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5 570 ISÉRIE — NÚMERO104

sobre os efeitos da televisão. Um estudo do Departamento de Avaliação Prospectiva e Planeamento, do Ministério da Educação,

relativo ao género e à tecnologia, nomeadamente quanto à utilização das TIC por rapazes e raparigas, refere que se, por um lado, esta ainda é uma área mais «masculina do que feminina», por outro, eviden-cia, uma vez mais, a diferença comportamental de género quando afirma que as «raparigas recorrem mais ao computador para escreverem textos e para jogos educativos e os rapazes para jogar», sendo que estes recorrem à auto-aprendizagem e aquelas ao apoio familiar e dos professores. Isto para concluir que «os rapazes adoptam estratégias de aprendizagem consentâneas com modelo de masculinidade, assente em autonomia e individualismo, e as raparigas diversificam as formas de aprendizagem valorizando a coope-ração e o relacionamento pessoal e social.»

Neste estudo, como noutros, as condições familiares de repartição de tarefas, nomeadamente as domésticas, continuam a condicionar a utilização não só dos computadores mas, até, da televisão.

Aqui está uma área em que a escola pode ajudar a promover a equidade, pois a instituição das TIC como disciplina obrigatória ajudará a eliminar, por certo, algumas destas desigualdades.

Quanto às desigualdades de género nos manuais escolares, refiro, por exemplo, dois estudos, um, relativo a manuais escolares do 1.º ciclo de língua portuguesa e estudo do meio, e outro, relativo a manuais de língua inglesa dos 7.º e 8.º anos de escolaridade, os quais, embora para anos, situações e locais diferentes do nosso país, chegam às mesmas conclusões quando se analisa a dicotomia géne-ro/profissão.

Concluem as autoras destes estudos pela existência do sexismo explícito por representações desfasa-das da realidade social actual, e também implícito, veiculando estereótipos do que é ser homem ou mulher para o que contribuem para profissões que aparecem sobretudo no masculino, assim como a ausência de homens no mundo doméstico, pela utilização do género masculino como modelo genérico, apesar da interpretação se tornar o modelo específico.

Neste momento, registou-se burburinho na Sala. Sr.ª Presidente, sei que esta questão não interessa a muitos Deputados mas, como é interessante… A Sr.ª Presidente (Leonor Beleza): — Srs. Deputados, peço que façam silêncio. Aqueles que, even-

tualmente, não queiram ouvir, deixem, pelo menos, que aqueles que querem o possam fazer. Faça favor de continuar, Sr.ª Deputada. A Oradora: — Sei que é uma mulher que está a falar e que a Câmara é de homens, mas hoje, se

calhar, seria o dia ideal para mudar a imagem! Nas ilustrações surgem mais figuras masculinas do que femininas, representando as figuras masculi-

nas, do ponto de vista visual, a própria humanidade. O exercício do poder para as mulheres encontra-se confinado à esfera doméstica, surgindo só aqui

como agentes de acção, deixando assim a esfera de intervenção social macro para eles e a micro, da famí-lia, para elas.

As mulheres não são, nos livros, bombeiras, políticas, jogadoras de futebol, pilotos, juízas, mecânicas, gestoras ou jornalistas… Só que hoje vemos apenas mulheres na bancada dos jornalistas!

Vozes do PSD: — Muito bem! A Oradora: — Mas, nos livros, também nenhum homem é enfermeiro, bailarino ou doméstico. No masculino, cozinheiro diz-se «chefe» e o masculino de hospedeira de bordo é «comissário de bor-

do». Como podemos constatar não só pelo que conhecemos e percepcionamos mas, sobretudo, pelos estu-

dos, existem reais e grandes assimetrias desfavoráveis à mulher. Isto apesar de a população feminina ser maioritária socialmente e de na escola, apesar do equilíbrio entre rapazes e raparigas no ensino obrigató-rio, este ser progressivamente desequilibrado a favor das mulheres quando se passa para o secundário e, sobretudo, para o superior, com maior frequência e melhores resultados para as mulheres.

Este sentido torna-se a inverter quando analisamos a saída da escola para a vida activa, relevando mais uma vez aqui que a promoção de igualdade de oportunidades é dada pela escola mas ainda é negada pela sociedade.

Dizem os estudos que a escola é do género feminino (a frase é minha) no sentido que a profissão de professora é maioritária e os alunos são maioritariamente mulheres, mas que as mulheres se adaptam, dadas as suas condicionantes femininas resultantes do género (adaptabilidade, docilidade, disciplina),