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2958 I SÉRIE - NÚMERO 82

discurso que proferiu aquando da discussão do Orçamento do Estado. Fiquei com a sensação de ter estado a ouvir uma cassette, dizendo sempre a mesma coisa, embora os senhores estejam sempre a reclamar que não se fale do passado. Estou perfeitamente à vontade para falar destas questões, pelo que tomo a dizer que os senhores reclamam permanentemente que não se fale do passado.
Ora, considero espantosa a vossa atitude quando o PCP vem propor ao Parlamento - e é de louvar esta iniciativa do PCP - uma discussão importante sobre uma matéria que aflige muitos portugueses, a de que é necessário introduzir reformas na saúde. Estas são matérias importantes que deveríamos discutir e é para isso que aqui estamos.
Na verdade, estamos aqui para discutir três projectos de lei apresentados pelo PCP sobre matérias que, embora contendo alguns aspectos controversos, podem ser melhorados e transformados, para que os portugueses vivam melhor. É isso que aqui estamos a fazer.
Ora, os senhores estão sempre a olhar para o passado e a dizer as mesmas coisas!
Assim, de uma vez por todas, nesta nossa actividade de Deputados, vamos tentar melhorar as coisas, porque é isso que o povo português espera de nós. Os portugueses esperam que a nossa actuação nesta Assembleia tenha resultados objectivos para que eles vivam melhor.
É correcto o que se propõe nos projectos de lei hoje apresentados, quando se diz que é necessário fazermos um combate ao desperdício, nomeadamente no que toca aos medicamentos, na gestão dos hospitais, etc. Para consegui-lo é preciso que todos os Deputados de todos os grupos parlamentares ajudem a que esse objectivo se concretize; caso contrário, continuaremos sempre a adiar estas questões e o povo português não vê os seus representantes a defender os seus legítimos interesses.
Assim, Sr. Deputado - e é esta a pergunta que lhe faço -, penso que, na sua intervenção, deveria ter-se referido mais ao conteúdo dos projectos de lei hoje apresentados pelo PCP e não ter feito um discurso de crítica ao actual Governo.

O Sr. Presidente: - Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Marques Guedes.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Manuel Strecht Monteiro, em primeiro lugar, agradeço a questão que me colocou.
No entanto, quero dizer-lhe desde já que, como compreenderá - e sei que concordara comigo -,é evidente que a gestão das intervenções e do tempo de que o PSD dispõe para este debate é nossa, é ao PSD que diz respeito. Se o PSD entendeu fazer uma declaração política de fundo na primeira intervenção que fez no âmbito deste debate, tal é da nossa responsabilidade. Aliás, seguramente, ao longo deste debate, o PSD terá muito tempo para analisar com algum detalhe as iniciativas legislativas que hoje estão em apreciação.
Só que, Sr. Deputado, esta é uma Câmara política e facto é que estamos no final da legislatura, já se passaram praticamente quatro anos de mandato do Governo socialista e, para nós, é evidente que chegou o tempo de fazermos um balanço sobre o que não tem sido - infelizmente para todos nós! - a gestão socialista na área da saúde.
Por num, até percebo que o Sr. Deputado tenha ficado algo incomodado por o meu discurso ter ido pelo caminho que foi. Digo-o porque, conhecendo, como conheço, a frontalidade com que várias vezes, ao longo dos últimos quatro anos, o Sr. Deputado atacou violentamente a política de saúde do Governo socialista - e repito que reconheço que o fez com frontalidade -.percebo que não esteja confortável sentado nessa bancada, a fazer um debate exactamente sobre o consulado socialista com o qual o senhor não concorda!

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): -Exactamente! Muito bem!

O Orador: - Aquando da apresentação, por parte do PSD, de projectos de lei com propostas concretas, úteis para tentar resolver o problema das listas de espera, a sua foi uma das vozes que, com coragem, se ergueu para denunciar que, de facto, o Governo nada estava a fazer e que havia que «deitar as mãos à obra» para resolver o problema que era verdadeiro e constituía um drama para as pessoas.
O Sr. Deputado disse várias vezes que era preciso fazer uma reforma estrutural no sector da saúde, que o Governo não fazia reformas, que o Governo não tinha coragem e que não tinha política para o sector.

O Sr. Jorge Roque Cunha (PS): - Bem lembrado!

O Orador: - Portanto, percebo que o senhor não esteja à vontade quando o PSD sobe à tribuna para, num debate como este, fazer o balanço do consulado do Partido Socialista na área da saúde, consulado este de que o senhor tanto discorda, à semelhança do PSD.
Confesso, Sr. Deputado: a gestão do nosso tempo é do PSD e o PSD faz o debate político da forma que bem entende.
O Sr. Deputado preferiria que o PSD apenas falasse sobre as iniciativas legislativas em apreciação para, eventualmente, poder ter uma posição consonante com a da sua bancada. Mas o PSD quer fazer o balanço político do que é a actuação do Governo e se o Sr. Deputado quer ser coerente com tudo o que disse ao longo dos tempos, acompanhe-nos; se não pode aplaudir, pelo menos não discorde do que eu disse naquela tribuna, porque foram verdades, tudo verdades!

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra o Sr. Deputado João Rui de Almeida, para formular um pedido de esclarecimento.

O Sr. João Rui de Almeida (PS): - Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Marques Guedes, o que acaba de acontecer é profundamente lamentável. A intervenção que fez é verdadeiramente lamentável.

Protestos do PSD.

Inclusivamente, não me recordo que alguma vez tenha ocorrido tamanha situação e que se tenha chegado a este ponto.