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27 DE JANEIRO DE 1995 1287

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque o PCP sabe, como o sabe muito bem toda a oposição, que nunca houve, nos últimos anos, qualquer vacilação na política de Portugal, insisto, de Portugal, em relação a Timor.

Aplausos do PSD.

Acaso entendem os Srs. Deputados que os esforços do Governo e do Sr. Presidente da República com quem, constitucionalmente, o Governo partilha as responsabilidades de promover a liberdade do povo timorense, são potenciados, são estimulados com a apresentação desta moção de censura? Os Srs. Deputados do PCP sabem muito bem que ela só pode prejudicar esta luta de Portugal, insisto, de Portugal, e por isso é chocante que a tenham apresentado.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Mário Tomé (Indep.): - Por acaso, a luta é dos timorenses e eles não protestaram!

O Sr. Silva Marques (PSD): - Cale-se! Vá mas é para o quartel!

O Orador: - Infelizmente, já vimos que neste, como noutros assuntos, o PS vai a reboque do PCP e não hesita em pôr em causa os interesses do Estado, por vezes até em colocar-se ao lado do desrespeito das leis do País, desde que pense com isso ganhar um punhado de votos. O PS, inspirado pelo seu líder, persiste numa atitude de demagogia fácil e oportunismo político. Diz hoje uma coisa e amanhã o seu contrário, com toda a ligeireza e descaramento. Apresenta-se, hoje, com postura responsável e séria para, amanhã, utilizar verdadeiras questões de Estado como armas de arremesso político-partidário.

Aplausos do PSD.

Promete o que não faz, o que nunca fez e o que sabe muito bem que nunca poderá fazer. Abandona preocupações de coerência, promete o impossível, alia-se a todas as reivindicações, apoia todos os protestos Até no plano da União Europeia e da cooperação com os países africanos de língua portuguesa, o PS promove guerrilha partidária, sem respeito pela credibilidade externa do nosso país.

O Sr. António Guterres (PS): - Essa agora!

Vozes do PSD: - Espere aí que ele já vai explicar!

O Orador: - Hoje, a oposição, e em particular o Partido Socialista, discutem Timor tentando explorar em benefício próprio um sentimento nacional profundo de responsabilidade e solidariedade, como ontem o fizeram relativamente a Angola e ao povo angolano, sem quaisquer preocupação de verdade e sentido das proporções..

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Pouco lhes importa o facto de Timor e a cooperação com África serem assuntos que estão acima da opções partidárias, que são verdadeiros desígnios nacionais.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O PS chegou ao ponto de se procurar servir das instituições comunitárias, solicitar a intervenção da Comissão Europeia, não para apoiar a cooperação portuguesa com África mas para lançar a suspeição sobre a actuação nacional.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Tem sido esta a opção do PS pela política do "vale tudo", mais uma vez confirmada com o apoio que já disse dar a esta moção de censura. Ao deixar-se arrastar pelo PCP, ceder à sua chantagem, o PS vende a alma ao diabo e mostra-se disposto a tudo para conquistar o poder, patenteando uma total ausência de coerência, um desprezo pelos valores, a falta de uma verdadeira noção de Estado e do interesse nacional.

Aplausos do PSD.

O Sr. Domingues Azevedo (PS): - Chegou a hora da demagogia!

O Orador: - Com a gravidade de quem, sentindo-se ultrapassado pelo PCP na tal competição política que, de há muito, absorve os partidos da oposição, não hesita em quebrar a sua autonomia, deixando-se arrastar para a aventura e para a irresponsabilidade. O PS demonstra, também aqui e desta forma, o quanto está prisioneiro da estratégia alheia, o quanto marcha a reboque dos outros, o quanto é incapaz de se afirmar com voz própria, com identidade e projecto próprios.

O Sr. Ferro Rodrigues (PS): - Deve haver aí um pacto secreto!

O Orador: - Sr Presidente, Srs. Deputados- Com tudo isto, a oposição esquece os verdadeiros problemas e os desafios que se colocam a Portugal. E o momento não podia ser menos adequado a esse esquecimento. Estamos no arranque de um novo ciclo de crescimento, onde a economia portuguesa vai continuar a sua integração na economia europeia e o seu esforço histórico de modernização e desenvolvimento. Nada podia estar mais longe do interesse do País do que a demagogia desenfreada e a mesquinha manobra política a que a oposição hoje se dedica.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Portugal encontra-se em plena recuperação da grave crise económica internacional dos inícios dos anos 90, a mais grave para a Europa desde a Segunda Guerra Mundial. A retoma é hoje clara para todos,...

Risos do PS.

... mesmo para aqueles que tanto ansiaram que ela não chegasse, tudo fizeram para que não chegasse e não escondem o incómodo e o desespero face à sua evidência. A recuperação é inquestionável nas exportações, no turismo, na construção e obras públicas, e estende-se à indústria e ao comércio. As dificuldades de 1993 e 1994, que foram interpretadas por alguns como prenunciadoras do apocalipse final, estão ultrapassadas. A economia portuguesa continua a crescer, a reestruturar-se e a adaptar-se à economia europeia. As orientações estratégicas de fundo foram mantidas no meio da tormenta e Portugal está, hoje, claramente, a reacelerar para mais um período de transformação estrutural e crescimento sustentado.