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23 DE ABRIL DE 198O 2007

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Sr. Deputado Luís Marques Mendes, quem ouvisse aqui, hoje, o seu discurso e não tivesse visto a televisão - que deu em directo o Congresso do PSD, em Tavira -, pensaria que V. Ex.ª não esteve lá e não ouviu os debates que lá tiveram lugar.
V. Ex.ª veio aqui dizer que o Governo é um desastre, que só faz malefícios a este País. Bom, a decorrência lógica dessa situação seria a de que o Governo estaria em perigo iminente de perder estrondosamente as próximas eleições. Mas, pelo contrário, todos os intervenientes no Congresso do PSD, desde os mais graduados dirigentes aos militantes mais anónimos, concordaram que não era possível ganhar ao PS, pois, face à governação que tem vindo a desenvolver-se, a derrota era certa e a única hipótese, mesmo remota, seria a de uma aliança com o PP do Presidente Paulo Portas.

Aplausos do PS.

Não bate a bota com a perdigota ou, então, V. Ex.ª não percebeu o que se passou no Congresso.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - No Congresso do PSD, para quem esteve de fora a assistir, o que se passou foi o seguinte: não houve nenhum Pepino, o Breve, que quisesse destronar o rei e acharam melhor que o rei continuasse até ao fim... E é óbvio qual é o rim!... Todos sabem qual é o fim e, em 1999, vão sepultá-lo e vão, então, disputar a coroa... Mas é em 1999, porque já está tudo perdido - aliás, foi isso que se disse no Congresso.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - A única hipótese era aquela, aliás, até um eminente dirigente do PSD disse, ajuizadamente, que o ideal seria este dirigente com outra estratégia, porque assim não se queimavam tanto... Mas ninguém se quis queimar; só houve um, que vai ser o cordeiro de Deus neste sacrifício que os senhores vão fazer à democracia.
Quanto ao resto, os senhores discutiram e organizaram-se no plano interno do PSD, o que é, bom não só para o partido do Governo como para o regime democrático, ou seja, é bom que a oposição se reorganize e repense os seus programas.
Ontem, ouvi o Presidente do PP, Dr. Paulo Portas, dizer que nem se desviaria um milímetro das regras... O PSD vai saber como isso é,...

O Sr. Manuel Queiró (CDS-PP): - Não foi nada disso!

O Orador: - ... porque aquele parceiro vai ser duro. Mas ainda bem, para ver se põe o PSD na ordem e se consegue dar luta a um governo relativamente ao qual apesar de tão mal governar, segundo dizem - o PSD não tem confiança de ser capaz de ganhar-lhe nas próximas eleições.
Sr. Deputado Luís Marques Mendes, para além desta questão interna - que é saudável e que é a oposição feita pelo principal partido e por um partido menos numeroso, que mesmo assim, apesar de continuar a sê-lo, porque, creio, vão ter 16 Deputados nas próximas eleições, é uma garantia boa, por não ser fácil tê-la, mas este é um problema interno vosso, dos dois partidos, para a resolução do qual vos desejo boa sorte nos limites da democracia, pois esta dirá quem merece ganhar, e esperamos para ver, embora os senhores já o tenham confessado no Congresso -, os senhores também falaram para fora e para o PS e o vosso presidente, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa adiantou insinuações que, creio, não podem ficar assim. Os senhores deverão tomar as medidas necessárias para esclarecer o que se passa, sob pena de o vosso presidente passar por um mero insinuador, que não tem coragem de concretizar as suas acusações.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Para responder, se assim o desejar, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Marques Mendes.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Filipe Madeira, vou fazer apenas três comentários, sendo o primeiro no sentido de constatar que o senhor e, seguramente, os seus colegas seguiram atentamente os debates do nosso Congresso. Ainda bem! Mas mais importante do que o terem seguido atentamente, e com isso nos congratulamos, espero e desejo, sinceramente, que tenham aprendido algo para o futuro.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O segundo comentário é sobre a nossa estratégia política para o futuro. Antes, durante e depois do nosso Congresso, o PS tem evidenciado publicamente uma grande preocupação com a estratégia do PSD. Ou seja, o Sr. Deputado nem percebe que está a dar a conclusão a si próprio, ao seu partido e ao País. Se alguém tivesse dúvidas da bondade, da justeza e do acerto desta estratégia, o nervosismo, a preocupação e o incómodo do PS teriam dissipado todas as dúvidas. Estamos no bom caminho!

Aplausos do PSD.

Terceiro comentário: no Congresso e, depois dele, também aqui, falamos, acima de tudo, do País e para o País, com afirmações pesadas, que traduzem elementos que estão à nossa disposição, com a convicção, que hoje o País têm e em relação à qual o senhor não desmente, não esclarece, não dissipa as dúvidas, de que algo na relação entre algum poder económico e o poder político está mal e vai mal, de que alguma relação de favor, de cumplicidade, de privilégio para alguns põe em causa o princípio da igualdade entre todos e o princípio de que o poder político deve estar sempre acima do poder económico. Não são insinuações, são afirmações!

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Sr. Luís Filipe Madeira (PS): - Concretize!

O Orador: - São afirmações, e hoje os portugueses têm a sensação de que há aqui «gato escondido com o rabo de fora», de que há aqui algo de menos claro, menos conhecido e mais obseuro. Em relação a essas questões, a melhor prova de que algo está, de facto, a ocorrer de mal, negativamente, e tem de ser denunciado é o facto de o senhor e a sua bancada dizerem nada. Pela nossa parte, continuaremos a fazer esta denúncia, que é a prova de que temos princípios, acima de tudo, temos convicções