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0550 | I Série - Número 011 | 11 de Outubro de 2003

 

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, peço a palavra para uma interpelação à Mesa.

O Sr. Presidente: - Qual é a matéria da sua interpelação, Sr. Deputado?

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - É sobre a condução dos trabalhos, Sr. Presidente.

O Sr. Presidente: - Tem a palavra.

O Sr. Carlos Carvalhas (PCP): - Sr. Presidente, a interpelação é no sentido de saber se estamos aqui a ouvir o Sr. Primeiro-Ministro, ou se continuamos a ouvir um reciclado maoísta.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, essa sua interpelação não tem resposta.
Tem a palavra, para formular a sua pergunta, o Sr. Deputado Francisco Louçã.

O Sr. Francisco Louçã (BE): - Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, naquele que é o primeiro de todos os debates mais difíceis da sua vida, V. Ex.ª tem de responder a uma questão, que é a que o País coloca: o País está melhor ou está pior consigo como Primeiro-Ministro?
Sr. Primeiro-Ministro, o senhor é o recordista do desemprego em Portugal. Nunca a política de um primeiro-ministro fez tanto mal a tanta gente, nunca prometeu tanto aos mais fracos, aos mais idosos, e tanto os enganou, nunca revoltou tanto os jovens e os estudantes, como se está a ver.
Mas, Sr. Primeiro-Ministro, talvez o pior da política portuguesa seja a falta de credibilidade. Hoje, sabemos que o Primeiro-Ministro Durão Barroso é um homem que, em vez de enfrentar dificuldades, foge em frente, não toma decisões, decide pelos amigos.

O Sr. João Teixeira Lopes (BE): - Muito bem!

O Orador: - A falta de credibilidade é o cancro da política portuguesa. E, em três matérias fundamentais, reafirmou-nos a sua falta de credibilidade.
O Sr. Primeiro-Ministro quer levar Portugal para uma guerra colonial. No passado, como reafirmou agora mesmo, fez parte do "eixo da mentira".
Sei que a verdade é cruel, mas quero recordar-lhe o que disse aqui, em primeiro lugar, o seu Ministro dos Negócios Estrangeiros, em 14 de Setembro de 2002: "Nós não demos luz verde aos americanos para irem para a guerra,…" - imagino o mesmo, na Casa Branca, a dizer "Dear George, não damos luz verde para irem para a guerra"! - "… deixámos claro que o objectivo deve ser o desmantelamento das armas de destruição, não uma mudança de regime". O Ministro mentiu então, ou o Governo mente agora?

O Sr. Pedro Silva Pereira (PS): - Muito bem!

Vozes do BE: - Muito bem!

O Orador: - No dia 20 de Setembro, o senhor veio dizer-nos que tinha visto um dossier - não sabemos de quem, não sabemos com quê - que provava que havia armas biológicas, químicas e iminência de armas nucleares. Mentiu a sua mentira, ou mentiu a mentira dos outros, Sr. Primeiro-Ministro?
No dia seguinte à Cimeira dos Açores, veio dizer ao País: "ao longo dos meses, fui sempre claro e coerente…" - imaginem! - "… o objectivo é desarmar o Iraque". Mentiu agora, ou mentiu nessa altura, Sr. Primeiro-Ministro?
Aliás, considero extraordinário que, em desespero, para se proteger, fale dos massacres contra os curdos.
O último grande massacre sobre os curdos foi em 1988, o massacre de Halajba. Nessa altura, o senhor fazia parte do governo e, em 1988, o governo vendeu armas a Saddam Hussein; em 1989, apesar do massacre dos curdos, continuou a vender armas a Saddam Hussein; em 1990, apesar do massacre dos curdos, continuou a vender armas. O senhor indignou-se?! Saiu do governo?! Era o número dois do Ministro que assinava os despachos de venda de armas a Saddam Hussein, que era um bom cliente!

Vozes do BE: - Muito bem!

O Orador: - E, agora, vem "tirar da cartola" o nome de José Lamego?! José Lamego, que já foi proposto, por uma cimenteira, para a Administração do Iraque - e com o seu apoio! -, que foi proposto, por si próprio, para elaborar a