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3540 | I Série - Número 064 | 18 de Março de 2004

 

retirarmos também daí algumas lições para o nosso país.
Por outro lado, quero assinalar que considero grave e lamentável que o Sr. Deputado Telmo Correia tenha mantido a tese, de que a direita portuguesa tem feito gala e usado nestes últimos dias, de que esta questão da manipulação da informação sobre as pistas dos eventuais responsáveis pelos bárbaros atentados de Madrid é apenas uma questão de má gestão, um erro de gestão.
Não, Sr. Deputado! Não se trata de um erro de gestão! Trata-se de um gravíssimo atropelo ao funcionamento da democracia, ao respeito pelos direitos dos cidadãos e à ética política que deve conduzir as forças políticas em cada momento.

Vozes do PCP: - Muito bem!

O Orador: - Portanto, o que esta atitude merecia era uma condenação firme dos procedimentos e do que eles significam e não apenas qualificar a questão como um problema de má gestão ou um erro inócuo, como se não tivesse tido a ver com uma das mais graves violações da democracia que tem acontecido nos últimos tempos.

O Sr. Honório Novo (PCP): - Exactamente!

O Orador: - Depois, o Sr. Deputado certamente que também quer ignorar que o facto de, em Espanha (como em Portugal), a população maioritariamente ter manifestado a sua opinião contra a participação na guerra e na ocupação do Iraque, terá sido um elemento muito importante na derrota do PP e do Sr. Aznar nas eleições do passado domingo.

O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): - E, já agora, da Esquerda Unida!

O Orador: - É que o sentimento contra a guerra e contra o envolvimento de Espanha (como de Portugal) nesta guerra é certamente um elemento importante para a análise desse resultado.
Falou-nos ainda o Sr. Deputado da questão do terrorismo. Quero dizer-lhe com toda a serenidade que, se há partido nesta Assembleia que conhece bem na pele o que é o terrorismo e os atentados bombistas, esse partido é o PCP, como o Sr. Deputado Telmo Correia bem sabe.
E quero dizer-lhe, Sr. Deputado Telmo Correia, que, evidentemente, os culpados pelos atentados terroristas são os terroristas que os praticam - disso não há qualquer dúvida! - e eles devem ser encontrados e punidos pelos actos bárbaros que cometeram.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado, o seu tempo esgotou-se.

O Orador: - Vou terminar imediatamente, Sr. Presidente.
Mas há também que ter a clarividência de dizer que a intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados no Iraque contribuiu para acentuar os terrorismos e a violência no mundo.

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: - Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.

O Sr. Luís Fazenda (BE): - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Somos todos espanhóis! Dissemos com raiva, amargura e lucidez, muita lucidez.
Sofremos com os "comboios da morte", com o terror absoluto. Somos todos espanhóis, na condenação e perseguição de todo o terrorismo, de todo o terrorismo. A barbárie do terror não tem justificação.
Mas também somos espanhóis quando recusamos a política da mentira. Da mentira das armas de destruição em massa no Iraque, da mentira de uma guerra de ocupação, com milhares de vítimas civis, da mentira da informação manipulada. Da mentira da Cimeira das Lajes, dita da paz e de onde saiu o ultimato da guerra. Quem não recorda o Primeiro-Ministro português, há um ano, a falar da "oportunidade para a paz", a poucas horas, a pouquíssimas horas, dos primeiros bombardeamentos sobre Bagdad?
Os espanhóis, perante o horror da matança, tiveram vergonha de Aznar e da manipulação. Disseram a Aznar que o seu governo não tinha legitimidade política ou moral para conduzir qualquer combate que fosse. Apontaram também o dedo a Bush, Blair, Berlusconi, Barroso e outros. Qual é a legitimidade política e moral de uma coligação internacional fundada na mentira em série? Serial liars e serial killers!
Por que será que os editorialistas e a maioria dos comentadores políticos, a par com a nossa exposta direita, se recusa a ver este simples facto? Porquê continuar a insistir na ideia de que os meios justificam