O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

1860 I SÉRIE - NÚMERO 53

António Guterres, se construirá a Europa do século XXI. É-o por determinação do Governo e é-o pelo consistente apoio político dos portugueses.
Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, o PCP adoptou agora como palavra de ordem «trabalhar para um novo rumo para Portugal». Não diz qual é esse rumo, mas é o mesmo de sempre, que está velho e nele, felizmente, já são poucos os que acreditam.
Senão vejamos: em 28 de Março de 1977, o então Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal depositou em Bruxelas os instrumentos que configuravam o pedido de adesão à CEE. Que fez o PCP? Reclamou outro rumo! Porque clamava então que essa era a Europa das multinacionais... Viviam-se ainda os anos da grande ilusão (ou do grande embuste) deste século. Mas, naquele dia, há quase 20 anos, José Medeiros Ferreira - hoje nosso muito apreciado colega e meu estimado camarada -, num simples gesto, estava, ele sim, a protagonizar uma opção histórica e a ajudar a definir um rumo para Portugal.
Desde então, fazendo das fraquezas forças, o PCP não desfaleceu e mesmo depois de, no esplendor dos Jerónimos, Mário Soares ter assinado o momento histórico, os comunistas prosseguiram as campanhas, as conferências, os comícios... O PCP nunca desarmou e nisso é insuportavelmente coerente. É obra!

Risos do PCP.

Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo e Srs. Deputados, sabe-se que o PCP não oferece alternativa alguma - como aliás ficou amplamente demonstrado aqui hoje e noutras ocasiões - e limita-se simplesmente à reclamação e a estabelecer sofismas apoiados na incredulidade dos incautos.
A Europa - avisou Robert Schuman em 1950 - não se constrói por um golpe mas realizar-se-á por actos concretos. definidores, antes de tudo, de uma solidariedade, o que é hoje patente. Os portugueses não o ignoram, mas, estranhamente, o PCP quer um novo rumo! Qual? Porventura, o rumo de sempre a que foram submetidos povos que hoje vemos terem estampado no rosto as indeléveis marcas do sofrimento e da angústia.
A Europa alcançou a paz há 50 anos «com sangue, suor e lágrimas»; a União Europeia edificar-se-á com avanços e recuos, com tenacidades e sacrifícios, com «ideias e com entusiasmos», como profetizava Jean Monnet.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Agora percebe-se o artigo que o senhor escreveu sobre o Raúl Rêgo...!

O Orador: - O PCP pode resistir. só lhe resta, convenhamos, a resistência contra o inexorável caminhar da história. Mas o PCP não se contenta com isso e organiza em Lisboa um comício dos seus clones europeus. Será a grande festa da clonagem comunista.
Aí se falará dos custos sociais e do desemprego que grassa na União Europeia - mas ignorar-se-á, esquecer-se-ão, as imagens cruéis que nos chegam todos os dias de homens e de mulheres que vagueiam pelas ruas de Moscovo, de Kiev ou de Minsk...

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - Ah! Ah! Ah!

O Orador: - ... ou até mesmo de Tirana, que foi para alguns o farol do socialismo na Europa, andrajosos ou vestidos com roupas de feira, absortos, estendendo mão à caridade. É essa a vossa alternativa? É esse o rumo?
O PCP tem um discurso obsoleto, a nada disse! antieuropeu e antimoderno, e, se me permitem, com todo o respeito, é um discurso que se confunde com a verborreia do Sr. Le Pen ou do Sr. Bruno Megret. E será que isso nem sequer os incomoda?

Risos do PCP.

Sr. Presidente e Srs. Deputados, este debate é um equívoco; quando trazido pelo PCP torna-se uma maçadoria.
Como disse, o referendo não é indispensável. Não temos medo algum de ouvir o povo português. Nós, socialistas, nunca tivemos medo de ouvir o povo português! Mas, é certo, que sendo esse o rumo que o PCP quer, teremos de dizer sem tibiezas que um referendo seria uma irresponsabilidade política com graves consequências económicas.
Bem ponderado o que aqui se disse hoje, ficamos. todos com a certeza de que o PCP há muito perdeu, há muito deixou de compreender qual era o «rumo à vitória».

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado José Calçada.

O Sr. José Calçada (PCP): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Saraiva, sinceramente, tenho grandes dificuldades em dizer o que quer que seja que possa ser razoavelmente dignificante, tendo em conta comparações como as que foram feitas, aliás, também pelo orador que o antecedeu.
Desde alusões ao caminho marítimo para a índia até ao tema do euro, de duas uma: ou alguém está a ler mal a História ou foi o euro que, de todo em todo, deu a volta à cabeça das pessoas, mesmo das que tinham obrigação de ser particularmente lúcidas.
Disse o Sr. Deputado que «o PCP é insuportavelmente coerente». Gostaria de poder dizer já não que o PS é insuportavelmente socialista mas, ao menos, suportavelmente socialista. Gostaria bem de poder dizê-lo! Todos sabemos que, hoje, há grandes dificuldades em poder fazer uma afirmação dessas, desde logo, a partir dessa bancada.
Começa a perceber-se agora com alguma clareza, se é que ainda não tinha ficado clarificado, como é que o Sr. Deputado José Saraiva escreveu o que escreveu, e o modo como o fez, sobre a posição que, com grande dignidade, o seu camarada de bancada Raúl Rêgo - julgo que seja seu camarada - assumiu nesta Câmara ainda há bem poucos dias.

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Muito bem!

O Orador: - Permito-me ficar por aqui. Não creio que possa «gastar-se boa cera com ruim defunto».
Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Saraiva.

O Sr. José Saraiva (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado José Calçada, V. Ex.ª não fez qualquer observação ou pergunta, limitou-se a um arrazoado...

O Sr. Lino de Carvalho (PCP): - Porque o senhor

O Orador: - Sendo que nada disse, VV. Ex.as há muito que nada dizem, sobretudo aos portugueses.