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5 572 ISÉRIE — NÚMERO104

Os estereótipos de desempenhos, com base numa leitura sexista, promovem modelos desajustados, condicionando os construtos mentais do indivíduo quanto ao seu espaço na sociedade, no emprego, na família e na escola.

A própria instituição escolar, para além do que é dito, explicitado e racionalmente assumido, continua a reproduzir estereótipos e representações sociais que discriminam com base no género.

Apesar dos inúmeros estudos, projectos e materiais produzidos nos últimos anos, as práticas dominan-tes permanecem inalteradas.

A vontade manifesta de responsáveis políticos, que recentemente ilustraram uma dificuldade patente na aceitação da maioria feminina em determinados sectores da vida académica —…

Aplausos do PS. … como se depreendeu das palavras do Sr. Ministro da Saúde, preocupado pelo número elevado de

médicas num futuro de médio prazo, mas não constrangido, por outro lado, pelo facto de sectores como a enfermagem ou a educação para a infância até muito recentemente terem sido, na prática, exclusivamente ocupados por mulheres —, apesar da aquisição do saber não poder cientificamente ser pensada discrimi-natoriamente em função do sexo, parece indicar que o problema da representação e da reprodução de um modelo social discriminatório não está resolvido.

Nem feminização, nem masculinização. Enquanto não houver mostra de mudança socialmente apreciável nos comportamentos discriminató-

rios com base no género, compete seguramente a quem tutela, legisla ou gere os desígnios sociais, numa perspectiva enquadradora, acompanhar tudo o que represente espaços de reprodução de modelos.

Vozes do PS: — Muito bem! A Oradora: — O universo educativo, e tudo o que a ele se associa, constitui um espaço privilegiado

tanto de mudança como de reprodução de modelos. É na escola e pela escola que passa o futuro, uma vez que ao sistema educativo — por períodos de

duração variável, conforme o número de anos de escolarização efectiva e os percursos individuais — recorrem todos os cidadãos.

À escola são solicitadas respostas educativas centradas nos saberes curriculares, mas igualmente nas competências para a vida e para a profissão.

Vozes do PS: — Muito bem! A Oradora: — Não se ensinam, exclusivamente, conteúdos programáticos, ensinam-se e aprendem-

se valores, desenvolvem-se competências do saber e para o saber, aprende-se a aprender e a usar devida-mente aquilo que se aprende. Aprende-se a ser cidadão e aprende-se cidadania. Aprende-se e ensina-se.

Vozes do PS: — Muito bem! A Oradora: — Tudo depende do modelo que se persegue, tudo depende do que, também politica-

mente, se projecta para ser ensinado e aprendido. Pela linguagem e pelas imagens usadas nos manuais escolares passa um manancial de informação,

explícita e implícita, marcado a diversos níveis. O manual escolar é um dos instrumentos mais poderosos no que toca à transmissão de saberes, daí que se considere relevante a preocupação respeitante à necessi-dade de o acompanhar na sua produção. Não podemos ficar pela atenção redobrada relativamente à inclu-são ou não de um autor estruturante para a identidade cultural nacional. Não basta especular sobre a pre-valência das questões linguísticas sobre as questões literárias ou vice-versa, ainda que a sua articulação seja legitimamente considerada e deva merecer o maior cuidado.

Importa também atendermos aos modelos sociais implícitos reservando-lhes o acompanhamento e cuidado necessários, pelo que, quanto ao que hoje aqui nos ocupa, importa senão definir, pelo menos, tornar mais aguda a consciência relativa à aquisição e subsequente reprodução dos referidos modelos sociais exibidos em discursos e imagens inseridos em manuais escolares.

Não é só na escola que se aprende, mas a escola está vocacionada para ensinar. Aprender modelos adequados, fundados na igualdade de géneros, no desenvolvimento de características sociais assentes no respeito pelo outro, sem discriminação de credo, etnia, sexo ou origem social depende também da escola, dos educadores, dos materiais que se utilizam; depende, com certeza, dos manuais escolares e das ima-gens e modelos a que recorrem.