O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

3128 I SÉRIE-NÚMERO 87

fiscalidade, a Administração Pública, a descentralização, depois de falhada a vossa reforma do século, a anunciada regionalização? Onde estão tantas propostas, tantas intenções, nunca convertidas em realidade?

O Sr. José Magalhães (PS): - Diga lá as suas!

O Orador: - O Sr. Primeiro-Ministro, mais uma vez, falou do passado; está sempre, obsessivamente, a falar do passado. Não será já tempo, ao fim de quatro anos, de o Governo assumir a responsabilidade pelo que fez e pelo que deixou de fazer?

Aplausos do PSD.

Protestos do PS.

E a economia, Sr. Primeiro-Ministro? E a nossa inflação? V. Ex.ª disse que a macroeconomia está resolvida, mas, hoje, a nossa inflação está no triplo da média dos países da zona euro, está quase no dobro da inflação espanhola. está praticamente ao nível da inflação grega. Se fosse hoje tomada a decisão acerca da entrada no euro, Portugal não entrava, porque não está a cumprir o critério da inflação, em termos de critérios, de convergência.
E a questão da macroeconomia? Não é apenas uma questão abstracta, tem a ver com a vida das pessoas. A inflação está a corroer o poder de compra dos salários, o poder de compra das pensões e os depósitos a prazo, que, para muita gente, é a única poupança que tem. Aliás, hoje em dia, há um problema, que V. Ex.ª ignora, de endividamento das famílias, o qual, pela primeira vez, em Portugal, ultrapassou o endividamento das empresas. E V. Ex.ª continua a dizer que não existe problema, que não temos razão para estar preocupados!

Aplausos do PSD.

No seu discurso, Sr. Primeiro-Ministro, o que acho extraordinário é que perante o problema da guerra na Europa, que preocupa toda a Europa, V. Ex.ª não tenha gasto um segundo e não tenha dito uma palavra sobre qual é a posição exacta do Governo face a isso. Mais uma vez, V. Ex.ª tem um discurso lá fora, para inglês e americano ver, e tem um discurso cá dentro, não assumindo, não explicando, não esclarecendo.

O Sr. Luís Marques Mendes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - E quanto à cultura democrática do Governo, bem me recordo de quando V. Ex.ª veio, ao fim de 12 dias, pela primeira vez, procurar explicar aos portugueses o que se passava no Kosovo e qual era a posição que V. Ex.ª tinha tomado, no âmbito da NATO, quando foi confrontado com a imprensa, que procurava traduzir as dúvidas que se sentiam na opinião pública.

O Sr. Presidente: - Terminou o seu tempo, Sr. Deputado.

O Orador: - Vou terminar, de imediato, Sr. Presidente. O Sr. Primeiro-Ministro fugiu ao esclarecimento aos portugueses. V. Ex.ª mostrou um soberano desprezo pela opinião pública e pelo esclarecimento aos portugueses.
Não é dessa maneira, não é fugindo ao esclarecimento, não é fugindo ao debate que promovemos, no nosso país, uma verdadeira cultura de responsabilidade, uma verdadeira cultura de decisão.
Quero dizer-lhe, nesta primeira intervenção - e vou concluir, Sr. Presidente -, que pode contar comigo, Sr. Primeiro-Ministro, e com todos os aqui presentes para trabalharmos em conjunto, independentemente das nossas divergências, para fazermos tudo o que estiver ao nosso alcance para promovermos, no nosso país, uma verdadeira cultura de responsabilidade, uma verdadeira cultura de decisão!

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente: - Se o Sr. Primeiro-Ministro quiser responder, desde já, tem a palavra.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Durão Barroso, quero, em primeiro lugar, agradecer as suas saudações e felicitá-lo pela recente eleição para Presidente do PSD, desejando-lhe, no exercício do seu cargo - eu diria, se me permite -, as maiores felicidades, que sejam compatíveis com as minhas próprias.

Aplausos e risos do PS.

Sr. Deputado, é verdade que eu disse, no último debate mensal, em que, infelizmente, V. Ex.ª não pôde estar presente -...

Uma Voz do PS: - Porque não quis!

O Orador: - ... e eu disse como graça -, que não há, de facto, por duas vezes, uma primeira oportunidade para causar boa impressão. Mas o Sr. Deputado tinha hoje uma segunda oportunidade para causar boa impressão.

Risos do PS.

E tinha uma oportunidade excelente no exacto domínio em que colocou a sua questão: no da cultura democrática e no da responsabilidade.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - O Sr. Deputado tem sido o arauto da necessidade de defesa da autoridade do Estado, da independência da liderança dos partidos em relação aos aparelhos partidários, e tem procurado dar uma imagem de tolerância democrática nos seus discursos. Que excelente oportunidade a de hoje poder chegar aqui perante todos nós e dizer,...

O Sr. Jorge Roque Cunha (PSD): - Isso é cassette! Muito fraco!

O Orador: - ... com toda a simplicidade, que, como líder do PSD, independentemente daquilo que são - e são sempre condenáveis - os ataques pessoais que se façam em política, como líder do PSD, em nome da autoridade do Estado e do princípio da responsabilidade, não podia deixar de se demarcar do facto de um órgão de Estado,