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38 I SÉRIE - NÚMERO 2

Aplausos do PS.

E a fuga às questões substanciais é compreensível, porque se o debate for sobre as questões substanciais, o Sr. Primeiro-Ministro perde! E perde nos seus próprios termos, porque este Governo, o Governo desta legislatura, é incompetente, nos seus próprios termos! O critério de competência que várias vezes nos ditou do cimo dessa bancada foi o de que o Governo seria competente se Portugal crescesse mais do que a média europeia, se Portugal se aproximasse da média europeia.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador:- Ora, em 1992, 1993, 1994 e 1995, nos quatro anos desta legislatura - e e esta legislatura que está em causa-, Portugal, de acordo, aliás, com as suas previsões e as da Europa para 1995, terá crescido menos do que a média europeia, terá ficado para trás. Os portugueses estão cada vez mais distantes daqueles que são mais ricos do que nós e, pior do que isso, que, neste quatro anos, nos deram 2000 milhões de contos para que andássemos para a frente e nos aproximássemos da média europeia, se tivéssemos um Governo suficientemente competente para tal.
Peço-lhe, Sr. Primeiro-Ministro, que na sua resposta não venha com os dois argumentos demagógicos que costuma utilizar- e não qualifico a demagogia porque não quero entrar no seu estilo de linguagem.
O primeiro argumento é recordar o período de 1985 a 1989 É que por esse período já o Sr. Primeiro-Ministro foi julgado; foi julgado e passou. Agora o que um estudante universitário cábula não pode fazer e, quando chega ao exame e não sabe a matéria, argumentar que teve razoáveis notas no liceu!

Aplausos do PS.

O que agora, em 1995, está em causa é a forma como, de 1991 a 1995, este país foi governado. E, de acordo com o critério de competência do Prof. Cavaco Silva, o aluno Cavaco Silva está chumbado.

Aplausos do PS.

O segundo argumento é o de que, se as oposições ganharem, acaba tudo. Acaba a redução da inflação, as pensões de reforma, cresce o desemprego, ou seja, que, depois de si, vem o dilúvio Não há um único homem político que se tenha agarrado ao poder que não tenha dito que depois dele viria o dilúvio! Já todos passaram e o único dilúvio que a história regista e o da Arca de Noé! Depois de si, não virá o dilúvio! Depois de si, o mundo continuará! Depois de si, Portugal continuará e continuará a desenvolver-se!

Aplausos do PS.

E não nos acuse de demagogia por defendermos que aos trabalhadores portugueses, no ano de 1995, são devidos 6 % de aumento!

Vozes do PSD: - Ah!...

O Orador: - Nem nos acuse do acordo de concertação social se ter rompido por isso! Ele rompeu-se porque o senhor não quis sequer aceitar os 5 % que a UGT lhe propunha.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E eu pergunto ao Primeiro-Ministro, que não aceita sequer os 5 % que a UGT lhe propõe: então, para que serve a retoma que o senhor anunciou se ela não permite sequer pagar 5 % aos trabalhadores portugueses?

O Sr. Rui Carp (PSD) - Então, e o défice e a competitividade?!

O Orador: - Como e que quer que reajam os trabalhadores da função pública a quem. no ano passado, o senhor tirou 5 % do seu poder de compra, se. neste ano, não está sequer disposto a repor aquilo que eles perderam? Que retoma e esta? Que sentido tem a sua política? Quem é que faz demagogia em Portugal?!

Aplausos do PS.

A sua intervenção, Sr. Primeiro-Ministro, foge aos problemas do País, nomeadamente a esse triângulo fatal de que tenho falado e em relação ao qual o PS tem apresentado inúmeras propostas, que o senhor ignora ou rejeita: o triângulo desemprego/pobreza/criminalidade, três faces da mesma realidade.
Pego apenas numa, na criminalidade. Há dias, estive no concelho de Loures.

O Sr. Luís Geraldes (PSD): - Grande exemplo!

O Orador:- ... onde, para oito freguesias com 90 000 habitantes, há 35 guardas da GNR, colocados em Sacavém.

Vozes do PS: - Uma vergonha!

O Orador: - Como é possível garantir a segurança nas ruas com a incapacidade que o Governo vem revelando para compreender o problema, para eliminar as suas causas sociais e para aceitar a nossa proposta de polícias municipais, única que permitirá que, à porta das escolas e nos transportes públicos, haja polícias activas, sujeitas ao controlo dos cidadãos através da autoridade municipal?
Compreendo que o Sr. Primeiro-Ministro não seja sensível ao desemprego, à pobreza ou até à insegurança, até porque o vejo sempre, com a sua família, rodeado de guarda-costas.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas falo em nome das famílias portuguesas e como pai de família que todos os dias sabe que a sua mulher pode ser assaltada, à saída do Melro, por alguém com uma seringa na mão.
É para isso que quero respostas deste Governo, não na lógica de um debate que não tem sentido político, que não se dirige aos problemas nacionais, que só visa criar conflitos artificiais e que a ninguém serve, que é a lógica do seu debate e da sua intervenção, que a útil inocência do CDS-PP hoje aqui permitiu.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado António Guterres, V. Ex.ª merece-me a maior consideração,