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52 I SÉRIE - NÚMERO 2

pagava a conta e não sabia de onde vinha o dinheiro! Sabe disso? A história é essa!

Risos do PSD.

0 Sr. Adriano Moreira, (CDS-PP): - Ele não era socialista! Ele andava a "fazer pela vida"!

0 Orador: - V. Ex.ª sabe a história da mesma forma que eu sei!
Sr. Deputado, V. Ex.ª sabe muito bem que o seu partido tem feito críticas duríssimas ao Governo e ao Partido Social Democrata. Aliás, penso que, hoje, a única estratégia claramente conhecida, no plano político, do CDS-PP é o ataque ao PSD.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Até parece, às vezes, que a estratégia do partido se esgota aí! 0 PSD é o inimigo! É o inimigo principal! 15to é o partido. Os senhores podem ser todos simpáticos, todos pessoas que nós prezamos muito, mas o que está aqui em causa é o vosso partido, que escolheu para alvo principal dos ataques diários e permanentes o Partido Social Democrata. E ataque, permitam-me que volte a dizer, radical e demagógico em relação ao meu Governo!

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - E é isso que eu tenho de ter em consideração!
Voltemos à história desta moção de censura. Srs. Deputados da bancada do CDS, sei por que é que actuaram assim e vou, neste momento, revelar o que é minha convicção: os senhores pensaram que a agitação na Ponte se ia manter durante todo o mês, que ia continuar e não parava e que, depois, os senhores apareciam como os salvadores do diálogo democrático: "Aqui está, no Parlamento, a moção de censura e a agitação está na rua"! Só que o tiro saiu um pouco pela culatra!

0 Sr. Silva Marques (PSD): - Exacto!

0 Orador: - Porque o que ficou provado é que, quando não há uma organização clara, os cidadãos desenvolvem a sua vida com toda a normalidade. Foi isto o que falhou! 0 vosso líder lá fez a congeminação: concebeu um cenário para aqui e outro para acolá e, de facto, saiu, para toda a gente, como algo da cartola, esta moção de censura. Mas não sou só eu que o digo: a comunicação social di-lo, a oposição di-lo, todos o dizem!

0 Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Não dizem. É o contrário! 0 País gostou!

Risos do PSD.

0 Orador: - 0 País gostou?! Então, está bem!
Olhe, Sr. Deputado, de acordo com a última sondagem que conheço, não gostou nada! De acordo com a última sondagem, que tem muito poucos dias, não gostou absolutamente nada, e os senhores não sabem bem. Mas isso é outra matéria...
Voltemos ao debate. Então, como é que os senhores começaram? Volto a repetir, porque parece que se esqueceram - e não estamos aqui num debate sobre a Europa, a que já vim cá muitas vezes -, que tudo começou por um pedido ao Supremo Tribunal Administrativo. Seguidamente, era preciso fazer um espectáculo para a Assembleia da República e, então, era a sessão extraordinária. Depois, era preciso um espectáculo maior: ir ao Sr. Presidente da República!
Srs. Deputados, vão desculpar-me, mas tenho de referir novamente o que disse no meu discurso: em qualquer país da Europa, em qualquer país da Europa, repito, cujos acontecimentos os senhores observam pela televisão, se um partido político aparecesse a dirigir-se ao Presidente da República ou ao Rei, conforme as circunstâncias, a pedir, por circunstâncias semelhantes a convocação extraordinária da Assembleia da República, os senhores sabem tão bem como eu que essa força política ficaria coberta de ridículo.

Vozes do PSD: - Muito bem!

0 Orador: - Desculpem, é assim! Eu conheço a Europa, tal como os senhores a conhecem. Os senhores sabem os acontecimentos que têm lugar na Europa: em Espanha, Itália, França, Inglaterra ou em qualquer outro país. É isto que não pode ser esquecido!

0 Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - E sobre a Europa?!

0 Orador: - Sr. Deputado Adriano Moreira, se pedir um debate sobre a Europa, aqui estará o Governo. 0 Governo não foge ao debate. Em relação a textos meus, não quero impingir-lhos, de forma nenhuma!

0 Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Onde estão?

0 Orador: - 0 senhor já tem, com certeza, as suas prateleiras cheias e não vou mandar-lhe os discursos que tenho publicados sobre essa matéria. Mas nesta Câmara eu defendi, de forma clara e inequívoca, o Tratado da União Europeia. Disse aqui, claramente, que não é um modelo final, nem deve ser! As gerações futuras devem ter a possibilidade de ir determinando o caminho.
No que se refere à organização política, sou contra a imposição de um modelo final.
A Europa vai construir-se gradualmente, sem rupturas, assim o espero, de forma progressiva e de acordo com a vontade dos povos, num modelo que é original e que espero que permaneça original (uma comissão, um parlamento, um conselho europeu, um supremo tribunal de justiça, um tribunal de contas), uma Europa que se vai construindo. E, agora, em l996, vamos ter, novamente, um outro debate para ver como é que esta Europa, que pensava muito para seis, que evoluiu depois para 12 e, agora, vai ter que albergar l6 ....

0 Sr. Nogueira de Brito (CDS-PP): - Esse é que é o problema!

0 Orador: - ... pode responder aos desafios de um alargamento que pode levá-la para além da vintena. Mas é um debate que vem aí, e espero que esta Casa possa, de facto, participar nesse debate

0 Sr. Presidente: - Atenção ao tempo, Sr. Primeiro-Ministro.

0 Orador: - Logo, não temos uma Europa construída, no meu entender, temos uma Europa que está em construção, em que não é possível, nem convém absolutamente nada, antecipar esse modelo final.
Por isso, não acolho que me digam: esta federação, aquela confederação, esta tendência capitalista, a outra