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446 I SÉRIE - NÚMERO 13

Quero chamar a atenção dos Srs. Deputados - este é um problema importante - para uma das maiores mafias, se não a maior, que hoje se estabeleceu a nível internacional: a mafia da deposição final dos resíduos tóxicos. Já coloquei esta questão, aqui neste Plenário, à Sr.ª Ministra do Ambiente e pedi-lhe garantias de que esses resíduos tóxicos, originados nos países industriais - e Portugal não é um país industrial -, não viessem a ser tratados em Portugal. A Sr.ª Ministra respondeu-me que o Governo tinha decidido que tal não aconteceria, mas devo dizer com franqueza que não fiquei munido das garantias necessárias, porque a inércia e a pressão internacional para que esses resíduos sejam exportados dos países industriais para outros sítios é muito grande. Por essa razão, quero cumprimentar o Sr. Deputado Carlos Candal por ter trazido aqui este problema, em nome do seu distrito.
Quero igualmente chamar a vossa atenção para o problema nacional que temos e que precisa de ser resolvido, sublinhando que devemos manifestar abertura relativamente à sua resolução técnica e política e, ao mesmo tempo, censurar o partido majoritário que, há nove anos, governa sozinho e que agora acordou, à pressa, para este problema, não dando garantias aos cidadãos.

O Sr. Narana Coissoró (CDS-PP): - Muito bem!

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Candal, que dispõe de cinco minutos para o fazer.

O Sr. Carlos Candal (PS): - Sr. Presidente, agradeço todas as intervenções feitas, mesmo as que foram menos elegantes. Nem todos os Srs. Deputados conseguem dizer apenas aquilo que têm intenção de dizer e, por vezes, descomandam-se verbalmente. Mas eu tenho uma grande tolerância vou à televisão ao «Perdoa-me»! -, nomeadamente em relação ao Sr. Deputado Filipe Abreu, que disse que eu estava a lançar aqui um embuste. V. Ex.ª terá de ver o que isso é e admito que não o saiba, porque, de contrário, tinha de me melindrar e eu, zangado, sou muito «chato». Só que não vale a pena zangarmo-nos, porque sei que o Sr. Deputado é uma pessoa muito bem intencionada e que, portanto, não teve a intenção de ser agressivo para comigo, até porque não o mereço.
Agora, o que também não mereço é que me empurrem. Sou «maior e vacinado», ando nisto da política há muito tempo, antes e depois do 25 de Abril, e só vou para onde quero! Não vim aqui falar em nome do PS, mas como Deputado por Aveiro, que, por acaso, é do PS. Não vim aqui fazer críticas ao Governo - pelo menos, directas - e não me deixo também empurrar contra o Governo, por uma razão simples: embora me chamem leviano e insensato, tenho a noção das realidades. É evidente que partidarizar este problema é desfalcar a solidariedade que as populações têm tido na defesa local dos seus interesses.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Exacto!

O Orador: - E, antes da demagogia da caça ao voto, interesso-me, substantivamente, pela defesa das expectativas e direitos das populações.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Ainda bem que está a entrar no bom caminho!

O Orador: - Só que, Sr. Deputado Silva Marques, o meu caminho tem sido sempre o mesmo e linear.
O Sr. Deputado Manuel Queiró, sensatamente, diz que este problema está a entrar numa fase de rotura e que todos somos culpados dele. Certo! Mas, então, assumamos todos as culpas e, conjuntamente, sem a tal demagogia que não quis fazer - tenho a minha maneira de ser e de intervir e o estilo é o homem -, entendamo-nos para soluções de interesse nacional. Aveiro não quer ser mais do que qualquer outro sítio, mas o que também não quer é ser menos! E não o será! Entendamo-nos, discutamos e solucionemos os problemas com as técnicas modernas.

Aplausos do PS.

O Orador: - Já falei aqui e certamente que muitos dos Srs. Deputados nunca ouviram falar nisso - eu também não tinha ouvido antes de estudar - na bio-remediação. Honestamente, qual de VV. Ex.ªs é que já ouviu falar nisso? Quem é que já ouviu falar na - tenho aqui uma cábula, porque o nome é esquisito - pirólise de plasma? Quantos de VV.º já ouviram falar nisto? São as técnicas modernas de tratamento dos lixos tóxicos, venenosos e mortais - e nem são caras.
O Sr. Deputado Casimiro de Almeida faz uma confusão que o Sr. Deputado Olinto Ravara também fez e continua a fazer. Ontem, tive oportunidade de me explicar, só que ou me expliquei mal ou Sua Excelência não entendeu. O Sr. Deputado Casimiro de Almeida diz que já viu instalações deste tipo ao lado de refeitórios e parques de lazer e o Sr. Deputado Olinto Ravara faz a mesma confusão e ainda não aprendeu: estes aterros não são aterros de cascas de batata e de talos de couve, daqueles restos que se davam, com sua licença, ao porco, nos tempos de outrora! Estes são outros. Estes são mortais! São perigosos! São irreversíveis e perduram por gerações! Contaminam por quilómetros! Entenderam, Srs. Deputados?! Não volto a explicar-lhes!
O Sr. Deputado Casimiro de Almeida falou também do problema do aterro de Oliveira de Azeméis. V. Ex.ª andou por lá, por sinal, eu não trouxe o problema aqui porque não tinha dimensão parlamentar, mas interferi nisso. E V. Ex.ª não sabe, mas fica agora saber que alguns dos textos que andou por lá a discutir e a aprovar foram feitos por mim no meu escritório, gratuitamente, numa perspectiva conciliadora dos interesses em jogo e numa perspectiva de remediação e de paz. Só que não era um problema nacional, era um problema pontual e local.

O Sr. Silva Marques (PSD). - Muito bem!

O Orador: - Quanto à insinuação de que os técnicos da Universidade de Aveiro são corruptos, quero dizer o seguinte: em 1955, fiz parte de uma comissão, constituída pela Sr.ª D. Ermelinda Damas, pelo Professor Orlando de Oliveira e por mim próprio, que fez o primeiro estudo para a implantação de uma Universidade em Aveiro - era eu então caloiro em Direito, já lá vão muitos anos.
Por isso, é evidente que sou a favor da Universidade de Aveiro, que quero a Universidade de Aveiro na minha terra, que gosto do fomento e do desenvolvimento da Universidade de Aveiro, só que isso não quer dizer que não seja crítico e que não tenha reservas, não contra a instituição, mas concretamente contra professores da Universidade de Aveiro e diga que há, em Portugal, uma preocupante promiscuidade entre a inteligência universitária, os políticos de acção e os grandes negociantes dos interesses comerciais económicos.
Essa é a minha reserva e ninguém me desminta porque, senão, cito nomes, dou exemplos e faço denúncias! Há