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21 DE OUTUBRO DE 1994 43

Em primeiro lugar, traz a história do Parlamento Europeu e dos Deputados que saíram, discurso que já fez e que até levou o Dr. Lucas Pires a fazer contra o CDS-PP. Afinal, o povo português julgou nessas eleições a forma como o Dr. Manuel Monteiro se portou perante o Parlamento Europeu e o CDS-Partido Popular, tendo obtido a votação que obteve; ele subiu e V Ex.ª baixou, perdeu as eleições europeias, de modo que não tem qualquer legitimidade democrática para trazer aqui uma conversa que o povo português já julgou - e bem - dando a percentagem de votos que deu do CDS-Partido Popular, ao Dr. Manuel Monteiro.
Em segundo lugar, V. Ex.ª abordou aqui aspectos que, efectivamente, nada têm a ver com este debate. Constantemente, perguntamos por que e que este Governo está a contradizer-se a si próprio, durante os quatro anos, mudando as políticas, bem como os Ministros! V. Ex.ª em vez de dar resposta às contraditórias políticas de educação, saúde, finanças e relações com o Banco de Portugal, ele., vem aqui fazer um ataque, dizendo: «Não gosto de atacar pessoas que não estão presentes». Contudo, veio fazer um ataque a uma pessoa que não está cá, mas que foi recebido por nós e ao qual responderemos.
Não está aqui em causa o que o Dr. Manuel disse ou deixou de dizer. De acordo com o regime parlamentar da moção de censura, há que apresentar os fundamentos, aos quais o Governo deve responder. Mas V. Ex.ª não traz consigo os seus ministros sectoriais. Esperemos que eles venham amanhã, para responder a tudo quanto aqui foi dito.
Neste momento, perguntamos por que é que V. Ex.ª faz aqui uma operação de marketing, de desvio de tiro, dizendo que o CDS é isto e o Partido Popular é aquilo ou o que é e o que não e a classe política, quando não a o Dr. Manuel Monteiro que está sob censura. Quem está sob censura é o Primeiro-Ministro e o seu Governo, e nós trazemos problemas concretos!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Quais?

O Orador: - Problemas esses que foram apresentados e sobre os quais queremos ouvir uma resposta. Mas V. Ex.ª não quer responder a esses problemas. Porquê? Por que razão não quer falar sobre todos aqueles assuntos a que o Sr. Deputado Nogueira de Brito se referiu, um após o outro? E V. Ex.ª dispunha de tempo para falar! Porque não há, então, resposta? Porque faz manobras de diversão?
Por que razão se apresenta como um grande democrata, um generalista que traz os grandes problemas políticos, mas que são de politiquice barata, porque o seu partido, através do Pacheco Pereira, todas as semanas, seja na televisão, seja no Expresso, seja no Diário de Notícias, não faz mais do que V Ex.ª fez hoje, do alto da tribuna?!
De facto, V. Ex.ª não tem de repetir, constantemente, o que o Pacheco Pereira escreve no Diário de Notícias, no Expresso ou diz na televisão, porque V. Ex.ª tem mais categoria do que o Pacheco Pereira! Esperamos, efectivamente, que V Ex.ª, como Primeiro-Ministro, venha dar uma resposta política aos assuntos políticos de que falámos. Não faça artigos nem discursos de opinião, porque não é isso que o País espera de si. O que o País espera de si é que responda às políticas da saúde, da educação, da segurança social e de todas as outras de que o Sr. Deputado Nogueira de Brito falou.
É isso que esperamos de si, da moção de censura e deste debate.

Vozes do CDS-PP: - Muito bem'

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr Presidente, Sr. Deputado Narana Coissoró, quanto à minha presença aqui, já passou o tempo em que, em momentos cruciais da vida política portuguesa, os primeiros-ministros não vinham à Assembleia da República!

Aplausos do PSD.

Tem de reconhecer que nunca faltei, nesta Casa, a nenhum debate importante, para falar com liberdade, tal como o Sr. Deputado
Sr. Deputado, tenho imensa consideração, estima e respeito por cada um dos Deputados da sua bancada. Que não restem dúvidas quanto a isso! Tenho mesmo apreço pela vossa elevação intelectual
Todavia, compreendo que os senhores se sintam chocados, diria até «envergonhados», pelas posições actuais do CDS, porque podem pensar que estão a ser incoerentes com aquilo que defenderam ao longo dos anos, isto é, com os princípios que afirmaram nesta mesma Casa.
Mas não posso esquecer que os senhores são o rosto do CDS e, por isso, tem de compreender - não sou eu o culpado- e ouvir as verdades. Pode custar ouvir as verdades!

O Sr Narana Coissoró (CDS-PP): - Não custa nada!

O Orador: - Compreendo que possa custar muito aos senhores, pessoas que respeito e ate admiro, ouvir as verdades em relação à nova direcção do CDS. Porque Deputados que dizem que respeitar o passado é um dever dos políticos não podem deixar de sentir algum embaraço com mudanças que são quase de 180º. Digam-me, sinceramente, este CDS tem alguma coisa a ver com aquele que VV. Ex.ªs, Srs. Deputados, defenderam ao longo dos anos!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E até aqui nesta própria Casa?

Aplausos do PSD.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Tem. sim, senhor!

O Orador: - Sr. Deputado, quando se ouve um candidato do CDS ao Parlamento Europeu aconselhar os agricultores a cortar estradas, diga-me lá isto tem alguma coisa a ver com a democracia cristã?! Digam-me!
Os senhores, pelos princípios que defenderam no passado, não acredito que se identifiquem com este tipo de comportamentos. Cavalgar os acontecimentos, tentar cavalgar a agitação não pode ter nada a ver com o partido que os senhores ajudaram a fundar ou a crescer, por isso compreendo o vosso embaraço!
Têm de interpretar as minhas palavras como dirigidas ao partido e não às pessoas Não posso deixar de fazer isso, porque os senhores, como partido, podem falar de OPV, de OPA, de BT, de PEDIP, de PIDDAC. de PROCOM, de REDEX, mas há uma coisa que vos falta como partido: a credibilidade para apresentar caminhos novos, propostas alternativas para o País!

O Sr Manuel Queiró (CDS-PP): - Essa agora!

O Orador: - E ter uma ideia credível para Portugal. É isso que lhes falta! E o Sr. Deputado não pode esquecer que