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1282 I SÉRIE -NÚMERO 36

médios empresários, os interesses da juventude, das mulheres, dos reformados, dos deficientes, e uma outra bem diferente são os interesses dos grandes senhores do dinheiro, dos que estão sentados à mesa do Orçamento.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Sr. Pacheco Pereira (PSD): - E, então, os latifundiários e a reacção?!...

O Orador: - Não há passes de mágica, nem declarações ferverosas de apoio a um Governo em fim de estação, que possam confundir os interesses de uns e de outros.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - É por isso mesmo que afirmamos que o País não pode continuar a assistir ao apodrecimento desta situação.

Aplausos do PCP.

E não venha o PSD com mais artifícios. O PSD pode apresentar as moções de confiança que quiser: para a semana, ou após o Congresso, se a Assembleia da República chegar até lá, que não modifica nada, não acrescenta nenhum apoio nem qualquer legitimação,...

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - ... que virá dando-se a palavra ao povo português, o mais depressa possível.

Aplausos do PCP e do Deputado independente Mário Tomé.

Numa situação política, como a que se vive hoje em Portugal, parece haver quem seja capaz de proclamar, com olímpica tranquilidade, que não tem pressa.

O Sr. Silva Marques (PSD): - Está desculpado!

O Orador: - Compreendemos que não tenham pressa aqueles que tudo subordinem a cálculos eleitoralistas onde os cidadãos figuram como números mas onde não há lugar para as privações, as dificuldades e as angústias que marcam as suas vidas.
Compreendemos que não tenham pressa os que estão mais preocupados em construir a sua "credibilidade" junto dos interesses que têm comandado a política do PSD e dela têm sido os principais beneficiários.
Compreendemos que não tenham pressa aqueles que perfilhem um projecto político em que são de mais os elementos de continuidade em relação à política de direita e são de menos, e quase sempre acessórios, os elementos de diferença.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Mas é inteiramente justo que tenham pressa todos aqueles que, como o PCP, consideram que os problemas essenciais da vida dos cidadãos e do país tem de ser o impulso e a motivação determinante da acção política, que consideram ser seu dever ético e político é tudo fazer para interromper e derrotar uma política que condenam, que consideram que é necessário conquistar uma nova política que marque uma efectiva ruptura com as concepções, as orientações, os métodos e os critérios fundamentais da política de direita.

Aplausos do PCP.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Imediatamente a seguir, o Sr. Primeiro-Ministro irá intervir neste debate, pelo que permita-me que lhe enderece, desde já, algumas sugestões.
O Sr. Primeiro-Ministro bem podia poupar esta Câmara e o País à cansativa e desgastada repetição dos argumentos falaciosos, dos truques, das mistificações e da falta de respeito pela verdade...

O Sr. Manuel Moreira (PSD): - É o que o senhor está a fazer há muito tempo!

O Orador: - ... com que, ao longo dos últimos 10 anos, vem procurando fugir à realidade, encobrir o fracasso da sua política e as malfeitorias do Governo do PSD.

Aplausos do PCP.

Poupe-nos pois, Sr. Primeiro-Ministro, à ridícula teoria de que esta moção de censura será um mero episódio da competição entre os partidos da oposição, supostamente mais preocupados com as suas ambições próprias do que com os problemas do País,...

Vozes do PSD: - É verdade! É verdade!

O Orador: - ... enquanto o Primeiro-Ministro, o Governo e o partido que os apoiam só pensariam em Portugal e nos portugueses. É que se há lugar onde a competição deve ter passado à frente de tudo é certamente no PSD, e se há lugares onde a ambição de conservar o poder se exprime em clamoroso divórcio dos problemas e preocupações dos portugueses, esses lugares são, certamente, os do Governo e da maioria parlamentar do PSD.

Aplausos do PCP e do Deputado independente Mário Tomé.

Poupe-nos, Sr. Primeiro-Ministro, às costumadas acusações de miserabilismo, de pessimismo e de falta de confiança nos portugueses e no futuro de Portugal, porque, por detrás de tais calúnias, o que verdadeiramente se esconde é a cega recusa do PSD em enfrentar a realidade e a sua obstinada incapacidade de poder perceber que são a insatisfação, a indignação e a revolta, com tudo o que ofende a dignidade dos cidadãos, agride o presente e compromete o futuro do país, que geram avanços de progresso e que o autocontentamento, a resignação e a acomodação só servem aos que pretendem perpetuar intoleráveis injustiças, retrógradas dominações e interesses egoístas.
E também porque, pela nossa parte, somos dos que nunca esquecem que a criação de riqueza e tudo o que de mais sólido promove avanços na sociedade portuguesa é fruto do trabalho, da capacidade e do esforço dos portugueses e das portuguesas.

Aplausos do PCP.

Por isso, não nos conformamos e redobramos de indignação quando vemos esse trabalho e esse esforço desrespeitado e traído pela política retrógrada e injusta do Governo do PSD.

Aplausos do PCP e do Deputado independente Mário Tomé.

Poupe-nos, Sr. Primeiro-Ministro, à requentadíssima invocação do "pelotão da frente" que, consoante as conveniências e o grau de desatino, ora já foi apanhado ora está quase a ser alcançado por Portugal.