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14 DE DEZEMBRO DE 2006

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questões da corrupção desportiva, por factos que me escuso aqui de lembrar, por outro lado, deixa alguma perplexidade, no sentido de compreender por que é que, estando já em vigor uma legislação aprovada pelo Governo do Partido Social Democrata, desde 1991, em resultado da qual existiu apenas uma única condenação, que é bem conhecida da opinião pública, e quando, como é também do conhecimento público, a Unidade de Missão para a Reforma da Legislação Penal tinha já preparado um instrumento que regulava esta matéria, três dias depois, exactamente três dias, deu entrada um projecto de lei do Partido Social Democrata visando o mesmo tema. Parece, Sr. Deputado Fernando Negrão — e gostava que sobre isso esclarecesse a opinião pública —, que o PSD veio a reboque. Com a pressa, até só fez pequenos ajustes, uma pequena operação de cosmética no diploma em vigor, limitando-se a atenuar as penas, criando figuras jurídicas de pouca sustentabilidade, não prevendo outras de grande importância, como, por exemplo, a de associação criminosa, e não prevendo, também, atenuações especiais que permitirão que mais pessoas venham a colaborar na descoberta da verdade. É que estamos todos de acordo que, para além da legislação a aprovar, é importante que se dê eficácia às normas, de modo a que os números venham a ser alterados e que venha a ser feito um combate real à corrupção — também nesta matéria, mas não só nesta — em Portugal.
O sentido desta minha intervenção tem, pois, a ver com a necessidade de o PSD esclarecer a bancada parlamentar do Partido Socialista, este Parlamento e a opinião pública em geral sobre o porquê da pressa, o porquê da falta de rigor que o PSD confere à sua iniciativa legislativa.
De facto, o que perpassa é que se tratou apenas de uma tentativa falhada de marcar a agenda política, e isso não é sério.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Negrão.

O Sr. Fernando Negrão (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Luísa Salgueiro, começo por lhe dizer que a sua perplexidade só pode derivar de uma coisa: de uma visão limitada daquilo que é o funcionamento e o debate democrático.

Protestos do PS.

É que a iniciativa não cabe apenas à sua bancada nem ao Governo que VV. Ex.as representam,…

Vozes do PSD: — Claro!

O Orador: — … a oposição também tem esse direito.
Quanto à pressa, Sr.ª Deputada, deixe-me dizer-lhe que estamos cheios de pressa! E estamos cheios de pressa, porque o País também está cheio de pressa em ver atacado o problema da corrupção em Portugal, designadamente na área do desporto.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Helena Terra (PS): — Mas não tiveram pressa quando estiveram no Governo!

O Orador: — É pena que a bancada do Partido Socialista não nos acompanhe nessa pressa,…

Vozes do PSD: — Muito bem!

Vozes do PS: — Ah!

O Orador: — … porque era fundamental que, juntos, elaborássemos diplomas no sentido de termos instrumentos correctos e adequados para combater este fenómeno terrível da sociedade portuguesa, que é a corrupção.
Mas, mais, Sr.ª Deputada: a nossa pressa também se prende com outras iniciativas que já tive oportunidade de referir e que repetirei as vezes que forem precisas.
Tomámos a iniciativa de pedir um reforço do orçamento da Polícia Judiciária, concretamente na área do combate à corrupção,…

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — Exactamente!

O Orador: — … em 4 milhões de euros.

O Sr. Luís Marques Guedes (PSD): — E sabemos do que falamos!