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evolução dos preços e de maior estabilidade social. É uma opção como todas as opções criticáveis, mas é e foi uma opção com esta racionalidade, em nome da qual o Governo a tem desenvolvido e mantido e que tem sido compreendida pelos portugueses.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: - Srs. Deputados, como até agora ninguém requereu o intervalo de uma hora, a decorrer entre o fim do debate e a votação, provavelmente, no fim do debate, seguir-se-á a votação. Peço aos grupos parlamentares que tomem este facto em linha de conta.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco de Assis.

O Sr. Francisco de Assis (PS): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: No momento em que nos aproximamos da fase final da discussão desta moção de censura, apresentada pelo PSD, parece adequado analisá-la, por um lado, na sua génese, por outro lado, na sua essência e, por fim, nas suas consequências, até porque estes três aspectos estão absolutamente interligados.
Comecemos pela génese da moção de censura. O PSD apresentou esta moção de censura por motivos estritamente estratégicos e que assentam em duas razões fundamentais. A primeira é porque, há dois meses, o PP também apresentou uma moção de censura ao Governo, só que na altura o PP apresentou-a com um duplo intuito: por um lado, o de se afirmar como líder da oposição da direita à acção que o Governo vinha a desenvolver, e, por outro, o de condicionar em absoluto a capacidade da actuação do PSD numa matéria fundamental que, então, estava a ser discutida e votada e que era atinente à Lei de Bases da Segurança Social.
Dois meses depois, o PSD entendeu que na disputa estratégica e política pela liderança da direita tinha, também ele, de apresentar uma moção de censura. Mas ela não assenta numa motivação de ordem exterior, assenta também numa motivação de ordem puramente interna. E não correspondendo isto a qualquer tentativa minha de me imiscuir nas questões internas do PSD, e tenho até a maior compreensão pelas dificuldades que este partido actualmente atravessa, do ponto de vista da pura análise política não podemos deixar aqui de salientar que o outro pilar que fundamentou estrategicamente a apresentação desta moção de censura tem a ver com aquilo que o Sr. Primeiro-Ministro referiu na sua intervenção inicial, utilizando a fórmula cartesiana aplicando-a: «censuro, logo existo». Era também uma prova de vida do líder do PSD.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - Foram estas as motivações genéticas.
Mas passemos à essência da questão. Esta moção de censura radica numa avaliação muito negativa, até mesmo catastrófica, da situação actual do País e da governação que tem vindo a ser levada a cabo pelo Executivo do Partido Socialista. Ora, a questão que se coloca aqui, em primeiro lugar, é a de saber se há ou não uma actuação entre aquilo que o PSD pensa e diz acerca da sociedade portuguesa, do Estado, da Administração Pública e da qualidade da governação, e aquilo que é a realidade e a própria apreensão dessa realidade por parte da maioria da sociedade portuguesa. E quem hoje ouviu aqui os vários Deputados do PSD que intervieram neste debate sobre a moção de censura por eles apresentada ficou sem qualquer dúvida em relação a esta questão.
O PSD revela hoje na oposição exactamente a mesma atitude arrogante que usou quando estava no poder. Porque, Srs. Deputados, quem considera que tudo está bem ou que tudo está mal está sempre a agir da mesma forma, de uma forma arrogante, prepotente e que revela um profundo autismo político.

O Sr. Manuel dos Santos (PS): - Muito bem!

O Orador: - Quando exerciam a governação do País esse autismo manifestou-se na forma prepotente com que foram avaliando as várias situações, com que foram sistematicamente pondo em causa aquilo que eram apreensões e juízos críticos formulados por variadíssimos sectores políticos, sociais, económicos e culturais do País. Ora, essa arrogância manifesta-se agora de maneira negativa, porque a teoria do caos resulta do mesmo estado de espírito que no passado conduziu à teoria do «oásis». E esse estado de espírito revela uma total incapacidade para compreender o País, uma total incapacidade para perceber as realidades da sociedade portuguesa.
É por isso que, de uma forma que não deixa de ser sugestiva, o Sr. Deputado Luís Marques Mendes, há pouco, acusava o Sr. Primeiro-Ministro de ter posto em causa a autoridade do Estado pela simples circunstância de ter procedido a uma remodelação ministerial, como se a autoridade fosse obstinação, como se a autoridade fosse teimosia, como se a autoridade fosse a incapacidade de se introduzir mudanças, quando se entende que elas devem ser introduzidas!

Aplausos do PS.

O Primeiro-Ministro tem não apenas o direito mas o dever de, perante este Parlamento, o País que o elegeu, o País que no Governo projecta tantas expectativas, introduzir as modificações que ele entenda como necessárias à luz da sua interpretação do próprio interesse nacional. É por isso que devemos aqui salientar a atitude do Governo e do Partido Socialista, que é uma atitude em oposição absoluta àquela que ainda hoje caracteriza o PSD.
Bem sabemos que nem tudo vai bem no nosso país; bem sabemos que há determinadas áreas em que se deve avançar mais e mais depressa. Não perdemos o nosso juízo crítico. Esta bancada parlamentar não abdica de ter um juízo crítico, que muitas vezes formula em relação à acção do Governo.

Vozes do PS: - Muito bem!

O Orador: - E nós próprios projectamos nesta remodelação governamental a expectativa de que ela contribua para uma melhor e mais eficaz governação do País; de resto, se assim não fosse, certamente não teria havido necessidade de a fazer.

Vozes do PS: - Muito bem!