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1858 I SÉRIE - NÚMERO 53

sempre dependente das decisões de política monetária dos países de moeda mais forte, a passagem à moeda única pode apresentar-se como uma perda de soberania, mas é, na realidade, a forma mais certa e segura de defender alguma soberania monetária, através da participação portuguesa nos mecanismos e instituições previstas no Tratado.
Mesmo a questão já referida, da necessidade de continuação de políticas regionais suficientemente fortes para conseguir efeitos estabilizadores da nossa economia poderá ser gerada pela própria dinâmica da UEM ao criar uma situação que, pela irreversibilidade da interdependência das economias europeias, conduza inevitavelmente a uma solidariedade renovada.
Cabe aos responsáveis governamentais portugueses, conseguir que uma maior identidade europeia potenciada pelo curo e uma unidade externa acrescida sejam factores de aprofundamento dos mecanismos de coesão a par e sem prejuízo de novas adesões. A recusa de embarcarmos em qualquer «carruagem de segunda» e a vontade de participarmos activamente neste momento marcante e de algum modo refundador da União será mais importante do que toda a lamúria antieuropeia que se vai ouvindo. A menos de dois anos desse marco fundamental na nossa vida colectiva portuguesa e europeia, o pior que poderia fazer-se era adoptar comportamentos nervosos ou alarmistas, que nada trariam de positivo, mesmo considerando que o curo, como qualquer moeda, terá sempre duas faces.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Carlos da Silva.

O Sr. João Carlos da Silva (PS): - Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: Antes de mais, uma pequena precisão relativamente à intervenção que acabámos de ouvir.
Consideramos verdadeiramente um absurdo que neste debate se tente lançar a confusão, dizendo que as posições do PS, em matéria de referendo, não são claras. Nada mais absurdo do que isto! As posições do PS em matéria de referendo são extremamente claras: somos a favor do referendo para certas matérias que digam respeito à revisão do Tratado da União Europeia, após conhecermos as conclusões da CIG.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas o Sr. Deputado João Poças Santos, quando ainda há pouco usou da palavra, referiu que a questão da moeda única foi sufragada por dois terços dos eleitores, quando foi aprovada por mais de dois terços dos Deputados desta Câmara. Portanto, entendemos que não faz sentido defender-se o referendo relativamente a uma matéria que já está decidida e adquirida em termos de decisão política de Portugal.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: Quando se debatem questões como a que hoje aqui nos reúne está-se a debater o futuro.
Em Portugal, assiste-se, com alguma frequência, a pessoas e entidades responsáveis a assumirem uma atitude derrotista em relação ao futuro de Portugal e dos portugueses.

Protestos do PCP.

É essa atitude derrotista que temos de combater. Com realismo, temos de assumir uma postura de confiança em nós próprios, uma postura de crença e optimismo naquilo que os portugueses são capazes de fazer. Não há lugar para o pessimismo em relação ao futuro, Sr. Presidente e Srs. Deputados.
Um povo que foi capaz de dar novos mundos ao Mundo, que foi capaz de avançar corajosamente e com espírito empreendedor para o desconhecido, conhecendo novos povos, novas culturas, novas rotas mercantis, não pode deixar de se considerar à altura...

Protestos do PCP.

Os Srs. Deputados do PCP renegam a coragem dos portugueses!

Protestos do PCP.

Os Srs. Deputados do PCP estão a desconfiar da coragem dos portugueses!

Vozes do PS: - Muito bem!

Protestos do PCP.

O Orador: - Um povo que fez o que fez não pode deixar de se considerar à altura dos desafios que tem pela frente.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - No desafio do curo, Portugal não tem de se sentir diminuído ou ameaçado na capacidade que terá para se adaptar...

Protestos da Deputada do PCP Odete Santos.

A Sr.ª Deputada Odete Santos está muito nervosa. Ouça que lhe faz bem!

A Sr.ª Odete Santos (PCP): - Não estou nervosa, estou divertida com isso!

O Orador: - Muito bem, então faça favor de continuar o seu divertimento.
Portugal tem capacidade, pelo que pode e deve surgir na nova Europa de cabeça orgulhosamente levantada, em igualdade de circunstâncias com os seus parceiros europeus de dimensão comparável, como a Holanda, a Irlanda, ou a Bélgica. A moeda única traduz-se numa oportunidade e não numa ameaça. Devemos aproveitá-la, potenciando os nossos pontos fortes.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Estamos certos de que os portugueses, os cidadãos, as empresas e os entes públicos saberão adaptar-se às novas circunstâncias, suplantando os esforços até aqui desenvolvidos, numa nova capacidade de reestruturação a todos os níveis e com vontade de dar o salto para uma vida melhor.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Partido Socialista apela ao Governo e exorta a oposição a que se transmita ao País uma dinâmica de optimismo responsável, incentivando os empre-