O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 27

12

A derrocada, recente, na Costa da Caparica, é um entre muitos sinais de alarme que vão ocorrendo pelo País. E este não é um fenómeno novo! Mais: tem vindo a exigir, ao longo dos anos, um investimento gigantesco na construção de esporões, na estabilização de arribas, na alimentação artificial de praias.
Qualquer imagem de satélite é capaz de mostrar, à evidência, os pontos críticos deste nosso litoral.
Proteger, promover a recomposição da estrutura dunar, prevenir a paulatina diluição deste litoral, passa também por limitar a pressão do imobiliário sobre a costa.
O Ministro do Ambiente não pode, por isso, alhear-se dessa que deve ser uma das suas preocupações centrais, como não pode o Ministro da Economia, como não pode o Governo, no seu conjunto.
Entre um Primeiro-Ministro que promete o céu das novas tecnologias, um Ministro da Economia que reduz tudo à mesquinhez do velho modelo turístico e um Ministro do Ambiente que faz de conta que não existe, temos um País que deixa pôr em saldo os seus recursos naturais.
Não é nem com as promessas inconsequentes de um, nem com a candura e o deslumbramento de outro, nem com a demissão do terceiro que vive a economia e o desenvolvimento deste País.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Renato Sampaio.

O Sr. Renato Sampaio (PS): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Alda Macedo, em matéria de política de ordenamento do território, o PS e os Governos do PS não recebem lições de ninguém e muito menos do Bloco de Esquerda.

Vozes do BE: — Mas deviam!

O Orador: — E não recebemos lições de ninguém, porque fomos nós que, quer no Governo anterior, quer no actual Governo, lançámos os planos de orla costeira, concretizámos o plano nacional da política de ordenamento do território, que está para ser aprovado, em Conselho de Ministros, nos próximos dias, e fomos nós que lançámos os PROT — os planos regionais de ordenamento do território. Portanto, as preocupações do ordenamento do território foram, são e continuarão a ser uma das prioridades do Partido Socialista.

O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Nota-se muito!…

O Orador: — É preciso saber e ter a consciência de que a economia, em Portugal, estava em baixa quando o PS chegou ao Governo e que é preciso incentivá-la. E também é preciso ter a consciência de que o turismo é uma prioridade na política económica em Portugal.
Por isso, é preciso conciliar exactamente a política económica, o desenvolvimento económico com a preservação do ambiente e do ordenamento do território. O que tem de haver é uma verdadeira e autêntica política de ordenamento do território que também sirva para termos um turismo e uma política económica de qualidade em Portugal.
Quem teve as preocupações de apresentar planos de ordenamento e de os concretizar é quem tem as melhores condições de zelar pela qualidade do ordenamento em Portugal.
Mas também é verdade que preservamos num quadro de legalidade. O facto de uma determinada área ser classificada como Rede Natura não significa que aí esteja proibido qualquer tipo de construção. É preciso ter a consciência de que a Rede Natura é composta de áreas onde é permitida a construção: a construção de qualidade, que preserve o ambiente e que seja realizada em benefício de Portugal.
Não podemos ter um crescimento económico a qualquer preço, temos de ter um crescimento no sentido do desenvolvimento do País. E o turismo é, exactamente, uma prioridade. É por esse caminho que este Governo está a ir, é por esse caminho que o PS vai e, por isso, rejeitamos as críticas que aqui foram feitas pela Sr.ª Deputada Alda Macedo.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Alda Macedo.

A Sr.ª Alda Macedo (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Renato Sampaio, terei de ser muito breve na resposta.
Devo dizer-lhe que a sua manifestação em relação à preocupação do Partido Socialista com a qualidade do ambiente não evita, no entanto, que quando se trata da difícil arte de, na prática, conjugar o ordenamento e a sustentabilidade do desenvolvimento com o desenvolvimento económico, não haja um Ministro do Ambiente que, e mantenho aquilo que disse, não hesita em cometer, de facto, uma ilegalidade.

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Exactamente!