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1190 I SÉRIE - NÚMERO 33

O Sr. Silva Marques (PSD): - Incompreensível, porquê?!...

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Mas ele deve disputá-las!

O Orador: - ... e o senhor não se mostra ofendido com ela!... Essa, sim, é incompreensível!... O que eu queria era poder compreendê-la!...

Vozes do PSD:- Ah!...

O Orador: - E, quando me dizem que ele tem o direito ao silêncio, eu só posso responder: Não tem!... E não o tem nem jurídica nem politicamente, porque quando há o dever de não silenciar o silêncio equivale a uma infracção!...

Vozes do PSD: - Ena!...

O Orador: - Ah, sim!... Política e juridicamente é assim!... Tenham paciência e metam isso no vosso espírito.
Depois perguntou se uma questão do PSD tem dignidade suficiente para eu com ela me preocupar. Para mim tem!... Para o senhor não tem?!... Lamento que não tenha!... O senhor está a ser um mau militante do seu partido, porque, para si, as questões internas do seu partido são só questões da família social-democrata, não são questões da família portuguesa. Sr. Deputado, são questões da família social-democrata, em primeira linha, mas são também questões da família portuguesa, em segunda linha.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Sr. Carlos Pinto (PSD): - O senhor tinha outra posição.

O Orador: - Dr. Manuel Queiró, vejo que o meu amigo começa a vida nova do seu partido raciocinando de uma maneira velha, sobretudo procurando as palmas, que obteve - teve êxito nisso -, do partido majoritário. Dá-me a ideia que, se a vida nova é retomar a velha coligação entre os dois partidos, o meu amigo está, de facto, no bom caminho.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Está enganado, eles vão coligar-se com o PS.

O Orador: - Falou-me no ridículo da política. Sr. Deputado, foi isso mesmo que eu quis realçar. O que há de grave nisto é que, além de ser incompreensível, de ser injusto para com eles e para com toda a gente, é profundamente ridículo. E o que eu quis foi, exactamente, dizê-lo!... E veja que o meu discurso teve mais ironia do que outra coisa. Quem não o percebeu não percebeu o que eu quis dizer!... Eu quis afundar pelo ridículo - é isso o que ele é - o drama hamletiano do cidadão Cavaco Silva. Não há drama nenhum nem há coisa nenhuma!... O que ele tem é medo!... Foi essa a tese que defendi e, no fundo, é disso que estou convencido.

Aplausos do PS.

Disse-me que ele terá de disputar as eleições. Sr. Deputado, isso é-me indiferente!... Que ele as dispute ou não, é-me perfeitamente indiferente. O que ele não tem é o direito de parar o País, de parar a comunicação social, de parar as preocupações de toda a gente, de parar as nossas preocupações - e é a isso que tento pôr um ponto final - a pretexto de uma hesitação, só porque ele nasceu hesitante. Tem direito à hesitação, mas ele disse-nos, quando ganhou as eleições, que nunca hesitava nem se enganava. Reconheça que, de facto, desta vez, «deu-lhe forte». Com certeza, «deu-lhe muito forte».

O Orador: - O Sr. Deputado Octávio Teixeira perguntou-me como passamos das palavras aos actos. Temos passado tão razoavelmente do anúncio dos actos para lá das palavras que, parece, até nem estamos mal situados, quer nas vitórias das eleições que já disputámos quer nas sondagens, em termos de opinião. Não estamos muito desanimados com as perspectivas em relação a nós Portanto, creio não haver muito a corrigir, quem está na posição em que estamos não tem muito a corrigir na sua conduta política.
Perguntou-me também qual é a nossa solução. Temo-la dito muitas vezes. Sabe perfeitamente que a posição oficial do meu partido é não reclamar a dissolução da Assembleia, porque achamos que isso, nesta fase e neste momento, beneficiaria o infractor. A nossa posição é a de dizer que, se essa dissolução vier a ocorrer, os culpados serão os que tanto a pedem, tanto a fomentam e tanto a desejam!
Quanto à realização ou não de eleições antecipadas, a resposta implícita a essa questão é esta: não as pedimos mas não afastamos a hipótese da sua realização, sobretudo se o PSD continuar a ter o comportamento provocatório do Presidente da República até à ofensa e tão indiferente aos problemas reais do País que já não é Governo, é, antes, um Governo parado, que recolheu às boxes. Ora, do que precisamos, sobretudo neste momento, é de um Governo que dê respostas positivas aos problemas do nosso país.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra a Sr.ª Deputada Odete Santos.

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Sr. Presidente, Srs Deputados: Insuportáveis anos estes em que, sob a batuta do PSD e com a partitura de uma política de direita por ele protagonizada, se foi construindo, concertadamente, o crescendo do triunfo das desigualdades!
Desigualdades agora mais do que nunca evidentes na determinação dos mineiros do Pejão, dos trabalhadores vidreiros da Marinha Grande, dos milhares de trabalhadores em luta por todo o País, contra o desmantelamento de empresas, despedimentos colectivos, e a criminosa ofensiva ao seu próprio direito à vida traduzida no flagelo dos salários em atraso.
Ao longo destes anos, o PCP sempre denunciou as sucessivas e continuadas traições aos direitos dos trabalhadores, que consubstanciam, porque de trabalho se trata, traições aos interesses nacionais.
Não há qualquer possibilidade de escamotear a grave crise que se atravessa, por mais «psicanalistas políticos» que se atropelem em tomo do «divã» de certa classe política, amante de jogos de bastidores, de sonhos freudianos e de adivinhações.
As «praças de jorna» que durante a madrugada se formam junto à Lisnave, na espera angustiada de um trabalho precário, são um símbolo, a juntar a tantos outros, da crise resultante da destruição do tecido produtivo do País.
Toda esta destruição se verifica por todo o País, bem demonstrada pelo número de desempregados, a nível nacional, que se espelha de um modo muito particular no distrito de Setúbal, onde são especialmente evidentes os sinais da crise e da destruição do aparelho produtivo.
Com uma população activa de 322 779 habitantes, o distrito de Setúbal sentiu particularmente os efeitos da política de direita e, em vez da prometida retoma, retorna, isso sim, aos anos de 1986, anteriores ao lançamento da opera-