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4 DE JULHO DE 1997 3173

Srs. Deputados, peço-lhes que não façam reuniões dentro da Sala!

Pausa.

Sr.ª Deputada, penso que começa a ter condições para formular o seu pedido de esclarecimento.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Sr. Presidente, parece-me que ainda não. E, uma vez que já perdemos tanto tempo, assim como assim, penso que a arrumação deve acabar de ser feita!

O Sr. Presidente: - Como queira, talvez tenha razão!
Srs. Deputados, peço mais uma vez a quem está de pé e a conversar que se sente ou se ausente da Sala! Têm esse direito.

Pausa.

Sr.ª Deputada, creio que agora já tem condições. Faça o favor.

A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): - Muito obrigada, Sr. Presidente. Sr.ª Deputada Natalina Moura, a sua intervenção, para além de variadíssimas coisas que suscita, permite-me, porventura porque me parece que esta questão está muito mal compreendida por parte do PS, alguns pedidos de esclarecimento e simultaneamente alguma clarificação em relação àquilo que é a nossa preocupação em relação aos resíduos.
Coloca a Sr.ª Deputada a questão, algures na sua intervenção, do «tanto lixo! Que fazer?». É evidente que esta é a questão de fundo que se coloca numa sociedade cujos padrões culturais orientam as pessoas para a afirmação não do que são mas do que têm - é claramente uma sociedade orientada para a produção de mil e uma coisas, algumas das quais não são mais do que versões semelhantes umas das outras. Mas a questão coloca-se precisamente porque o problema do lixo, se bem o entende, não é algo que se resolva só por saber quantos aterros se vão construir ou não no imediato para eliminar os resíduos. É óbvio que se percebe, ou que tem de se perceber (se se entende a política do ambiente na única forma em que ela pode ser entendida, que é numa perspectiva de longo prazo) que se tem, em 10 anos, um aumento de 40% da produção de lixos, só se vai modificar a situação se se tiver em conta uma coisa, que é o «quarto R», em minha opinião: repensar o problema. E repensar o problema é perceber que se tem de alterar radicalmente a quantidade de resíduos produzidos. Esta é a questão que está lançada.
Ora, se se tem uma visão paroquial, se se tem uma visão de tão curto prazo que não um horizonte temporal de cinco anos para saber onde é que mete os lixos, e se não é capaz, simultaneamente, de lançar bases para ter uma visão de longo prazo para perceber o que é que reduz, como é que altera tudo isto, como é que mexe profundamente nos processos produtivos, penso que, se não se percebe isso, não se está a perceber nada e, daqui a cinco anos, haverá, provavelmente, gente neste Parlamento que estará a falar, para além das 31 lixeiras a erradicar, em não sei quantos mais aterros para resolver! Este é o problema de fundo, este é o problema que nós colocamos e é só esta a questão que está em discussão.
Sobre isto, Sr.ª Deputada, gostaria muito que nos entendêssemos, e que o PS não viesse dizer que Os Verdes são uns tontos, que Os Verdes nada sabem, e outra vez com a história do fundamentalismo, que era, aliás, um argumento tão caro ao PSD!
Estes são problemas sérios, que têm de ser encarados de um modo mais alargado. E parece-me, claramente, nos meios e na forma de o discutir, que esta não é a visão nem a compreensão que o Governo e o PS tenham interiorizado.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Natalina Moura.

A Sr.ª Natalina Moura (PS): - Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Isabel Castro, por ser um problema sério, não lhe permito que passe atestados de menoridade aos Deputados do PS que se debruçam sobre estas matérias.

A Sr. Maria Celeste Correia (PS): - Muito bem!

A Oradora: - Tenho tentado, mas não tenho conseguido, fazer um exercício matinal de olhar para o espelho e perguntar: «diz-me, espelho meu, se há no Parlamento Deputada que saiba mais desta matéria do que eu!»

Aplausos do PS.

Efectivamente, não consegui ainda «entrar nessa», nem vou entrar! Não sei destas matérias mais do que todos, nem mais do que muitos outros que não estão sentados, eventualmente, nesta Casa e até poderiam estar! Portanto, Sr.ª Deputada, eu tentarei, mas nunca tive essa opção de vida e penso que não é por esse caminho que vou nem nenhum de nós irá.

O Sr. Paulo Neves (PS): - Muito bem!

A Oradora: - Tanto lixo! Que fazer? Claro que estamos preocupados. Sr.ª Deputada, temos as lixeiras e a senhora não quer! Temos lixeiras controladas e a senhora não quer! Temos aterros sanitários e a senhora não quer! Temos os centros de combustagem e a senhora não quer! Diz apenas que temos de resolver repensando! Mas repensando e fazendo o quê entretanto? Cruzamos os braços para ficarmos todos a repensar? É só com o Livro branco que iremos lá chegar?

O Sr. Paulo Neves (PS): - Muito bem!

A Oradora: - Sr.ª Deputada, temos de nos entender diz muito bem -, mas eu volto a dizer que nós não temos a mesma leitura da política ambiental que têm Os Verdes. Paciência!

O Sr. Paulo Neves (PS): - Felizmente!

A Oradora: - Vamos ter de lidar com esta situação até ao final das nossas vidas, enquanto por aqui andarmos!