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9 DE JANEIRO DE 1997 897

Sr. Deputado compreende que o trabalho daquele Ministro não tem eficácia nem futuro e evita identificar o autor dos problemas criados.
Trata-se de tempo perdido, porque o Ministro, a defender, politicamente não existe já há muito tempo.

Protestos do PS.

O Sr. Deputado defende um fantasma. O Sr. Deputado quer fazer de um pesadelo um sonho.

O Sr. José Junqueira (PS): - Que falta de imaginação!

O Orador: - Tivesse o Sr. Primeiro-Ministro a sagacidade e a intuição do Sr. Deputado Medeiros Ferreira! Não se encerrasse o Sr. Primeiro-Ministro numa obstinação silenciosa, que não abona em favor da sua anunciada sensibilidade!
É que o Sr. Primeiro-Ministro não assiste distanciado, é conivente.
Os portugueses ouviram da sua boca que a segurança era uma das suas grandes prioridades. Os portugueses constatam que a segurança é, hoje, a sua maior confusão.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Há mais de um ano que os portugueses esperam mais e melhor deste Governo.
Têm, hoje, mais criminalidade; têm, hoje, mais indisciplina; têm, hoje, mais conflitos internos; têm, hoje, mais abandono; têm, hoje, mais problemas a resolver; têm, hoje, mais presos; têm, hoje, mais droga; têm, hoje, mais incerteza.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Rosa Albernaz (PS): - Quem disse?!

O Orador: - Os portugueses estão, hoje, mais inseguros e mais incompreendidos.
E o Sr. Ministro da Administração Interna fala da Europa e das suas polícias, que se debatem com o terrorismo e os escândalos, como o modelo conveniente, sem se dar conta de que muitos dos modelos são contestados e estão em evolução.
Para o Sr. Ministro, o polícia ideal é aquele que se passeia nas ruas desarmado, munido de uma esferográfica e, talvez, de um manual das Assembleias Gerais do saudoso Roque Laia; para o Sr. Ministro, tudo se resolverá com um diálogo entre os polícias e os ladrões, cada um organizando, porventura, o seu sindicato e discutindo as suas condições de trabalho!...

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - E o Sr. Ministro da Administração Interna fala repetitivamente em virar a página, a página da vergonha que foram os últimos 400 dias do tempo que passou.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Ah, está a contar ao dia!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro ainda não compreendeu que o Governo não se dignifica afastando um General prestigiado, criando um sindicato, negociando e transigindo.
O Sr. Primeiro-Ministro ainda não compreendeu que o «polício-negócio» não pode ser a terceira parte do espectáculo do «totonegócio» e do «cinenegócio».

Aplausos do PSD.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Vai-se ver!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro ainda não se deu conta de que não é dando tudo a todos que consolida um país e lhe dá razões de confiança.
O Sr. Primeiro-Ministro ainda não se deu conta de que os portugueses se debatem com um problema que a inconsciência do PS na oposição ajudou a construir.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Os portugueses não têm confiança no sistema judicial, não têm confiança no sistema prisional e têm pouca confiança no sistema de segurança.
Convirá que o «Governo das sondagens» não feche os olhos à realidade, ouça as pessoas e tire conclusões.
Foram alguns anos do Partido Socialista a lutar, demagogicamente, pelo aumento de penas, pela contestação das sentenças, pela ligeireza do tratamento dos presos, pela luta pelo descrédito dos polícias.
O PS recebeu, como Governo, o resultado do seu trabalho irresponsável como oposição. Pode estar feliz e orgulhoso, não se pode queixar, nem, muito menos, pode acusar quem quer que seja de demagogia barata. Ninguém seria capaz de fazer mais e de a praticar melhor.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O Governo do PS morre às suas próprias mãos, com os seus próprios venenos.
Os portugueses assistem à maior crise de autoridade do Estado. Os portugueses assistem à maior das degradações colectivas. E, ao mesmo tempo, perguntam-se onde estão os rios de leite e mel que lhe prometeram.
Já perderam a conta do número de vezes que os combustíveis aumentaram; já lhes custa fazer a conta do que vão pagar a mais no gás e na electricidade; já têm medo de telefonar ou requerer um telefone; já sabem que vão pagar muito mais pelos medicamentos de que necessitam.

Protestos do PS.

Os portugueses começam a perceber como se pode viver pior, sem, como o Governo anunciava, aumentarem os impostos.

Aplausos do PSD.

É que, de algum modo, transferindo com habilidade os custos, eles sabem que o Governo os engana e castiga e temem também que nem os outros preços se mantenham estáveis e que, por isso, os produtos essenciais subam, tornando cada vez mais dura a sua vida.
Os portugueses sabem, hoje, o que significa a suspensão das propinas e do aumento de algumas portagens.

O Sr. Nuno Baltazar Mendes (PS): - Ah, isto é por causa das propinas?!

Risos do PS.