é isso que deve ter presente e não estar aqui como vítima de um insulto pessoal.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Se ele tivesse vergonha, pedia desculpa!

O Sr. Presidente: - Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, se me permitem, gostaria de tecer uma brevíssima consideração: o debate político e essencial à vida democrática, mas ele tem as suas regras, embora na paixão política, por vezes, se digam coisas que não queremos. Neste sentido, suponho que é tempo de considerar encerrado este pequeno incidente.
Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado André Martins.

O Sr. André Martins (Os Verdes) - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, apesar de tudo, consideramos que o senhor hoje tem fortes razões para estar satisfeito, porque, para além desta benesse do CDS, V. Ex.ª tem oportunidade de, no início desta sessão legislativa, repetir aquilo que disse nas horas de antena nas televisões no final da passada sessão legislativa, a propósito do debate sobre o estado da Nação. No entanto, como para nós é fundamental o debate e é importante ter aqui o Primeiro-Ministro, não podíamos deixar de questioná-lo sobre algumas coisas que têm por base a nossa posição de sermos a favor das moções de censura