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5026 | I Série - Número 091 | 27 de Maio de 2004

 

por que é que o Governo queria que uma empresa portuguesa, a GALP, fosse atingida por um raid de uma das maiores empresas mundiais de venda de armamento que recicla os capitais sauditas? Ora, o senhor teve tempo, uns dias antes da cimeira da guerra, nos Açores, de ouvir o embaixador Frank Carlucci. Nunca teve foi tempo de ouvir a população portuguesa que não aceitava a guerra - lembra-se: "Nem um soldado para as colónias!"? O senhor não quis ouvir, não quer saber o que a democracia portuguesa lhe diz. Aliás, é também por essa razão que não quer saber da crise social.
O senhor enche as cidades com fotografias de claques de futebol, de rapaziada com cachecóis do "Força Portugal!". Bem dizia Deus Pinheiro que este Governo, este partido, não tem ideias, que há um vazio de ideias.
Depois, indigna-se sobre a democracia de casos!? A democracia, Sr. Primeiro-Ministro, é a resposta aos casos: o caso da Força Aérea, humilhada por ser transformada num "táxi partidário" do Ministro Paulo Portas; os casos de sucessivos ministros que se demitem sem saber como nem de que forma.
Dizia Morais Sarmento, por exemplo, que o seu partido se transformou num "partido-canguru", porque transporta a extrema-direita na bolsa. Isso não nos preocupa, é consigo. O que não queremos é aceitar um "Governo-canguru", que transporte os escândalos na bolsa nem, sobretudo, Sr. Primeiro-Ministro - e é ao que tem de dar resposta -, este conúbio extraordinário de concelhias do partido que fazem nomeações para cargos do Estado: no passado, para a segurança social; agora, para os centros de saúde.
Acha normal, Sr. Primeiro-Ministro, que os administradores dos centros de saúde sejam nomeados por mandato dos responsáveis do seu partido? O senhor não sabe de nada? Não quer saber? Pois fique sabendo que isso é que é o modelo da Madeira!
Dizia o senhor, no Congresso, que era bom que isto fosse uma enorme Madeira, que era bom termos um poder perpétuo do PSD! É por isso, Sr. Primeiro-Ministro, que o compreendo e também sinto uma ponta de solidariedade para consigo, para com aquele seu desgosto: o senhor viu as oposições juntas. "Estavam juntos no 25 de Abril!", dizia o senhor, no Congresso.
Sr. Primeiro-Ministro, onde é que queria que estivéssemos no 25 de Abril se não a comemorar a liberdade sem medo? Onde não estávamos era na saudade de Champalimaud…

Protestos do PSD e do CDS-PP.

… nem, muito menos, a elogiar um modelo madeirense de poder perpétuo. Aí não estamos, e conte com a oposição contra a actual política sobre todas essas matérias.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: - Sr. Primeiro-Ministro, tem a palavra para responder.

O Sr. Primeiro-Ministro: - Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, compreendo que V. Ex.ª não gostasse - eu próprio também não - da política do anterior regime, mas não lhe ficaria nada mal uma palavra de reconhecimento da generosidade do Sr. António Champalimaud, que, post mortem, fez uma muito importante doação a Portugal.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

É uma manifestação de sectarismo, por razões político-partidárias, não sermos capazes de reconhecer um gesto nobre, mesmo em relação a pessoas de outros sectores políticos. Não lhe ficaria nada mal reconhecê-lo e creio que, no futuro, o senhor pode rever essa sua posição.
Quanto à ciência, o Sr. Deputado nada disse. É curioso que falam muito, mas, quando o Primeiro-Ministro resolve trazer o tema à Assembleia da República, VV. Ex.as nada dizem - e o facto de, em Óbidos, eu ter falado na matéria não me impede de trazê-la à Assembleia da República, pelo contrário!

A Sr.ª Luísa Mesquita (PCP): - É a quarta vez que aqui traz! Chega!

O Orador: - Penso que esta é uma matéria com suficiente relevância para a Assembleia da República, o que não impede que discutamos todas as questões relacionadas com a situação económica e social.
A esse respeito, também quero dizer-lhe que os dados do primeiro trimestre são animadores. Tal como tínhamos dito, já tudo indica que ultrapassámos a fase mais baixa do ciclo económico e há sinais positivos de uma retoma moderada, lenta, gradual, como sempre dissemos, repito, mas de sinal positivo.