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2276 I SÉRIE - NÚMERO 65

consenso alargado aceitámos que o seu processo fosse revisto em sede constitucional, mas não pensem - os que diziam que a revisão constitucional se poderia fazer em 15 dias - atrasá-la suficientemente para que não haja regionalização nesta legislatura.

Aplausos do PS.

Pela minha parte, entendo que, em quaisquer circunstâncias, o que tiver de avançar a tempo deverá avançar a tempo.

Aplausos do PS.

Sr. Presidente, Srs. Deputados: Entendi ser este o momento, ao lado do Governo que tenho a honra de coordenar, para vos dizer e para dizer ao País que contem connosco. Firmes, serenos e determinados, imunes à agitação e à intriga.

O Sr. Jorge Roque Cunha (PSD): - Nem sempre!

O Orador: - Dispostos, como sempre, ao diálogo e à concertação, mas sem abdicar do nosso projecto, do nosso desígnio para Portugal. Unidos, enfim, por um só objectivo: servir os portugueses.

Aplausos do PS, de pé.

O Sr. Presidente: - O Sr. Primeiro-Ministro gastou mais 4 minutos do que o tempo inicial de que dispunha, pelo que o excesso será, naturalmente, descontado no tempo global do Governo.
Para formular uma primeira pergunta ao Sr. Primeiro-Ministro, com a duração de 5 minutos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Marques Mendes.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, em matéria de economia, V. Ex.ª não nos trouxe hoje, rigorosamente, nada de novo. Congratulamo-nos, de resto, como já o fizemos, com a evolução da situação macro-económica.

Protestos do PS.

Quando não falou de economia, o Sr. Primeiro-Ministro, como veremos, fez apenas um exercício de tentar antecipar críticas e, sobretudo, falar para dentro, que não para nós e muito menos para o País.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à parte económica, o Sr. Primeiro-Ministro não tem de preocupar-se muito em convencer as oposições - falo pelo meu partido - de que, afinal, só o senhor é que tem razão. Devia preocupar-se, sim, em tentar convencer os portugueses, porque o retrato é este: um Primeiro-Ministro satisfeito com os números e com a evolução da situação e os portugueses cada vez mais descrentes, desiludidos e insatisfeitos com a situação real e social do País.

Aplausos do PSD.

Com a herança recebida do passado, expressamente reconhecida aqui como boa, há dois meses, na declaração conjunta que assinámos com o euro, e com as obras públicas lançadas no passado e continuadas pelas obras autárquicas, a situação macro-económica é como é. Aí também queremos conjugar e partilhar a mesma satisfação, porque queremos chegar ao euro.
Agora a questão é outra. Se só o Primeiro-Ministro tem razão, algo está errado, porque continua a falar e cada vez convence menos as pessoas. A nosso ver, o que se passa é tão simples quanto isto: é que o País cresce, mas as injustiças sociais aumentam!

Protestos do PS.

E as pessoas, como dizia V. Ex.ª no passado, não são números, são pessoas. Todavia, os impostos fustigam, cada vez mais, o bolso e o orçamento dos contribuintes, e ainda vão fustigar mais na parte final deste ano,...

Aplausos do PSD.

... porque este ano os preços de bens essenciais aumentaram - alguns escandalosamente! - mais do que os salários e as pensões. E o desemprego? Apenas ao nível do final de 1985, atingindo de uma forma brutal os jovens, as mulheres e, particularmente, algumas regiões do país.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - É caso para dizer ao Sr. Primeiro-Ministro, que tanto criticava os números e falava das pessoas: quem o viu e quem o vê!

Aplausos do PSD.

A questão de facto é outra, Sr. Primeiro-Ministro. Por que é que o senhor está muito satisfeito e os portugueses cada vez mais insatisfeitos? É que, mesmo quando se fala da economia, hoje a questão é, sobretudo, política.
Em primeiro lugar, é uma questão política porque existe falta de confiança no país; por muito que o Sr. Primeiro-Ministro tente desmentir as oposições, que acusam o Governo de não governar, só há uma forma de provar o contrário: não é falando, é agindo; não é tentando convencer a oposição, é mostrando serviço ao País! É essa falta de serviço que gera falta de confiança.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - Os portugueses já sabem que o Governo não governa, mas agora também começaram a perceber que há um Governo que é tudo menos uma equipa. O Sr. Primeiro-Ministro pode juntar aqui todo o Governo, mas não consegue tê-lo todo unido no dia-a-dia. Essa é que é a diferença!

Aplausos do PSD.

Hoje a situação é esta: o exemplo devia partir de cima, do Governo, mas o seu Governo é o exemplo do contrário, com ministros divididos, cada um para seu lado, a dizer o que lhe apetece e o que entende; cada um a "sacudir a água do capote" para cima do parceiro do lado ou, em última instância, para cima do Primeiro-Ministro e, no limite, temos o Primeiro-Ministro a "sacudir" para a oposição ou a queixar-se do próprio partido...