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5 554 ISÉRIE — NÚMERO103

venha a ser, dentro de pouco tempo, um voto de pesar, para mal dos vossos pecados. Aplausos do BE. A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Castro. A Sr.ª Isabel Castro (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, gos-

taria de pronunciar-me sobre a forma como este voto está redigido. É que, face a uma maioria que, durante o fim-de-semana, deu óbvios sinais de ignorar a existência do

Sr. Presidente da República, que ousou delinear os mais variados cenários, esquecendo-se pura e sim-plesmente que temos uma Constituição, uma Lei Fundamental, que temos um Presidente da República eleito por sufrágio universal, com poderes próprios e que tem de pronunciar-se sobre o resultado desta designação de Durão Barroso, consideramos verdadeiramente espantoso que se tenha a ousadia de, abu-siva e escandalosamente, fazer uso, fora do contexto, de felicitações do Sr. Presidente da República, num texto a propósito da designação de Durão Barroso — agora José Manuel Barroso!

Em segundo lugar, é evidente que, do ponto de vista pessoal, da sua carreira e dos seus projectos, é seguramente satisfatório e um factor de enorme alegria para o futuro ex-Primeiro-Ministro acabar por ter sido escolhido, mas é bom que se diga que este é o presidente acidental, o presidente que resulta da ausência de outras escolhas e da recusa de outras escolhas, designadamente de outros primeiros-ministros em exercício, noutros países, que recusaram abandonar os cargos que exerciam, recusaram deixar os seus países como Durão Barroso deixa, com uma crise política a juntar à crise económica, social e ambiental, sendo isto o património e a herança que deixa, ao fim de mais de dois anos.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): — Sr.ª Deputada, o seu tempo terminou. Conclua, por favor. A Oradora: — Vou terminar, Sr.ª Presidente. Parece-me que as circunstâncias em que a escolha teve lugar e as consequências que dela advêm são

demasiado graves neste processo (pouco transparente e sobre o qual, aliás, a imprensa tem falado) para que haja da nossa parte outro sentido de voto que não o da inviabilização deste voto apresentado pela maioria.

A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): — Tem a palavra o Sr. Deputado Bernardino Soares. O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: Não podemos associar-nos a

este voto. E não precisamos para isso de comentar as razões que levaram os vários governos europeus a concordar com a nomeação de José Manuel Durão Barroso, nem o número de escolha que ele representa. Também não vamos invocar os argumentos já hoje utilizados pelo Dr. Pacheco Pereira, nem os referidos ontem pelo Dr. João Salgueiro, pois julgamos não ser necessário. Nem vamos invocar a quebra dos com-promissos com o País e com os eleitores, que um bem conhecido líder de uma bancada parlamentar desta Casa, ainda há poucos dias, dava como garantidos e a cumprir.

O que dizemos é que Durão Barroso, por ir para Presidente da Comissão Europeia, não deixa certa-mente de ser um português, mas também não deixa certamente de ser aquele português que, ao longo dos últimos dois anos, lançou o País num acréscimo de desemprego,…

Protestos do PSD. … agravou a crise económica e social, e o máximo que se pode esperar dele é que contamine toda a

Europa com essa desastrosa política que já implementou no País. Vozes do PCP: — Muito bem! Protestos do PSD. O Orador: — Portanto, um voto de congratulação por uma nomeação — ainda por cima, no texto do

voto, com uma colagem inaceitável e de mau gosto às palavras do Sr. Presidente da República —,… Vozes do PCP: — Muito bem! Vozes do PSD: — Mau gosto?!