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Não foi boa - desculpe-me que lhe diga - a sua solução de manter o actual Ministro das Finanças. Por uma razão: a partir do momento em que o Sr. Primeiro-Ministro retira ao Ministro das Finanças a pasta da economia, das duas, uma: ou o Sr. Primeiro-Ministro reconhece que ele não tinha capacidade para manter a economia ou o Sr. Primeiro-Ministro reconhece que não tinha capacidade para formar o seu Governo tal como o formou há algum tempo atrás.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): - Muito bem!

O Orador: - A questão é esta, Sr. Primeiro-Ministro: em termos de economia, ao contrário do que agora sugeriu o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, ninguém está preocupado pelo facto de baixar o desemprego. Todos estamos satisfeitos com isso!
Estamos, sim, preocupados com um dado, que é este: se, estamos, como o Governo diz, apesar de esse dado ser contestado, praticamente em situação de pleno emprego, se não podemos continuar a estimular a procura interna, porque está praticamente esgotada essa possibilidade dado o sobreaquecimento que já se nota, como o Sr. Ministro das Finanças há pouco reconheceu, se as importações estão a crescer mais do que as exportações,…

Protestos do PS.

… qual é o potencial de crescimento para a nossa economia nos próximos anos?

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - Claro!

O Orador: - Por onde e como vai Portugal crescer?!
Está esgotado o modelo de crescimento que este Governo defendeu, que foi um modelo de crescimento assente no estímulo à procura interna, que foi um modelo de crescimento assente no consumismo e no despesismo. Esse modelo está esgotado, até por razões de natureza externa.
Por isso, hoje, nós temos em Portugal um problema estrutural. Eu não culpo o Governo pelo problema estrutural. Mas temos um problema estrutural, que é o de estarmos a crescer muito menos do que a Espanha, muitíssimo menos do que a Irlanda, quando devíamos estar a crescer mais para ver se mais tarde ou mais cedo chegávamos a esse patamar.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Este é o problema estrutural da nossa economia!

O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): - É isso mesmo!

O Orador: - Eu não culpo o Governo pelo problema estrutural, mas responsabilizo o Governo por, ao longo destes anos, não ter tomado uma única medida capaz de enfrentar, a sério, esse problema estrutural!

Aplausos do PSD.

É por isso que, a terminar o debate, quero dizer-vos, Srs. Deputados, que com certeza nós antecipamos qual seja o resultado desta moção. É verdade que por causa da aritmética e da repartição das forças políticas neste Hemiciclo a moção de censura será, com certeza, derrotada, mas também é verdade que o Governo não vai conseguir o apoio de um único Deputado, além daqueles que constituem o seu grupo parlamentar. Ou seja, é verdade que este Governo continua a pensar que, para governar, não vai contar com o apoio maioritário nesta Câmara!

O Sr. Osvaldo Castro (PS): - Vamos ver!

O Orador: - Este Governo, para governar, está a contar com a abstenção, nesta Câmara. Não é um Governo de decisão. Não é um Governo de maioria,…

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - … não é um Governo de coerência, é um Governo de abstenção!

O Sr. Guilherme Silva (PSD): - É um empata!

O Orador: - Está a contar com uma ou outra abstenção que venham a viabilizar o seu Orçamento!
Por isso, quero dizer-lhe, Sr. Primeiro Ministro, isto: é verdade, sem dúvida, que por causa da repartição actual neste Parlamento a moção de censura será previsivelmente derrotada, mas também é verdade, para quem viu e ouviu este debate e não conseguiu descortinar uma única voz de apoio fora do Partido Socialista às suas posições, que a moção pode ser derrotada mas, no debate, quem foi derrotado foi o Governo e o partido que o apoia.

Aplausos do PSD, de pé.

O Sr. Presidente: - Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, chegados ao fim da fase de encerramento do debate da moção de censura n.º 2/VIII, apresentada pelo PSD, temos que votá-la.
Pergunto às direcções das bancadas se estão preparadas para esse momento solene.

Pausa.

Posso interpretar o vosso silêncio como de assentimento, pelo que vamos, então, passar à votação da moção de censura n.º 2/VIII, apresentada pelo PSD.

Submetida à votação, foi rejeitada, com votos contra do PS e do BE, votos a favor do PSD e do CDS-PP e abstenções do PCP e de Os Verdes.

Aplausos do PS, de pé.

Srs. Deputados, a próxima sessão plenária realiza-se amanhã, quinta-feira, dia 21, às 15 horas, e terá como ordem do dia a interpelação n.º 5/VIII - Centrada na reforma tributária e nas políticas de combate à fraude fiscal (BE).
Está encerrada a sessão.

Eram 20 horas.