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0905 | I Série - Número 017 | 25 de Outubro de 2003

 

Esta interpelação centrou-se nesta mesma questão essencial: debater as próprias condições da existência de uma sociedade democrática.
Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: As damas da alta-roda e da "boa sociedade" do século XIX (que, hoje, provavelmente, votariam nos partidos do Governo) recomendavam aos pobres que não invejassem os ricos. Recordo-vos, no entanto, os versos de Ruy Belo: "Há quem diga que o sol foi longe demais. Algum dos pobres desta freguesia apanhou uma faca misturou-a no pão (…). Foi uma autêntica loucura, o astro-rei tornado acessível a todos".

Vozes do PSD: - Ah, poeta!...

O Orador: - Seguimos os versos de Ruy Belo: queremos ir longe demais. Queremos essa loucura. Afinal, a loucura tão humana, demasiado humana, do direito à dignidade!

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente (Leonor beleza): - Para encerrar o debate, em nome do Governo, tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.

O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Luís Marques Mendes): - Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Há hoje duas atitudes muito distintas na forma de fazer política em Portugal. Temos, por um lado, os que adoram ser politicamente correctos, é o caso típico do Bloco de Esquerda, há, por outro lado, aqueles que preferem ser correctos nas políticas, é o nosso caso, o caso do Governo e da maioria parlamentar que o apoia.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Este não é um jogo de palavras, mas sim um traço distintivo essencial.

Vozes do PS: - Mais um livro, vai sair outro poeta!

O Orador: - Ser-se politicamente correcto, como é timbre do Bloco de Esquerda, é dizer-se, em cada momento, o que se pensa que as pessoas mais querem ouvir, o que se julga estar mais na moda, o que é mais fácil de apregoar, ou mais simpático de ouvir. É prometer tudo o todos ao mesmo tempo. É na prática, a aposta na demagogia, o convite ao populismo, o caminho da ligeireza e da irresponsabilidade.

Vozes do PSD e do CDS-PP: - Muito bem!

O Orador: - Ser-se correcto nas políticas é coisa bem diferente: é falar-se de direitos, mas também de deveres; é apostar na liberdade, mas saber exigir responsabilidade; é prometer benefícios, mas também ter a coragem, quando é necessário, de pedir sacrifícios; é defender a igualdade de oportunidades, mas também saber distinguir o mérito, a exigência e a excelência; é lutar por maior justiça social, mas é, também, reclamar finanças em ordem e uma economia saudável; é querer combater a pobreza e a exclusão social sem esquecer que, sem se criar riqueza, não se combate verdadeiramente a pobreza, não se diminuem as desigualdades, não se promove a justiça social.
Este, Srs. Deputados, é o nosso caminho, um caminho diferente, porque é o caminho da verdade, do realismo, da honestidade política e intelectual, e, sobretudo, o caminho da responsabilidade.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, justiça social e justiça fiscal são dois objectivos capitais da nossa acção: da nossa acção como Governo, da nossa acção como País.
Neste contrato colectivo, entre o Estado e a sociedade, os portugueses sabem qual o caminho a seguir e qual a estratégia que há para cumprir. Os portugueses sabem, desde logo, que temos de trabalhar mais e melhor e pode não ser politicamente correcto dizer isto, mas esta é a verdade e o acerto da política.

Vozes do PSD: - Muito bem!

O Orador: - Porque temos de ser mais competitivos, porque temos de aumentar a nossa produtividade, só assim criaremos mais riqueza: a riqueza indispensável para promover maior justiça social.