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3808 I SÉRIE - NÚMERO 103

A solução a tomar deveria ser de prudência. Em vez de embarcar em projectos megalómanos, baseados em incertezas, o mais prudente, para já, seria adaptar outras facilidades aeroportuárias, nomeadamente o Aeroporto Militar do Montijo, para receber tráfego civil, o que implica a necessidade de um acordo com a Força Aérea, que já se predispôs a dá-lo, mas que, naturalmente, não pode ser prejudicada na missão que lhe é confiada pelo Estado.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Esta seria uma medida que asseguraria a tranquilidade de não nos virmos a surpreender com uma situação de saturação precoce do aeroporto da Portela. Os dois - Portela e Montijo - podem trabalhar em conjunto, de acordo com estudos conclusivos anteriormente realizados. Os investimentos necessários para isso são de pequena monta comparados com os que teriam de ser feitos na construção de um aeroporto novo.
Assim, com a ampliação até ao fim do aeroporto da Portela e com a disponibilidade do aeroporto do Montijo para receber o excesso de tráfego que, em caso de saturação mais rápida do que a prevista, a Portela não tivesse capacidade de comportar, teremos uma solução certamente muito mais prudente, mais rápida, mais fácil e, seguramente, muitíssimo mais barata.
A partir daí estarão criadas as condições para se poder decidir sobre o novo aeroporto de Lisboa em melhor momento e em bases muito mais sólidas, deixando que os investimentos feitos anteriormente na Portela tenham o devido tempo para a sua amortização.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Os recursos que serão necessários para construir um novo aeroporto - convém recordarmo-nos - são superiores aos que seriam necessários, por exemplo, para construir uma rede completa de metropolitano em Lisboa e na zona a sul do Tejo, ou para criar, no Porto, uma rede de transportes suburbanos de qualidade ou, ainda, para reabilitar todas as casas degradadas, quer em Lisboa quer no Porto, investimentos certamente muito mais necessários e muito mais urgentes do que construir mais um aeroporto - seria o sexto - na Área Metropolitana de Lisboa.
O PSD, convém que se diga, não se sente vinculado por conferências de imprensa de última hora, dadas por dois ministros nas vésperas de terminarem os seus mandatos, nem se sente vinculado por nenhuma das promessas de última hora feitas pelo Governo.
Quando for Governo, o PSD aprovará soluções alternativas à construção, sem estas incertezas, do novo aeroporto, que permitam poupar recursos que serão aplicados na solução de outros problemas, muito mais graves, que, infelizmente, afectam o dia-a-dia da população das Áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto. O PSD não cederá a lobbies, independentemente da sua natureza.
Sr. Presidente e Srs. Deputados. podem ter a certeza absoluta de que, quando for claro e óbvio que é necessário e imprescindível construir um aeroporto novo em Lisboa - e não antes -, o PSD não andará quatro anos a dar conferências de imprensa para, como diz o povo, "encanar a perna à rã".

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - O PSD, no governo, quando o aeroporto for imprescindível, construí-lo-á.

Aplausos do PSD.

O Sr. Presidente (Manuel Alegre): - Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): - Sr. Presidente e Srs. Deputados, a propósito de conferências de imprensa, ainda me lembro daquela que o Sr. Eng.º Ferreira do Amaral deu sobre o metropolitano do Porto, com desenhos animados na televisão. Como, na altura, eu estava distraído, até me pareceu que já lá havia metro!... Foi bom ouvi-lo, porque avivou-me a memória da sua experiência nesta matéria, mas hoje não estamos cá para falar, com certeza, das obras anunciadas. sem concurso!
Gostaria de dizer que quem, nesta matéria, está com tanta pressa é alguém que, ao fim e ao cabo, se esqueceu que levou quatro anos para dar início ao conjunto de obras da ponte Vasco da Gama! Quem está preocupadíssimo com promessas é alguém que, 15 dias antes das eleições, veio a público falar de uma coisa chamada A14, é alguém que fez tudo tão depressa e tão bem que o Plano Rodoviário, apesar de ter sido anunciado para 1995 a sua conclusão, ficou pelo caminho - enfim, é o que se sabe!... -, é alguém que anunciou a construção da auto-estrada para o Algarve, que, enfim, ficou pelo caminho - fez 10 ou 14 km -, é alguém que anunciou aquela história da linha do Norte e meteu as "argoladas" que teremos ocasião de discutir em sede própria..., enfim, convém avivar a memória. Aliás, já estava a esquecer-me, por tão rápido que era, do TGV, que anunciou - linha mediterrânea ou linha do Atlântico -, e a grande discussão que, na altura, isso gerou no País!
De facto, Sr. Eng.º, o que V. Ex.ª prometeu foram só obras, obras de coisa nenhuma, como se vê e como se sabe.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Mas vamos ao importante, porque o problema do Sr. Eng.º Ferreira do Amaral é mais de "dor de cotovelo" do que de interesse do Estado!
O que eu gostaria de dizer ao interpelante é o seguinte: o CDS-PP fez aqui uma interpelação para tentar falar na localização do aeroporto, mas, afinal, não foi dela que veio falar. O que fez, em primeiro lugar - e é isso que está na ordem de trabalhos - foi discutir a data e dizer que esta poderia ser para o Governo uma data politicamente rentável.
Sr. Deputado Rui Pedrosa de Moura, para quem tem de decidir sobre matéria tão importante e relativamente à qual há tantos interesses em jogo, do norte ao sul do País - certamente todas as populações quererão este empreendimento na sua zona -, se calhar, não há altura politicamente mais inadequada, em véspera de eleições, para anunciar a eventualidade da construção do aeroporto neste ou naquele local.

Vozes do PS: - Muito bem!