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5291 | I Série - Número 097 | 18 de Junho de 2004

 

em prol de um bem vindouro. Os portugueses já perceberam que os sacrifícios não são para todos, que a riqueza está cada vez mais nas mãos de poucos e a pobreza cada vez mais espalhada pelo País. Os portugueses já perceberam que esta política afunda o País e compromete o seu futuro.
Se dúvidas houvesse, bastaria registar a afirmação proferida ontem por um destacado membro da maioria que afirmou que os resultados eleitorais demonstraram que "à data de hoje, não estão resolvidos os principais problemas dos portugueses" - foi apenas o Ministro Morais Sarmento que o disse. Ele sabe do que fala e certamente não será contrariado por nenhum dos membros da bancada da maioria.
A expressão da derrota da coligação de direita está bem patente no facto de só ter conseguido angariar 34% dos votos contra 60% do conjunto dos partidos da oposição.

Protestos de Deputados do PSD.

Ainda por cima esta derrota tem agravantes, porque, ao contrário do que é costume na nossa história eleitoral, em que as coligações de forças políticas diversas têm normalmente um efeito agregador superior aos votos iniciais, o que, aliás, se verificou com a anterior coligação, a AD, esta coligação, em vez de agregar, desagregou, teve menos votos do que os partidos que a constituem.

Protestos do Deputado do PSD Luís Marques Guedes.

Por outro lado, revelou-se infrutífera a politicamente escandalosa tentativa de colagem à simpatia dos portugueses com a Selecção Nacional de Futebol que a campanha Força Portugal procurou instrumentalizar. Os portugueses não são parvos e não se deixaram enganar pela manobra de propaganda ensaiada. Quando muito, o que aconteceu é que tanta colagem à imagem da Selecção acabou por transmitir a energia negativa da coligação de direita à própria selecção de todos nós que, felizmente, já se libertou de tão aziaga influência.

Protestos do PSD e do CDS-PP.

Nestas eleições, a CDU obteve um resultado positivo, embora aquém do desejado, sobretudo, tendo em conta o valioso e reconhecido papel dos eleitos no Parlamento Europeu em defesa dos interesses nacionais e o seu insubstituível papel na oposição a este Governo.
Nestas eleições, a CDU ajudou a derrotar a direita, mas também derrotou claramente as sucessivas sondagens e estudos, palpites e análises de comentadores e analistas que, pressurosamente, se apressavam a anunciar a derrocada que não existiu, a não ser nos desejos de alguns.
Por isso, dizemos, sem arrogância, que este resultado cria boas condições para o futuro, para que continuemos a nossa luta no sentido de darmos mais esquerda à esquerda, mais força ao combate ao Governo, mais vigor à exigência de uma nova política de que o País precisa e que está muito para além da política de alternância que nos tem governado.
Estas eleições ficaram também marcadas por um elevado nível de abstenção que não serve para desvalorizar os resultados mas não pode deixar de constituir um factor de preocupação.

O Sr. Presidente: - Sr. Deputado Bernardino Soares, peço desculpa por o interromper, mas, tendo em conta o ruído que se faz ouvir, quero solicitar à Câmara que crie condições para que possamos ouvir o Sr. Deputado.
Faça favor de prosseguir, Sr. Deputado.

O Orador: - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Estas eleições levantam uma questão que é colocada por todos os portugueses.
Após as eleições, os portugueses esperam que os seus resultados tenham consequências, que a vontade que expressaram altere alguma coisa. Porém, os portugueses ouviram o Primeiro-Ministro dizer que ouviu o recado mas que vai manter as linhas essenciais da sua política.
O Governo não vai, pois, mudar de política. Pode mudar de cosmética, pode mudar de discurso, pode até mudar algumas caras, mas não mudará o sentido de uma governação que arrasta o País para a crise e os trabalhadores para o desemprego, que aumenta a desigualdade e a pobreza.
Por isso, não nos conformamos com a suposta inevitabilidade do decurso, sem sobressaltos, de mais dois anos de Governo PSD/CDS, que seriam mais dois anos de uma política contra os interesses dos portugueses e do País.
Pela nossa parte, não queremos dar esse "seguro de vida" ao Governo. Sabemos que outros aceitam como inevitável o mero curso do calendário da Legislatura, mas pensamos que isto não dá resposta à