15 DE DEZEMBRO DE 2006
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É o que diz a avaliação da Comissão relativamente ao PNACE e às medidas que estão a ser tomadas. Leia bem e preste atenção aos comentários que são feitos, Sr. Deputado Honório Novo! Sr. Deputado Francisco Louçã, os objectivos de emprego e os compromissos do Programa do Governo são cumpridos e compatíveis com as projecções que apresentamos.
Quanto às demais questões que levantou, diria que o Sr. Deputado comentou, fez as perguntas e deu as respostas, tal como alguém que «faz a festa, atira os foguetes e apanha as canas»!
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Registo dois pedidos de interpelação à Mesa.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr. Presidente, gostaria de solicitar que o Sr. Ministro de Estado e das Finanças, em próxima ocasião, pudesse, então e finalmente, explicar três questões.
Primeira: por que é que a inflação prevista no Orçamento, aprovado há 15 dias, é uma e a do Programa de Estabilidade e Crescimento é outra? Segunda: por que é que a previsão do crescimento para 2006 é uma no Orçamento e agora aparece uma previsão condicionada no PEC?
O Sr. José Manuel Ribeiro (PSD): — Mais um engano!
O Orador: — Terceira: qual é, de facto, o número, traduzido em pessoas, dos cortes de pessoal? E, por último, gostaria que explicasse à Câmara por que é que, apesar de ter deglutido um doce, não explicou que, sendo ele grande, faltava-lhe um buraco no meio. O buraco no meio era o corte da execução orçamental do ano em curso.
Risos do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Frasquilho, mas espero que esta interpelação à Mesa seja mais regimental.
O Sr. Miguel Frasquilho (PSD): — Sr. Presidente, gostava de perguntar a V. Ex.ª se considera adequado que, nas próximas ocasiões em que nos dirigirmos ao Governo, possamos usar a expressão «vocês aí do Governo».
Aplausos do PSD.
Sr. Presidente, o Sr. Ministro de Estado e das Finanças, repetidamente — não é a primeira nem a segunda! —, dirige-se ao Grupo Parlamentar do PSD como «vocês aí do PSD». Não sei se o Sr. Presidente julgará que esta é uma boa linguagem parlamentar. Nós julgamos que ela é muito pouco adequada.
Aplausos do PSD.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares também para uma interpelação.
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares (Augusto Santos Silva): — Sr. Presidente, trata-se de uma interpelação que diz respeito à condução dos trabalhos.
Sempre que algum membro do Governo, no calor da argumentação, usa a palavra «você» faz apenas, involuntariamente, uso de um classicismo, referindo-se à expressão nobre, em português antigo, «vossas mercês».
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, pese embora este elucidário erudito do Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, a verdade é que, em várias circunstâncias, diversas bancadas, incluindo a do Governo, por vezes deslizam na utilização da palavra vocês.
Penso que, entre todos, poderíamos fazer um pacto de contenção em relação à eliminação dessa forma de tratamento que, por vezes, no calor dos debates, exprimindo, porventura, mais franqueza ou mais rudeza, invade o vocabulário parlamentar, mas que, todos nós temos consciência disso, não o deve invadir.